As estranhas relações do Ministério Público goiano
Benedito Torres, escolhido por Marconi para a procuradoria-geral, irmo de Demstenes, que foi chefe de Umberto Machado, que acaba de ser nomeado para o governo de Marconi, que tambm escolheu Ivana, adversria de Benedito e cujo marido est numa estatal goiana
Goiás 247 – Na gíria, a expressão detona que duas ou mais pessoas estão unidas custe o que custar para enfrentar quaisquer circunstâncias. Sejam boas ou ruins. Assim podem ser resumidas também as relações de um grupo que tem sido pouco a pouco revelado para todo o Brasil e com base em Goiás.
Marconi Perillo, governador do Estado pelo PSDB, Demóstenes Torres, senador por Goiás e sem partido, Carlos Cachoeira, preso pela Polícia Federal, e, agora, Benedito Torres, procurador-geral de Justiça de Goiás e irmão de Demóstenes, dão todos os indicativos de que estão cada vez mais “juntos e misturados”.
As relações não são recentes. Desde o primeiro governo de Perillo, iniciado em 1999, Demóstenes tem acesso a Perillo. Deixou o Ministério Público para se tornar Secretário de Segurança Pública e, a partir disso, iniciar sua carreira política. Onze anos depois, no início de seu terceiro mandato, o governador de Goiás deu outro passo em direção ao afago político e a promoção da família Torres: escolheu Benedito como Procurador Geral de Justiça.
Essas promoções poderiam passar despercebidas ou ser apenas coincidências em uma família com tanta interação no Ministério Público de Goiás, não fosse o surgimento de um quarto elemento nesta trinca: Carlos Cachoeira. Com o escândalo originado da Operação Monte Carlo e a revelação de tantas gravações comprometedoras, fatos e conversas gravadas têm chamado a atenção para uma afinidade dos Torres com Perillo.
Os pedidos do contraventor para que Demóstenes “conversasse” com o irmão procurador-geral a fim de atender a necessidades estratégicas de Cachoeira e seu grupo deixaram Benedito Torres em uma situação constrangedora e abriu uma crise no MP goiano. Mas Demostenes pode não ser o único elo nesta relação existente entre Benedito e Cachoeira.
Marconi Perillo, citado em inúmeras conversas do grupo do contraventor, inclusive solicitando audiência com Cachoeira através do ex-vereador Wladmir Garcêz, também reforça a união de Benedito no mesmo grupo. Perillo, Demóstenes e Benedito mantém estrita relação politica e social.
No final de 2011, mesmo sendo réu em seis ações movidas pelo MP de Goiás, Marconi Perillo recebeu das mãos de Benedito Torres a maior condecoração proferida pelo MP: a Medalha do Mérito do Ministério Público.
Essa medalha é entregue a pessoas que se engajaram na defesa do MP e prestaram serviços à instituição. Na mesma premiação também foi reconhecido o irmão do procurador-geral, Demóstenes Torres. Uma reunião social de grande vulto que vai além das coincidências.
Na mesma oportunidade, o presidente da Assembleia Legislativa, o também tucano Jardel Sebba, foi igualmente agraciado. Assim como Perillo, Sebba é réu em ações originadas no MP. Passando por cima disso, o procurador-geral de Justiça, Benedito Torres, considerou a dupla digna de pomposas homenagens.
Não é só isso. Como mostrou o Goiás 247 em recente reportagem, Benedito representa um grupo de força dentro do MP goiano. Há outro, que tem como uma de suas representantes a ex-procuradora-geral de justiça Ivana Farina, também ela escolhida na época pelo tucano e hoje uma das principais críticas dos irmãos Torres. “Existe uma organização criminosa no Ministério Público, que vem sendo investigada desde 2000, comandada por Cachoeira”, chegou a dizer ela ao Correio Braziliense.
A questão é: embora divergentes, esses dois grupos se encontram no governo Marconi. O marido de Ivana é presidente da estatal CelgPar – e ainda da Celg GT. Isso depois de ser, no ano passado, diretor financeiro da Celg Distribuição e vice-presidente. Por outro lado, o ex-chefe de gabinete de Demóstenes quando este foi procurador-geral de Justiça, promotor Umberto Machado, acaba de assumir a Secretaria de Meio Ambiente do Estado.
Umberto substituiu o deputado federal Leonardo Vilela (PSDB), que saiu para ser candidato a prefeito de Goiânia e também é citado em ligações com Cachoeira. E qual era o teor de uma dessas ligações? Vilela buscava Cachoeira para ajudá-lo a conseguir o apoio de Demóstenes à sua candidatura na capital.
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