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Assessor de Demóstenes recebeu R$ 100 mil de Cachoeira, diz PF

Entrega em dinheiro vivo ao policial militar Hrillner Ananias, cedido pelo governo de Gois para assessorar o senador, foi feita seis dias antes da priso do bicheiro

Assessor de Demóstenes recebeu R$ 100 mil de Cachoeira, diz PF (Foto: Alan Marques/Folhapress)

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247 - O policial militar Hrillner Ananias, cedido pelo governo de Goiás para assessorar o senador Demóstenes Torres recebeu R$ 100 mil de Carlinhos Cachoreira. A entrega em dinheiro vivo foi feita pela noiva do bicheiro, Andressa Mendonça, seis dias antes dele ser preso pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo. A revelação complica ainda mais a vida do senador, um dos alvos da CPI do Cachoeira.

Leia na reportagem da Folha:

Seis dias antes de sua prisão pela Polícia Federal, o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, entregou R$ 100 mil em dinheiro vivo a um assessor do senador Demóstenes Torres (ex-DEM), indicam relatórios da PF obtidos pela Folha.

Quem recebeu o montante foi o policial militar Hrillner Ananias, cedido pelo governo de Goiás para assessorar Demóstenes, a pedido do parlamentar -o que é permitido por lei. O policial deixou a função de assessor logo após a prisão de Cachoeira.

Os relatórios da PF e as escutas telefônicas em que são baseados oferecem os primeiros indícios de que Demóstenes recebeu dinheiro de Cachoeira, cujas relações com políticos e empresários são objeto de uma CPI instalada nesta semana no Congresso.

Por causa de sua ligação com Cachoeira, Demóstenes é alvo de uma investigação conduzida pela Procuradoria-Geral da República no Supremo Tribunal Federal e de um processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética do Senado, que pode levar à sua cassação.

A PF gravou quatro diálogos em que a entrega do dinheiro foi discutida, no dia 23 de fevereiro, das 12h39 às 13h18. As escutas, feitas com autorização judicial, indicam que Ananias foi à casa de Cachoeira buscar o dinheiro, entregue pela mulher do empresário, Andressa Mendonça.

"O Hrillner vai aí, dá 100, tá? Pra ele", diz Cachoeira à mulher. Ao analisar o diálogo, o relatório da PF concluiu que "100" são "R$ 100 mil". Logo depois, Cachoeira fala com o assessor de Demóstenes: "Doutor Hrillner, vai lá com a Andressa lá, em casa, você vai lá? Fala com ela lá".

O policial responde que estava resolvendo "um negócio pro chefe", mas que depois pegaria o dinheiro.

Segundo resumo feito pela PF de outro diálogo ocorrido 15 minutos depois, "Cachoeira pede para Andressa contar o dinheiro na frente de Hillner" e "Andressa diz que vai dar a ele o dinheiro em notas de 50 que está embalado em plástico". Na gravação, Cachoeira fala para a mulher contar as notas a serem entregues ao policial.

Logo depois, o policial liga para Cachoeira para dizer que estava a caminho. "Professor, só para informar, já estou a caminho tá?" O empresário responde a ele que "a Andressa já disponibilizou lá".

O policial recebeu uma homenagem pública do ex-chefe em 2009, quando Demóstenes deu uma palestra a maçons de Goiânia num evento chamado "A Favor da Moralidade - contra a Corrupção".

O site da loja maçônica onde ocorreu a palestra diz que Ananias, que é maçon, foi "muito bem referenciado" por Demóstenes no evento, em que o senador discursou sobre corrupção. "Temos que analisar a corrupção não só como o ato, que merece a pena, mas como aquele também que frusta o desejo de muitos."

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