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Poder

Chumbo trocado

Protógenes diz que Palocci deve explicar seu patrimônio. Você também, delegado

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O delegado de Polícia Federal e deputado Federal Protógenes Queiroz (PC do B/SP) disse que o ministro-chefe da Casa Civil, Antônio Palocci (PT/SP), ainda deve explicações sobre o aumento do patrimônio no ano passado, época em que atuou como principal coordenador da campanha de Dilma Rousseff à Presidência da República. A empresa de consultoria criada por Palocci faturou cerca de R$ 20 milhões somente em 2010.

Foi assim que o jornalista Fred Carvalho, editor do jornal Tribuna do Norte, de Natal, no Rio Grande do Norte, abriu sua reportagem, com entrevista pingue-pongue com Protógenes -- a quem, carinhosamente, nosso Ricardo Teixeira, da CBF, vem apresentando, há uns dez anos, às claques de festas flumino-paulistanas, como “o caríssimo doutor Queiroz”.

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Eis o que “Proto” declarou:

“Entendo que a realidade política brasileira demonstra o que está

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ocorrendo na República. Não vai ser só o caso Palocci que vai abalar o governo da presidenta Dilma. Outros casos virão, assim como os vários que se sucederam no governo Lula. Isso é fruto da nova democracia surgida no país. Muitas dúvidas sugiram a respeito da conduta ética ou moral de algumas pessoas, ou até mesmo em relação a possíveis ilícitos provocados por algum membro do governo ou de fora do governo. O Brasil tem convivido com isso desde a época da redemocratização. Ainda somos

uma democracia muito nova. Agora, cabe ao ministro Palocci dar as

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explicações necessárias, como ele está dando. Primeiro ao procurador geral da República [Roberto Gurgel], já informou a alguns parlamentares no Senado Federal e na Câmara dos Deputados. Ele tem que vir a público e dar as explicações necessárias. Isso é normal.”

Todo o tira federal sabe que chumbo trocado não dói. Ou por outra: o delegado Prótogenes Queiroz, afastado da Polícia Federal, condenado pela Justiça Federal por crimes de violação de sigilo funcional e fraude processual, sabe que pau que bate em Chico bate também em Francisco.

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Deve saber, com sua vasta experiência, que o populacho costuma perdoar o pecador: jamais o pregador.

O Protógenes que aponta seus dedos recurvos contra Palocci deve, ele mesmo, as explicações que ora ele vindica do ministro da Casa Civil.

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Veja você: Protógenes Queiroz guarda em casa R$ 284 mil em dinheiro e que tem pouco mais de R$ 10 mil numa conta na Suíça. Entre os sete imóveis que admite ser dono, três deles foram doados pela mesma pessoa, o delegado aposentado José Zelman. Outros dois, que ele usa como residência própria, não foram declarados ao TSE. Protógenes informa também as datas de aquisição de todos os seus bens, menos daqueles adquiridos enquanto ocupava o cargo de delegado da Polícia Federal.

Essa declaração está disponível no site do TSE: ela elenca sete imóveis, ações, consórcio, plano de previdência privada, dinheiro em espécie e uma conta "de cartão de crédito" em Lugano, na Suíça, totalizando um patrimônio de R$ 834.469,85.

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Três imóveis que integram o patrimônio do delegado-deputado foram presentes que Protógenes Queiroz ganhou de seu "padrinho", o delegado aposentado da Polícia Civil do Rio de Janeiro José Zelman. O hoje deputado ainda era delegado quando Zelman comprou e doou os imóveis a ele. As doações foram feitas no dia 10 de março de 2006, de acordo com as Certidões de Registro dos imóveis, apesar de a data não constar da declaração à Justiça Eleitoral.

Um deles é o apartamento no Guarujá, localizado na estrada Alexandre Migues Rodrigues. Os outros são um flat e uma vaga na garagem do Edifício Foz Residence Service, em Foz do Iguaçu (PR).

Propinas

Já está no Brasil inquérito, remetido em janeiro passado a São Paulo, pela Procuradoria de Milão, que apura pagamento de propinas da Telecom Italia para autoridades brasileiras. Estima-se que o grupo de inteligência da Telecom Italia, o Tiger Team, tenha torrado 120 milhões de euros em pagamentos de propinas a autoridades, sobretudo no Brasil. A grana ia para autoridades encarregadas, pelos italianos, de fulminar os concorrentes da Telecom Italia Mobile.

Na denúncia que chegou a Brasil, a Procuradoria de Milão lista centenas de pessoas espionadas pelo esquema comandado pelo chefe da segurança de Telecom Itália, Giuliano Tavaroli. Segundo a investigação, o grupo de Tavaroli interceptou e-mails e subornou pessoas para ter acesso a informações confidenciais. Por esses crimes, além de Tavaroli, foi denunciado o ex-chefe de segurança da Telecom Italia na América Latina, Angelo Jannone.

Além dos 34 acusados, a Telecom Itália e a Pirelli foram denunciadas, com base na lei italiana sobre responsabilidade administrativa de empresas por crimes cometidos por funcionários. Eles são acusados de pagar propinas a policiais e agentes do serviço secreto italiano para obter acesso a bancos de dados também por lá.

Quem cuidava da relação com os brasileiros — a quem apelidavam de “canibais” — eram os arapongas italianos Ângelo Jannone e Marco Bernardini (em algumas publicações ele aparece como Mário). Jannone foi tenente-coronel do corpo de carabinieri, trabalhou ao lado do juiz Giovanni Falcone, na luta contra a máfia siciliana. E fez-se chefe do setor antifraudes da Telecom Italia para a América Latina. Morou no Brasil em 2004. Bernardini era dono de uma empresa de investigações. Foi contratado na época pelo grupo italiano, mas ao se tornar réu aderiu a um programa de delação premiada e se tornou a principal testemunha do Ministério Público italiano no inquérito sobre a rede de espionagem clandestina e subornos da Telecom Italia no mundo.

Esse fantasma ronda a Europa e o Brasil. Muita gente não dorme por aqui, ou dorme demais na terra de Dante: é a tosse de fundo nervoso que antecede o cataclismo que virá quando a Justiça brasileira abrir tudo o que chegou da Procuradoria de Milão.

Ainda não se sabe ao certo o quanto da Operação Satiagraha, que tornou Protógenes uma celebriade, foi contaminado, ou não, com a verba da espionagem italiana

Doutor Protógenes Queiróz, diante disso, deve transparência ao seu eleitor : pra quem não tem culpa no cartório, muito fácil seria detalhar as origens de suas propriedades.

Protógenes,antes de criticar Palocci, deveria mais se preocupar é com a eloqüência de seu silêncio contábil e fiscal.

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