Ação de Mercadante contra Temer é lenda urbana
"Há motivos para se acreditar que o rumor de que Aloizio Mercadante andou conspirando para enfraquecer Michel Temer na Secretaria de Relações Institucionais seja ruim demais para ser verdade", escreve Paulo Moreira Leite, diretor do 247 em Brasília, em seu blog; o que aconteceu, diz ele, foi apenas uma conversa administrativa normal, em que Mercandante questionou o ministro Eliseu Padilha, da Secretaria de Aviação Civil, sobre nomeações pendentes negociadas com aliados; daí nasceu a intriga de que Mercadante tentou retomar a articulação política, causando, como efeito colateral, a convocação Paulo Okamotto, na CPI da Petrobras;"eu sempre soube da importância essencial que Temer vem cumprindo no governo", diz Mercadante
Por Paulo Moreira Leite
Há motivos para se acreditar que o rumor de que Aloizio Mercadante andou conspirando para enfraquecer Michel Temer na Secretaria de Relações Institucionais seja ruim demais para ser verdade.
Os fatos – na medida em que pode-se empregar essa expressão sobre ocorrências num encontro fechado entre quatro ministros, profissionais calejados da política – lembram uma conversa administrativa que poderia ocorrer em qualquer lugar.
Em reunião ocorrida na segunda-feira retrasada, entre ministros dedicados disciplinadamente a negociar nomeações com a base aliada, descobriu-se um lote de nomeações paradas – 38 nos vários ministérios, 32 na Secretaria de Relações Institucionais.
Conforme relato feito ao 247 por um dos ministros presentes, neste momento Mercadante virou-se para Eliseu Padilha, secretário de Aviação Civil, mas considerado um ás em conversas no Congresso, e perguntou:
– Por que você não assume isso por um tempo, até as pendências se resolverem?
Conforme o mesmo relato, Padilha respondeu que já estava colaborando com as nomeações. Mas deixou claro que sentia-se bem na Aviação Civil e que, se tivesse de escolher um lugar no ministério, gostaria de permanecer na SAC.
Se a conversa era totalmente inocente – embora sempre se possa achar que anjos não costumem aparecer em Brasília para participar de reuniões políticas – deixou de ser quando se transformou em notinha nos jornais.
No segundo encontro, em nova reunião, Aloizio falou de novo sobre os cargos vazios e perguntou pelas nomeações. A colocação foi interpretada como uma crítica a Michel Temer, coisa que o próprio Aloizio assegura a interlocutores que não fez nem faria, "pois eu sempre soube da importância essencial que vem cumprindo no governo."
A questão, diz, "não envolve o papel político de coordenar as nomeações, que sempre será do Temer, mas tem natureza operacional: conversar, propor, resolver."
A disputa por cada centímetro quadrado no comando do governo, combinada com o estilo de Aloizio, que determinados colegas consideram excessivamente competitivo, ajuda a explicar a dimensão – que todas as partes reconhecem exagerada – tomada pelo caso.
O esforço para ligar o episódio ao golpe mais recente da CPI da Petrobrás, quando 140 requerimentos foram aprovados numa votação em lista para prestarem depoimentos – inclusive Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula – é visto como fantasia exagerada por quem estava presente a votação. O 247 ouviu um deputado do PT que denunciou a manobra e como por um assessor parlamentar.Eles se dizem convencidos de que uma coisa nada teve a ver com a outra. "O que se queria era seguir o ataque ao PT, através de mais uma manobra mafiosa", afirma um deles.
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