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    Antes Jader do que Rocha

    A alternativa ao "ficha-suja" era um outro "ficha-suja" com menos votos

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    Qual é a diferença entre Jader Barbalho e Paulo Rocha? De longe, os dois até se parecem. Ambos são paraenses e renunciaram aos mandatos para evitar cassações. Ambos foram candidatos ao Senado em 2010 e tiveram votações bem próximas. Ah, mas Jader é do PMDB e Rocha é do PT. Um tem a pele lisa, o outro é barbado. Um é isso, o outro é aquilo. Bobagem. Na prática, a diferença essencial entre os dois é uma só e é numérica: 66.521 votos. Pequena, mas suficiente para que Jader tenha sido o segundo e Rocha o terceiro mais votado na disputa do Pará.

    Os dois estavam carimbados pela Lei da Ficha Limpa. E, como eram duas as vagas em jogo, o Pará enviou para o Senado o tucano Flexa Ribeiro, o mais votado, e Marinor Brito, do Psol, a quarta mais votada. No caso dela, era uma situação claramente temporária porque o Supremo Tribunal Federal já vinha sinalizando que a Lei da Ficha Limpa se transformaria em letra morta ao reconduzir outros “fichas-sujas” ao Senado, como o ex-governador paraibano Cássio Cunha Lima.

    Portanto, pela lógica, a vaga deveria ser de Jader, mas quase não foi. Se a nova ministra do STF, a gaúcha Rosa Weber, indicada pela presidente Dilma Rousseff, tivesse tomado posse, ela provavelmente impediria sua volta ao Senado. E foi por isso que o presidente do STF, Cezar Peluso, invocou o direito ao voto de Minerva, antes que Rosa fosse empossada. Caso isso não tivesse acontecido, o Brasil viveria uma situação esdrúxula: entre dois “fichas-sujas”, o dos escândalos da Sudam e o do mensalão, só o menos votado seria perdoado.

    Por trás desse processo, houve uma intensa guerra política. No Senado, José Sarney procrastinou a sabatina de Rosa Weber, enquanto caciques do PMDB faziam romaria ao STF em favor de Jader. Na luta para emplacar Rocha, moviam-se tanto o ex-presidente Lula como a atual Dilma Rousseff, sob o pretexto de conter o poder de fogo do PMDB no Congresso – aliás, a guerra entre os dois maiores partidos do País, especialmente na Caixa Econômica Federal, já é cada vez mais explícita.

    Toda essa movimentação de bastidor revela o estrago causado pela Ficha Limpa, uma lei hipócrita e demagoga, que transferiu da urna para os tribunais a decisão final sobre quem pode ou não ser eleito. Em outras palavras, judicializou o processo político, reduzindo a soberania do eleitor. Eleição tem que ser ganha no voto – até porque os “fichas-limpas” são tão ou mais perigosos do que os “fichas-sujas”. E Jader Barbalho teve mais votos do que Paulo Rocha. Ponto final.

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