TV 247 logo
      HOME > Poder

      Cachoeira pagou propina ao Incra em troca de favores

      Gravaes da PF revelam que o empresrio deu ao rgo R$ 200 mil para a liberao do registro de sua fazenda, chamada Gama, nos arredores de Braslia

      Cachoeira pagou propina ao Incra em troca de favores (Foto: Divulgação)
      Roberta Namour avatar
      Conteúdo postado por:

      247 – A rede de corrupção de Carlinhos Cachoeira chegou ao do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) no Distrito Federal. Gravações da Polícia Federal revelam que o empresário dos jogos pagou R$ 200 mil de propina para a liberação do registro da sua fazenda, chamada Gama, nos arredores de Brasília, em abril do ano passado. Cachoeira e o empresário Cláudio Abreu, um ex-diretor da Delta Construção e suspeito de integrar a quadrilha, compraram em dezembro de 2010 35% da fazenda -cerca de 4.000 hectares- por R$ 2 milhões, preço muito abaixo do mercado.

      Leia na matéria da Folha:

      Gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal revelam que o grupo do empresário Carlos Cachoeira, denunciado por suspeita de comandar um esquema de exploração de jogos ilegais, negociou propina no Incra com o objetivo de regularizar uma fazenda.

      Segundo relatório da PF da Operação Monte Carlo, datado de novembro passado, "são veementes os indícios da corrupção de servidores públicos em troca das liberações e assinaturas necessárias para regularização da área".

      O relatório menciona valores e diz haver envolvimento do superintendente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) no Distrito Federal, Marco Aurélio Bezerra da Rocha, com o grupo de Cachoeira.

      Segundo a polícia, foram pagos R$ 200 mil de propina para liberação do registro da fazenda, chamada Gama, nos arredores de Brasília, em abril do ano passado.

      As gravações indicam que Cachoeira e o empresário Cláudio Abreu, um ex-diretor da Delta Construção e suspeito de integrar a quadrilha, compraram em dezembro de 2010 35% da fazenda -cerca de 4.000 hectares- por R$ 2 milhões.

      O preço, considerado pela PF como abaixo do cobrado no mercado, é explicado pelo terreno estar em situação irregular, diz a polícia.

      O objetivo da compra seria obter lucro com a revenda após a regularização -o que, na investigação, não fica claro se de fato ocorreu.

      A PF afirma que o dinheiro veio de uma empresa usada pelo grupo de Cachoeira para lavagem de dinheiro.

      "O valor pago pelo grupo é irrisório acaso a área venha ser registrada e regularizada", diz a PF, ao relatar o potencial de lucro do negócio.

      "O motivo de negociar parte da área por valor tão baixo assenta-se no fato de 'quem' são as pessoas dos compradores e o que elas podem fazer para viabilizar a regularização da referida fazenda", completa a PF.

      "PESSOA ALINHADA"

      A regularização, dizem os investigadores, dependia de um registro do Incra chamado georreferenciamento -uma espécie de descrição do imóvel, com características e limites.

      Depois das negociações, diz a polícia, o georreferenciamento foi feito em oito dias e emitido no dia 19 de abril de 2011 com a participação do dirigente do Incra no DF.

      A apuração para aí, não avançando sobre o que ocorreu com o terreno depois.

      Numa gravação telefônica do dia 25 de abril, Gleyb Cruz, braço direito de Cachoeira, disse que já havia informado o empresário do compromisso que teria sido assumido pelo superintendente do Incra.

      "A gente tá com uma pessoa que pode estar alinhada, de peso (...), que é o superintendente do Incra", afirmou Cruz em ligação gravada com autorização judicial.

      "Tal pessoa foi identificada como Marco Aurélio Bezerra Rocha", registra a polícia.

      De acordo com a investigação, houve até um calote durante as negociações.

      "Era para [servidores do Incra] ter recebido 200, recebeu 80 só. Não, 80 não, 75. Porque teve que dar mais 5 para outro fazer um serviço não sei como é que é. Ficou com 75, de 200 ficou com 75 e o cabra [intermediário que fez o pagamento] não atende o telefone dele mais", afirmou um interlocutor identificado pela PF como "Baltazar", um dos vendedores da terra.

      A polícia afirmou em seu relatório que "200" seriam provavelmente R$ 200 mil.

      ❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.

      ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

      Rumo ao tri: Brasil 247 concorre ao Prêmio iBest 2025 e jornalistas da equipe também disputam categorias

      Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

      Cortes 247