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Qualcomm lança chip para disputar liderança da Nvidia em IA

Novo processador promete maior eficiência e mira o mercado bilionário de aceleradores de inteligência artificial

Um smartphone com o logotipo da Qualcomm exibido é colocado na placa-mãe de um computador nesta ilustração tirada em 6 de março de 2023. (Foto: REUTERS/Dado Ruvic)

247 - As ações da Qualcomm Inc. alcançaram seu maior valor em 15 meses após o anúncio de uma nova linha de chips e servidores voltados ao mercado de centros de dados com inteligência artificial (IA). O movimento marca uma ofensiva direta da companhia contra a Nvidia Corp., que domina o setor de aceleradores de IA, o mais lucrativo e em rápido crescimento da indústria de semicondutores.

A informação foi divulgada pela Bloomberg nesta segunda-feira (27). A Qualcomm informou que sua nova série de chips, batizada de AI200, começará a ser enviada ao mercado em 2026, com o primeiro cliente confirmado: a startup saudita Humain, que pretende instalar sistemas de computação de 200 megawatts baseados na nova tecnologia.

Sob a liderança do CEO Cristiano Amon, a Qualcomm busca diversificar suas fontes de receita e reduzir a dependência do segmento de smartphones, apostando agora em soluções para data centers, veículos e computadores pessoais. “A empresa tem sido discreta nesse espaço, mas usou esse tempo para se fortalecer”, afirmou Durga Malladi, vice-presidente sênior da companhia.

Segundo Malladi, a nova arquitetura traz uma quantidade inédita de memória — até 768 gigabytes de RAM dinâmica de baixo consumo — e desempenho otimizado para tarefas de inferência, que sustentam serviços de IA já treinados. Essa eficiência energética é apontada como o diferencial competitivo da Qualcomm, cuja expertise em chips para dispositivos móveis foi adaptada para servidores de alta potência.

O produto será oferecido em diferentes formatos: como componente isolado, em placas de expansão ou em racks completos de servidores desenvolvidos pela própria Qualcomm. Em 2027, está prevista a chegada da segunda geração, a AI250.

Analistas da Bloomberg Intelligence, Kunjan Sobhani e Oscar Hernandez Tejada, destacaram que o acordo com a Humain demonstra “um início promissor para os novos aceleradores de IA da Qualcomm”. Eles ponderam, contudo, que “ainda é cedo para considerar a empresa uma rival de peso para a Nvidia, mas até ganhos modestos num mercado de mais de US$ 500 bilhões podem representar bilhões em novas receitas”.

Na bolsa de Nova York, as ações da Qualcomm subiram 11%, chegando a US$ 187,68, o maior salto diário desde abril e o nível mais alto desde julho de 2024. Os papéis da Arm Holdings Plc, parceira tecnológica da Qualcomm, também avançaram 4,7%, encerrando o dia a US$ 178,62.

A Nvidia, líder do segmento, deve faturar mais de US$ 180 bilhões em 2025 apenas com sua unidade de data centers — cifra que supera a receita total anual de muitos concorrentes. Ainda assim, a entrada da Qualcomm amplia a competição em um dos setores mais dinâmicos da tecnologia global.

O crescimento do mercado de IA também pode ajudar a Qualcomm a compensar a perda de negócios com a Apple Inc., que vem substituindo os processadores da fabricante por chips próprios em seus iPhones.

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