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Poder

A charada de Serra e Marta

Jos Serra no quer sero que Marta Suplicy quer e ambos sero: candidatos a prefeito em 2012

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247, Marco Damiani – Serra não quer, mas vai ser o que PSDB quer, e Marta será o que o PT não quer que ela seja. Com os sinais trocados, estão definidos os principais candidatos ao maior cargo político da cidade mais importante do País. Dezessete meses antes das eleições para prefeito de São Paulo, a campanha já começou nos bastidores – e a decifração da charada converge para uma espetacular revanche das eleições municipais de 2004, entre o ex-governador e duas vezes candidato a presidente José Serra e a senadora Marta Suplicy.

Senão, vejamos:

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“Serra já me avisou que não será candidato a prefeito”, anunciou, em reunião com empresários portugueses, no último final de semana, o prefeito Gilberto Kassab. Foi o bastante para destampar a forte pressão tucana. Serra é “o melhor nome”, disse, dias depois, o governador Geraldo Alckmin. “A candidatura Serra em 2012 é quase uma exigência partidária”, ecoou o presidente da Câmara de Vereadores, tucano Police Neto, em entrevista a Fernando Taquari, do jornal Valor Econômico. Mas Serra já não disse a Kassab que não quer? “O partido não funciona só por desejos individuais”, rebateu Police Neto na mesma entrevista ao jornalista Taquari.

Calado em público sobre o assunto até aqui, e mesmo que se negue agora a enfrentar a missão, Serra não terá alternativa quando chegar a hora H. Irá manter-se no ostracismo? Ademais, ele mesmo, no discurso da derrota para Dilma Rousseff, ano passado, não disse adeus, mas “até breve”. Para aliviar a pressão da “quase exigência partidária” (mais tucano, impossível!),  Alckmin aliviou o pé do acelerador. “É assunto para o ano que vem”. O míssil, entretanto, já havia sido disparado.

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E quanto a Marta?

Marta vive uma situação inversamente proporcional à de Serra. Tê-la como candidata a prefeita não é, para dizer o mínimo, o sonho da direção do PT paulista, mas a senadora quer ser - e quer muito. Por isso,  ela própria já trabalha para dar à sua escolha a qualidade de “natural”. Marta, sem perda de tempo, já iniciou costuras com o presidente do PMDB paulistano, Bebeto Hadad, e tem em seu primeiro suplente Antônio Carlos Rodrigues, ex-presidente da Câmara Municipal, um forte aliado no PR. Está, assim, montando uma poderosa coligação em torno de si mesma.

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A eleição de Marta para o Senado foi feita, praticamente, ao largo da máquina partidária. É compreensível a renovada atitude de independência. Na campanha do ano passado, ela entendeu que o atual ministro da Ciência e Tecnologia e ex-candidato a governador, Aluízio Mercadante, assim como a maior parte de seus militantes, trabalharam mais pela eleição de Netinho de Paula, do PC do B, do que pela dela. Marta chegou a abandonar uma passeata de campanha quando percebeu que Mercadante privilegiava muito a companhia do “Negão aqui”, como Netinho se auto-intitula, do que a partidária, quer dizer, a dela. “São Paulo não elege dois candidatos do mesmo campo ideológico”, dizia e repetia Marta, pouco antes, em reuniões do partido, sem ser ouvida. Quando, a cerca de vinte dias da eleição, o tucano Aloysio Nunes e o comunisa (???) Netinho começaram a crescer nas pesquisas, ela tirou o salto alto, passou a amassar barro na periferia e arrancou, com o segundo lugar, uma vitória suada e pessoal. Matreira, no melhor sentido, chegou ao Senado e soube garantir, como estreante, o posto de vice-presidente da instituição. Nada mau para quem afirmava que iria “assumir devagarzinho, primeiro para entender e depois para fazer”. Contou para o sucesso do pulo tão discreto quanto certeiro, o apoio de ninguém menos que Luiz Inácio Lula da Silva e, igualmente, da presidente Dilma Rousseff. Ambos poderão ser, outra vez, o fator decisivo para o concurso de Marta à Prefeitura.

“Se eles vierem de Serra, não podemos ir de peso pena”, adiantou, no Palácio do Planalto, o ainda mais influente quadro político do PT, o ex-deputado José Dirceu. A frase cifrada foi compreendida imediatamente. Ela elimina, de cara, nomes como os potenciais ‘prefeitáveis’ Jilmar Tato, Arlindo Chinaglia e outros deputados federais bons de voto, mas sem visibilidade destacada para o conjunto da população. Apenas setorialmente. Quando rechaça o “peso pena” e, portanto, convoca o peso pesado, Dirceu pode, é claro, estar se referindo aos ministros Fernando Hadad, da Educação, e ao próprio Mercandante. Porém, o competente Hadad é associado à desorganização dos exames do Enem, fato negativo de repercussão nacional, ainda que ele não tenha tido nada a ver com os desmoralizantes vazamentos de gabaritos. Entraria no ringue com a guarda aberta. Mecadante, já lembram os ‘martistas’, perdeu duas eleições para governador. Outo nome pesado, o ministro da Justiça José Eduardo Martins Cardoso, parece muito confortável no cargo para arriscar-se a sair sem saber se poderá voltar. Os mesmos admiradores da senadora acentuam, corretamente, que os três ministros andam com tantos afazeres que não terão tempo para se articular. Marta, enquanto isso, está loira, leve e solta, com um mandato de oito anos que não será perdido nem mesmo se for outra vez derrotada por Serra.

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Dezessete meses antes da eleição, esse quadro indica que as nuvens da política paulistana irão mudar muito de lugar até as datas oficiais das escolhas partidárias, mas também que, ao chegarmos lá, o desenho do céu eleitoral será muito parecido com o que se vê acima hoje. 

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