TV 247 logo
      HOME > Poder

      Alon: Efeito da facada favorece Bolsonaro e PT na eleição

      O jornalista e analista político Alon Feuerwerker escreve sobre os efeitos políticos da facada sofrida por Bolsonaro: "Ganham o próprio Bolsonaro e o PT. O capitão ganha um ambiente favorável a pelo menos estancar o aumento da rejeição, quando não a reverter a curva. E o PT, que sorte!, ao fim e ao cabo não ficou mesmo atrasado por causa da tática bifronte Lula e/ou Haddad"

      Alon: Efeito da facada favorece Bolsonaro e PT na eleição
      Mauro Lopes avatar
      Conteúdo postado por:

      Por Alon Feuerwerker - A facada em Jair Bolsonaro foi um tiro. Ou melhor, dois. Foi um tiro na linha de comunicação do antibolsonarismo “de centro", ao transformar instantaneamente o violento em vítima de violência. E foi também o tiro de largada de fato da corrida presidencial. O antes de quinta-feira pode tranquilamente ser mandado ao arquivo.

      Ganham o próprio Bolsonaro e o PT. O capitão ganha um ambiente favorável a pelo menos estancar o aumento da rejeição, quando não a reverter a curva. E o PT, que sorte!, ao fim e ao cabo não ficou mesmo atrasado por causa da tática bifronte Lula e/ou Haddad. Está em tempo, se finalmente decidir nesta segunda a dúvida entre casar ou comprar uma bicicleta.

      Na opinião pública do centro para a direita, o ajuste mental e do verbo vem sendo rápido. O discurso sobre a necessidade de evitar os extremos é substituído pela esperança de que o próprio Bolsonaro se apresente como candidato centrista. E a campanha do PSL já percebeu: de quinta para sexta a postura mudou. Saiu de campo o radicalismo, entrou a fofura.

      É uma manobra inteligente para evitar que o “centro de raiz” tente agora deslocar o bolsonarismo voltando a se apresentar como alternativa “racional”. Bolsonaro e os seus fazem a flexão de Lula em 2002. Se vai funcionar é outra história, mas estão empenhados. A suave entrevista de sexta do General Mourão bastou para quem quis entender.

      Já para o candidato original do “centro de raiz”, Alckmin, o momento é de reencontrar uma picada ao segundo turno. A de antes estava clara: aumentar a rejeição a Bolsonaro agora, para lá na frente ocupar o terreno. Artilharia pesada agora, para mais adiante mandar a cavalaria e a infantaria tomarem um território já afofado pelo bombardeio.

      Isso inviabilizou-se porque a artilharia pesada tem de parar, há o risco de sair pela culatra. E fazer o quê? Concentrar-se no propositivismo? Atacar o PT para tentar ir à final contra Bolsonaro? Apresentar-se como o pacificador do país, o que vai evitar a guerra fratricida, esse iceberg cuja ponta viu-se na mineira/carioca Juiz de Fora na quinta-feira?

      Tudo terá um custo. Tentar concentrar-se em tirar o PT da final é arriscado, o petismo parece entrincheirado. Uma opção seria acreditar que o PT se dividirá na campanha, mas é duvidoso demais depender disso. Enquanto o petismo tem chance de ganhar a eleição - e ela existe - dificilmente vai mergulhar numa guerra interna. Se perder, isso está contratado para depois.

      Ciro vai bem, diante dos parcos recursos disponíveis. Vem numa ascensão suave, especialmente no lulismo menos petista. É preciso ver o limite disso. O candidato do PDT ainda precisa de muita musculatura adicional para sonhar com ir a 28 de outubro. Já Marina parece num momento difícil da corrida. O “centro” anda cada vez mais congestionado.

      Um problema adicional para Alckmin é esse congestionamento. Além do tucano e de Marina, já há pelo pelo menos três outros nomes com alguma presença nas pesquisas: Amoêdo, Álvaro Dias e agora Meirelles, que começa a dar as caras, pois está aproveitando bem seu decente tempo na propaganda eleitoral compulsória no rádio e na tevê.

      É possível que na hora da decisão haja algum tipo de voto útil nesse campo, mas os nervos precisarão estar fortes até lá. Pois mais de um nome sobe. Voto útil em quem? É uma pressão que também vai aparecer na esquerda, se Haddad estiver precisando dos votos de Ciro, ou este dos votos do PT para ir à decisão.

      O primeiro turno tem tudo para ir quente até o final, com uma definição nos últimos dias, horas, ou mesmo na urna. O bolsonarismo sonha com uma vitória em primeiro turno, o que ainda não está no radar. O tucanismo, com um “despertar de centro". O PT, com fazer a disputa da civilização contra a barbárie, ou do governo Lula contra o governo Temer.

      ❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.

      ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

      iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

      Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: