Aécio renega pesquisas e vê Dilma como “já derrotada”
Sob impacto de pesquisas negativas e na véspera do debate decisivo com presidente Dilma Rousseff, Aécio Neves radicaliza; "Dilma já está derrotada, independente do resultado de domingo", reagiu; o problema, para ele, é que o excesso de agressividade têm afugentado seus eleitores para o outro lado; senador conseguirá ajustar o tom contra Dilma na arena da Rede Globo?; última chance
247 – O candidato Aécio Neves terá na noite desta sexta-feira 24, no debate contra a presidente Dilma Rousseff, na Rede Globo, sua última chance nesta campanha. Na véspera, ele viu o favoritismo instalar-se no campo da adversária, que ampliou sua vantagem para seis pontos no instituto Datafolha e oito pontos no Ibope. Sob o desafio de controlar a agressividade frente a Dilma, que tem-lhe custado danos de imagem especialmente entre as mulheres, Aécio, no entanto, escolheu o caminho da radicalização:
- Dilma já está derrotada, independente do resultado de domingo, reagiu, no Rio de Janeiro, ao saber dos resultados dos dois maiores institutos.
- O PT jogou a campanha para a lama, tem dito e repetido Aécio, no maior indício de que não pretende suavizar seu discurso no embate derradeiro com a presidente. Ele está mais para a linha adotada pelo seu coordenador de campanha em São Paulo, o ex-governador Alberto Goldman, que tem afirmado que Dilma não terá condições de governar. Ele não explicou bem por que, mas para muitos flertou com o golpismo.
Aécio ainda não chegou a esse ponto, mas já se sabe que ele não reverterá seu jogo eleitoral aos parâmetros do 'paz e amor'. Ele sentiu-se ofendido pela inclusão de parentes na disputa e, em particular, pelos posts e memes que circulam nas redes sociais.
- O Brasil nunca teve uma campanha de tão baixo nível, insiste Aécio.
NÃO ESTÁ FUNCIONANDO - Além de, nitidamente, não estar dando certo, essa estratégia tem, nesta semana em particular, menos possibilidades ainda de convencer indecisos ou levar à troca no voto em Dilma. Apurou-se em diversos índices macroeconômicos divulgados desde a segunda-feira 21 uma recuperação em diferentes setores da economia. A Confederação Nacional do Comércio anunciou que a inadimplência dos consumidores é a menor dos últimos cinco anos. E, no mesmo dia das pesquisas que lhe saíram bastante favoráveis, Dilma assistiu à divulgação pelo IBGE da menor taxa de desemprego em 12 anos, de 4,9%.
Nos dez primeiros dias do segundo turno, o candidato tucano conseguiu manter uma dianteira numérica sobre Dilma, apoiado num discurso de união nacional em torno de seu nome. Mas ao que se vê agora, o trabalho de desconstrução executado pelo PT deu mais certo.
Não há dúvidas de que os ataques sobre Armínio Fraga, nomeado antecipadamente por Aécio para ser seu ministro da Fazenda, fizeram efeito. Assim como deu o resultado esperado pelo PT a multiplicação da informação, pelo horário eleitoral gratuito, de que Aécio perdera as eleições em Minas Gerais por não ter feito um bom governo - o que é sempre uma suposição, visto que fazem oito anos que ele deixou o cargo.
Esses golpes certeiros desestabilizaram o candidato tucano. Ele está reagindo com força contra o PT, mas igualmente deixou correr a ideia, outra vez plantada pelos adversários, de que é o candidato dos ricos e poderosos.
Ontem, Aécio reativou suas baterias com a rodada de comícios do PSDB "contra a podridão". Os comparecimentos não foram assim tão expressivos, com 20 mil pessoas reunidas em Belo Horizonte e uma passeata com 10 mil integrantes em São Paulo. Mas foi reafirmada a linha de batida de frente com o PT e a insistência na tecla das denúncias de corrupção na Petrobras.
As garantias que o senador mineiro têm dado de que irá manter os principais projetos sociais do governo Dilma estão, na avaliação do comando petista, fazendo propaganda a favor desses programas e, por extensão, de Dilma.
Com apenas dois dias até as urnas, Aécio perdeu em imagem e em discurso. Para reaver esse patrimônio, sua única chance é o debate da Rede Globo. Simplesmente porque não haverá mais tempo para nada, a não ser votar. Saber administrar corretamente esse momento delicado podem fazer Aécio sair da campanha maior ou menor do que entrou. A escolha é dele.
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