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Poder

Bolsonaro transforma conselho de ética em palanque

Deputado aproveita audincias do processo de cassao para bombardear plano LGBT do governo

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Rodolfo Borges_247, de Brasília – O tiro do PSol contra o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) pode sair pela culatra. O Conselho de Ética da Câmara abriu um processo por quebra de decoro parlamentar contra o deputado nesta quarta-feira, atendendo a representação do PSol, mas Bolsonaro não apenas está convicto de sua absolvição como pretende se valer das atenções ao processo para “sepultar” o Plano Nacional LGBT, da Secretaria Nacional de Direitos Humanos. “Não posso falar nada na comissão sem puxar o kit-gay, que é a origem do problema. Eles estão revoltados porque eu sepultei o kit-gay do MEC (Ministério da Educação), agora tem o outro, que vem da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, da Maria do Rosário, que ainda não está divulgado”, diz o deputado .

Bolsonaro acredita que basta expor os planos do governo à população brasileira para que eles tenham o mesmo destino do kit anti-homofobia do MEC, suspenso por ordem da presidente Dilma Rousseff depois da mobilização de deputados da bancada evangélica. Na descrição de Bolsonaro, o Plano Nacional LGBT é composto por “180 itens de apoio à comunidade LGBT. Entre eles, cota para professor homossexual, bolsa de estudo para jovem LGBT, estágio remunerado para jovem LGBT, campanha nacional de sexo seguro entre a juventude LGBT, entre outras coisas”. “É um absurdo”, resume o deputado, que permanece inabalável em sua luta contra os defensores do movimento gay.

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As semanas de polêmica que se seguiram a sua participação no programa de televisão CQC – em que foi acusado de racismo – serviram para Bolsonaro perceber o forte apelo que suas opiniões têm na imprensa. Ciente de que é notícia, o deputado não se furta a falar sobre nenhum assunto nos corredores do Congresso Nacional e atende a todos os jornalistas com simpatia. “Acabei de responder seis ou sete páginas para a revista Playboy. Perguntas esquisitas, mas respondi”, disse Bolsonaro ao Brasil 247 na noite de quarta-feira, entre um discurso e outro contra o Plano Nacional LGBT.

O julgamento por quebra de decoro parlamentar vai ser mais uma oportunidade para o deputado defender o que pensa. “A imprensa vai estar toda presente. Espero calar a boca da senhora Maria do Rosário. A Dilma tem de olhar para ela e fazer a mesma coisa que fez com o (ministro da Educação, Fernando) Haddad”, diz. A segurança é decorrência, segundo o deputado, de “conversas ao pé do ouvido” que lhe garantem apoio de pelo menos 80% dos parlamentares, e do apoio da opinião pública. “Tenho certeza de que lá vou ser absolvido, porque a maioria lá é de heterossexuais e preocupados com a família e com os bons costumes. Também é o que pensa o povo”, garante.

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Aos 56 anos, o militar Jair Bolsonaro frequenta o Congresso Nacional desde 1991 e, apesar de sempre manifestar opiniões polêmicas, só veio ganhar amplitude de fato depois de o Governo Federal adotar políticas sociais mais amplas para a comunidade LGBT. Durante o governo Fernando Henrique Cardoso, Bolsonaro chegou a defender o fuzilamento do presidente. O deputado é a favor da pena de morte, da tortura, de penas de trabalhos forçados, da redução da maioridade penal e contra a instalação da Comissão da Verdade, “que é uma mentira”. “Que comissão é essa onde a Dilma indica os sete?”, questiona.

Com opiniões como essas, o deputado se estabeleceu sozinho com um pólo de oposição ideológica em um Congresso Nacional onde o consenso sobre a maior parte dos assuntos é a regra. “É bom estar sozinho”, diz Bolsonaro, que vê nisso uma oportunidade para aparecer mais. Por outro lado, o deputado se sente seguro, pois acredita que a maioria dos parlamentares e da população brasileira está do seu lado. “Sei que o julgamento é político, o voto é secreto, tudo pode acontecer. Mas essa história não passa do Conselho de Ética”.

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Segundo ele, quem votou contra o relator no caso Jaqueline Roriz “ficou mal com a opinião pública”. “No meu caso, se for levar em conta a opinião pública, fica mal quem votar para me cassar”, acredita Bolsonaro, que já tem sua defesa pronta, tanto para o caso aberto por ocasião do desentendimento com a senadora Marinor Brito (PSol-PA) – os dois bateram boca nos corredores do Senado durante uma entrevista concedida pela senadora Marta Suplicy (PT-SP) – quanto no caso CQC e Preta Gil.

“São dois momentos. Minha defesa no tocante à senadora está baseada nas imagens, que mostram que ela me agrediu, me chamou de corrupto. O PSol pegou o final do problema, quando eu respondi. Fui deselegante? É lógico que fui, mas ela foi muito mais comigo. Não posso deixar. Vou responder o quê? ‘Por favor, não sou isso, não sou corrupto’? Não, tem que dar o troco nela. Ela pegou o troco e está usando para dizer que eu feri sua feminilidade. Se a mulher brasileira tivesse a feminilidade dela, nós teríamos de criar a Lei João da Penha, porque a gente ia apanhar todo dia em casa da nossa esposa”, diz.

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Para se defender da acusação de racismo, Bolsonaro pretende provar que entendeu errado a pergunta sobre uma possível relação de um de seus filhos com uma negra. “Entendi que a pergunta era se meu filho se relacionasse com um gay. O Psol, como viu que tinha de fazer alguma coisa (sobre ocaso Marinor Brito), e não deu certo, entrou com outra representação no Conselho, no tocante ao episódio do CQC. O episódio do CQC está bastante avançado na Corregedoria. Daqui a uns 15 dias deve ter o parecer final, com perícia, etc, tudo bem feito. Se o corregedor achar que deve ser arquivado, qualquer partido pode entrar com recurso no Conselho de Ética”, pondera.

O deputado se mostra indiferente diante da escolha do colega Sérgio Brito (BA), do Partido Social Cristão, para relatar seu processo na Comissão de Ética. Sobre a crítica do deputado Jean Wyllys (PSol-BA) à escolha do relator, Bolsonaro diz que “não tem nada a ver”. “A sigla partidária não tem nada a ver. Tem deputado do PT que é evangélico. Gente do DEM que é ateu. Pra mim, pode botar qualquer um. E se for contra é melhor, porque vou criar mais argumentos ainda para pulverizar o relatório dele”, promete, resumindo seu objetivo enquanto deputado: “Tenho independência, eu falo. Minha missão parlamentar é falar”.

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