Como a Nintendo mantém suas franquias vivas por décadas

Desde os anos 1980, o estúdio japonês vem criando mundos, histórias e figuras que ultrapassaram os limites do videogame e se tornaram parte da cultura pop mundial. Mas qual é o segredo por trás dessa longevidade?

A verdade é que a Nintendo mantém suas franquias vivas por décadas, mesmo em um mercado de games que muda a todo instante. E mais: ela consegue reinventar seus personagens, explorar novos formatos e continuar conquistando jogadores de todas as idades. E isso sem perder a essência que a tornou tão amada.

Personagens icônicos e carismáticos

Se você fechar os olhos e pensar em videogame, é bem provável que uma das primeiras imagens que venha à sua mente seja a de Mario pulando sobre um Goomba. Isso não é coincidência. A Nintendo sempre apostou em personagens marcantes, com visual único e personalidades bem definidas. Mario, Link, Donkey Kong, Samus, Pikachu e Kirby são apenas alguns exemplos.

Esses personagens não são apenas avatares jogáveis; eles são o coração das franquias. E mais do que isso: funcionam como verdadeiros embaixadores da marca. A cada nova geração de consoles, lá estão eles, prontos para viver novas aventuras. E, de quebra, atrair jogadores antigos e novos.

Versatilidade dos personagens da Nintendo

Um dos grandes diferenciais da Nintendo é saber como reutilizar seus personagens de forma criativa, sem desgastar sua imagem. Mario, por exemplo, não se limita às plataformas. Ele é piloto de kart, jogador de tênis, médico, construtor, explorador e até participante de minigames caóticos ao lado dos amigos.

Um excelente exemplo disso é o game Super Mario Party, lançado para o Nintendo Switch que reúne diversos personagens do universo Mario em uma competição cheia de desafios divertidos. A proposta é simples, mas a execução é brilhante: os minigames são variados, acessíveis e altamente viciantes. Mais do que um jogo, Super Mario Party é uma celebração do carisma desses personagens e da capacidade da Nintendo de explorar novos formatos sem perder a essência.

Essa habilidade de transportar suas figuras mais queridas para contextos completamente diferentes é uma das razões pelas quais as franquias da empresa se mantêm tão vivas.

Inovação com respeito à tradição

A Nintendo tem uma filosofia peculiar: ela é inovadora, mas respeitosa com o próprio legado. Em vez de correr atrás das últimas tendências só porque todo mundo está fazendo, a empresa costuma ditar o próprio ritmo. E isso funciona muito bem.

Um ótimo exemplo é The Legend of Zelda: Breath of the Wild, que revolucionou a franquia ao apostar em um mundo aberto, com liberdade total de exploração e uma mecânica complexa de sobrevivência. Mesmo com tantas mudanças, o jogo preservou a essência da série Zelda: a sensação de descoberta, a trilha sonora encantadora, os quebra-cabeças inteligentes e o carisma de Link.

Essa combinação entre o novo e o clássico mantém os fãs antigos engajados e atrai novos jogadores, curiosos para conhecer uma franquia que soube se reinventar com inteligência.

Estratégia multiplataforma: além dos consoles

Nos últimos anos, a Nintendo também começou a expandir suas franquias para além dos consoles tradicionais. Aplicativos mobile como Super Mario Run, Animal Crossing: Pocket Camp e Fire Emblem Heroes levaram personagens icônicos a um público ainda maior. Além disso, o sucesso da linha amiibo, brinquedos colecionáveis com integração aos jogos, ampliou a presença das franquias no mundo físico.

Essa expansão estratégica vai além da venda de jogos: ela fortalece a identidade das franquias e cria um ecossistema em que os personagens estão sempre presentes na vida dos fãs – seja no celular, na estante ou na TV da sala.

Spin-offs, crossovers e experimentações

Outra tática recorrente da Nintendo é investir em spin-offs e crossovers que exploram novas formas de contar histórias com personagens já consagrados. Luigi's Mansion, por exemplo, deu ao irmão do Mario o protagonismo em uma série com clima mais sombrio e puzzles inteligentes. Yoshi's Crafted World levou o simpático dinossauro para um universo lúdico feito de papelão. Já Metroid Dread marcou o retorno triunfal de Samus com um gameplay desafiador e visual repaginado.

Além disso, parcerias com outras franquias também mantêm o frescor das marcas. Super Smash Bros. Ultimate, por exemplo, é um verdadeiro encontro de mundos — onde Mario pode lutar contra Sonic, Sephiroth e até personagens de Persona. Essa mistura de universos gera interesse contínuo e fortalece o relacionamento com públicos diversos.

Nintendo e o fator nostalgia

Nostalgia é um dos ingredientes mais poderosos no marketing da Nintendo. A empresa sabe disso e a usa com maestria. Mas não se trata apenas de reviver o passado; o segredo está em adaptar essas memórias para os tempos atuais.

Lançamentos como Super Mario 3D All-Stars, que trouxe de volta clássicos como Super Mario 64, Sunshine e Galaxy, ou o uso de visuais retrô em jogos como New Super Mario Bros. mostram como a empresa valoriza sua história, mas sempre com um toque de modernidade.

Além disso, consoles como o NES e SNES Mini, recheados de jogos clássicos, mostram como reviver o passado pode ser lucrativo e emocionante.

O papel da comunidade

Outro ponto que mantém as franquias da Nintendo ativas por tanto tempo é o engajamento da comunidade. Os fãs são extremamente leais e participativos. Criam teorias, fazem mods, desenvolvem fan arts e até organizam eventos e competições.

A Nintendo, embora às vezes seja conservadora no relacionamento com criadores de conteúdo, tem reconhecido cada vez mais a importância dessa base de fãs apaixonados. Iniciativas como torneios oficiais, colaborações com streamers e eventos online como Nintendo Direct ajudam a alimentar essa relação.

Longevidade com propósito

A longevidade das franquias da Nintendo não é fruto do acaso. É o resultado de uma combinação estratégica entre inovação, respeito à tradição, atenção ao design, foco em experiências acessíveis e universais e um carinho inegável pelos próprios personagens.

Enquanto muitas empresas tentam desesperadamente encontrar o próximo sucesso viral, a Nintendo segue apostando em histórias bem contadas, jogabilidade polida e universos ricos. E, juntos, esses ingredientes garantem décadas de relevância.

Personagens que viram legado

Mais do que jogos, a Nintendo cria legados. Seus personagens são reconhecidos até por quem nunca jogou, suas músicas são assobiadas em todo o mundo e seus lançamentos ainda geram filas (virtuais ou reais) de fãs ansiosos.

Ao manter suas franquias vivas por décadas, a Nintendo não apenas se reinventa, mas também ajuda a moldar o próprio futuro da indústria de games. E, ao que tudo indica, ainda vamos ver muitos lançamentos com Mario, Zelda, Pokémon e companhia por muito, muito tempo.