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    Cenários eleitorais em São Paulo

    Como sabemos que muita coisa irá mudar e que os números são retrato de um momento em que a campanha ainda não começou, cabe ao PT alguns movimentos cruciais no tabuleiro eleitoral

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    É pedir para errar fazer neste momento qualquer prognóstico sobre o resultado das eleições municipais em São Paulo, em 2012, num panorama em que ainda faltam pouco menos de um ano para o primeiro turno; um terço da população (29%) não sabe em quem votaria; são projetados cinco cenários diferentes, com dez candidatos em cada; e as correlações de força ainda estão se desenhando.

    Mas o que se pode então extrair da “fotografia” trazida pela última pesquisa Datafolha, divulgada em 11 de dezembro passado? Inegavelmente, pode-se concluir que o PT tem muito potencial para fazer uma grande campanha. Nosso pré-candidato, Fernando Haddad, é desconhecido por 63% do eleitorado e tem a menor rejeição (8%), o que abre avenidas para que, ao se tornar mais conhecido, possa aumentar sua intenção de voto (hoje, na casa dos 4%, a depender do cenário).

    Haddad conta também com o peso do ex-presidente Lula, que viu crescer o índice de pessoas que poderiam votar num candidato indicado por ele - de 40% na pesquisa de setembro para 48% nesta última. Além disso, a presidenta, Dilma Rousseff, figura como o segundo principal cabo eleitoral, de acordo com o Datafolha: 33% poderiam votar num nome apoiado por ela. Esses números positivos se somam ao piso do PT na cidade (acima de 30% do eleitorado) e ao fato de que temos experiência de administração em São Paulo, onde já governamos por duas vezes.

    Não podemos esquecer que dentro da base de sustentação de Dilma há três nomes na disputa —além de Haddad, o vereador Netinho de Paula (PCdoB) e o deputado federal Gabriel Chalita (PMDB). Netinho figura em quatro dos cinco cenários como o segundo colocado na pesquisa, com patamar de intenção de voto em torno de 15%, enquanto Chalita aparece na casa dos 6%. O incômodo para Netinho é sua taxa de rejeição elevada (32%), o segundo maior índice.

    Os números são também uma ducha de água fria no ex-governador e ex-prefeito José Serra (PSDB). Se havia qualquer pretensão de Serra em ser candidato, há nuvens densas em seu horizonte: o tucano é o nome com a maior rejeição (35%), ao mesmo tempo em que surge empatado na liderança com Celso Russomano (PRB) e Netinho de Paula (PCdoB) no único cenário em que é testado —18% contra 16% e 13%, respectivamente, com margem de erro de três pontos percentuais. Nome de maior conhecimento do eleitorado paulistano, Serra está muito aquém do que era esperado.

    As más notícias para o consórcio demo-tucano não param por aí. Os quatro pré-candidatos que disputam as prévias no PSDB estão no mesmo patamar de intenção de voto (2% a 6%) de Guilherme Afif Domingos —possível candidato do PSD, do prefeito Gilberto Kassab. Mas tanto o governador Geraldo Alckmin (PSDB), quanto Kassab, são cabos eleitorais com menor força do que Lula e Dilma: Alckmin poderia levar 31% a votar em um candidato com seu apoio, enquanto o apoio de Kassab fica na casa dos 13%.

    Na mesma pesquisa, inclusive, saltam aos olhos a má gestão de Kassab, com 40% de avaliação ruim/péssima e 38% de regular. Para 72% dos paulistanos, o prefeito fez menos do que se esperava e sua nota foi de 4,9 na pesquisa anterior para 4,5 na atual. Portanto, a união entre PSDB e PSD, com a escolha do nome mais bem colocado nas pesquisas, poderia levar a um candidato com a maior rejeição apoiado pelos dois piores cabos eleitorais.

    Como sabemos que muita coisa irá mudar e que os números são retrato de um momento em que a campanha ainda não começou, cabe ao PT alguns movimentos cruciais no tabuleiro eleitoral: aproveitar que nosso pré-candidato está escolhido para fortalecer a unidade interna, envolvendo nossa aguerrida e inflamada força militante social e parlamentar na cidade; mostrar que nossa experiência de governo e nossas políticas públicas podem ser trazidas do plano federal para o municipal, de onde crescemos e aprendemos a governar; costurar laços firmes com os demais partidos da base de apoio a Dilma no Congresso Nacional, mesmo que todos lancem candidatos em 2012, como, aliás, consta de resolução do Diretório Nacional do PT; e, finalmente, mostrar como é importante ter na prefeitura um nome afinado com o Governo Dilma e com os de Lula.

    José Dirceu, 65, é advogado, ex-ministro da Casa Civil e membro do Diretório Nacional do PT

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