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Ascensão do PSB pode aproximar PT de PSDB no Recife

Com a candidatura petista do senador Humberto Costa em queda e o crescimento de Geraldo Júlio (PSB) nas pesquisas de opinião, petistas podem vir a se aliar ao candidato tucano Daniel Coelho, que saltou de 9% para 15% em menos de um mês, para derrotar o candidato socialista; será?

Ascensão do PSB pode aproximar PT de PSDB no Recife (Foto: Edição/247)
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Leonardo Lucena e Paulo Emílio_PE247 – Com um início de campanha tímido, o candidato tucano à Prefeitura do Recife, Daniel Coelho, passa a ser visto como a “bola da vez” nas eleições municipais, capaz de desestabilizar a candidatura do petista Humberto Costa e levar a disputa com Geraldo Júlio, líder nas pesquisas de opinião, para o segundo turno. Para o PT, em função das dificuldades enfrentadas pelo próprio partido, levar a disputa para o segundo turno já seria uma vitória. Em função disto, embora afirmem que vão levar o pleito adiante, muitos petistas já avaliam que talvez seja necessário uma aproximação com o rival PSDB.

“Se nós formos para o segundo turno, qualquer partido será bem vindo para se juntar ao PT, e se contrapor ao projeto de hegemonia que o PSB quer impor em nosso Estado”, declarou o secretário-geral do PT municipal, Rosano Carvalho, deixando claro que a rusga entre o Partido dos Trabalhadores e o PSB continua com a chama acesa. “Mas não trabalhamos com a hipótese da legenda não ir para o segundo turno”, acrescentou.

Por sua vez, Daniel Coelho, até o momento, diz que não existem discussões sobre qual partido os tucanos buscarão apoio num eventual segundo turno com PSB e PSDB no páreo. “No segundo turno, os apoios não influenciam tanto como no primeiro. São apenas dois candidatos. Ou é um ou é o outro”, afirma.

Mas integrantes do PSDB acreditam que, se houver um cenário entre o tucano e o candidato do governador Eduardo Campos, o PT não apoiará Daniel Coelho, já que a rixa entre as duas legendas é histórica.

Agora, caso o Partido dos Trabalhadores vá para o segundo turno num embate com o ex-secretário estadual de Desenvolvimento Econômico e procurar apoio do PSDB, há possibilidade de haver um diálogo entre ambas as legendas. Mas é muito pouco provável que essa aliança se concretize, uma vez que, mesmo com um possível apoio do PT, o PSDB não estaria disposto a rever o seu plano de governo, mas sim de “romper radicalmente com muitas das políticas da gestão atual, algo que o PT não aceitaria”, como observa um tucano de alto escalão.

Além disto, qualquer dos cenários colocaria o PT numa tremenda saia justa. A dificuldade está em justificar à população uma aliança com um rival histórico. Uma outra opção, independente de quem chegue ao segundo turno, seria que tanto o PT como o PSDB ficarem neutros, sem declarar apoio um ao outro.

A situação tende a se complicar quando o PT fez do antigo aliado PSB um inimigo a ser derrotado a qualquer custo nesta eleição municipal. Isto porque o Palácio do Campo das Princesas também tem o mesmo sentimento. Informações de bastidores dão conta, inclusive, que o tucano Daniel Costa teria sido chamado para uma reunião onde teria sido colocado claramente que, caso o PT vá para o segundo turno, ele não apoiasse a candidatura de Humberto Costa. Os dois lados negam o fato, mas a temperatura dá uma ideia das dificuldades enfrentadas pelo PT para continuar à frente do Executivo da capital pernambucana.

CIENTISTAS POLÍTICOS – Para o  cientista político da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), José Luiz da Silva, se o crescimento de Coelho for suficiente para leva-lo ao segundo turno, os petistas deverão apoiá-lo. “A relação entre PT e PSB no Estado ficou desgastada após o lançamento da candidatura de Geraldo Júlio. Acho difícil o PT adotar uma posição de neutralidade. Agora, claro, tudo vai depender de como o ‘cacique’ dos tucanos, Sérgio Guerra, irá se portar num cenário como esse”, diz.

O estudioso explica que Daniel Coelho não procura associar a própria imagem à do PSDB e isso tem contribuído consideravelmente para ascensão do deputado estadual nas pesquisas. Agora, num quadro eleitoral com PT e PSB no segundo turno, Silva acredita na possibilidade de uma aliança entre tucanos e socialistas.

“O PSDB já está se aproximando bastante do PSB em várias outros lugares do Brasil, como, por exemplo, em Belo Horizonte (MG), formando uma ‘aliança branca’ e isso também pode ocorrer no Recife, o que não causaria surpresa”, avalia.

De fato, a política não é estática e tudo pode acontecer. Por sua vez, o cientista político da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Ernani Carvalho, acredita que o PT adotará uma postura neutra, com Daniel Coelho no segundo turno.

“O PT vai ‘liberar seus eleitores’ a decidir sobre seus próprios votos. O lançamento da candidatura de Geraldo Júlio deixou uma cicatriz entre ambos os partidos que não vai sarar a curto prazo. Mas acho pouco provável que o PT apoie Daniel Coelho”, analisa.

Para Carvalho, as quedas de Humberto Costa nas pesquisas tendem a se estagnar. “O PT, historicamente, costuma ter uma base em torno de 30% dos votos. Na minha visão, a queda de Humberto não é uma tendência”, complementa.

 

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