Cheiro de crise

Lisboa – O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, deveria ter sido demitido. Não foi porque pertence ao poderoso PMDB e porque seu padrinho é o vice-presidente Michel Temer.

Seu secretário-executivo caiu e, bizarramente, Dilma Rousseff encarregou o próprio Rossi de tomar as providencias “saneadoras”. O homem de confiança do ministro perde a “confiança” do governo e, estranhamente, o ministro continua “prestigiado”, a ponto de comandar as investigações sobre sua própria gestão.

O ministro Pedro Novais nem deveria ter sido nomeado. Foi, porque é ligado ao presidente do Senado e do Congresso, José Sarney. Agora, quando 38 integrantes do Ministério do Turismo são presos pela Polícia Federal, encabeçados pelo secretário-executivo Francisco Silva Costa, novamente o titular da pasta é mantido.

Diz o PMDB que a denúncia que motivou a prisão dos dignos cavalheiros é de 2009, anterior, portanto, à gestão do festeiro Pedro Novais, veterano militante da Comissão de Orçamento do Congresso. Ora, se é assim, por que então encarceraram o seu braço direito? Como pode os dois secretários-executivos em tela terem culpa no cartório e os dois ministros serem inocentes feito cambaxirras?

A Nação não suporta mais esse espetáculo de escândalos em série. Menos ainda as “autoridades” que nunca sabem de nada.

O mundo se debate em crise econômica que poderá atingir a intensidade daquela de 2008 e, aqui no Brasil, não se tem tempo de discutir economia. O tema é assalto aos cofres públicos. De economia, no máximo, os monólogos tatibitatis do ministro Guido Mantega.

Lula apodreceu as instituições. Escaldado com o mensalão, resolveu mandar todos os escrúpulos às favas e construir governabilidade perversa com o que há de pior na cena pública do País.

Dilma, peça de primeira importância no governo anterior, herdou o caos que está aí. Com cheiro de crise. Institucional até.

*Diplomata

Twitter:@ArturVirgilioAM

Facebook:Artur451@mail.com