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Como caiu da Telebrás o general da banda larga

Rogrio Santanna disse no saber porque foi exonerado do cargo de presidente da poderosa estatal, em maio; o fato que a presidente Dilma e o ministro Paulo Bernardo achavam que ele travava o estratgico Plano Nacional de Banda Larga

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Rodolfo Borges_247 – Demorou, mas o Plano Nacional de Banda Larga deve entrar em vigor em outubro. O acordo entre o governo federal e as empresas Sercomtel, Telefônica, Algar e Oi para oferecer banda larga de 1Mbps a R$ 35 foi publicado no Diário Oficial da União nesta semana, num processo que se alongou em grande parte pela atuação de Rogério Santanna à frente da Telebrás. A avaliação é do próprio governo. Tanto a presidente Dilma Rousseff quanto o Ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, não suportavam mais as freqüentes cutucadas de Santanna nas teles.

Ao saber da demissão pelo jornais, no fim de maio, o ex-presidente da Telebrás, que atualmente respeita a quarentena de quatro meses, disse não entender o motivo de sua saída. Pois aí vai: a decisão de demitir Santanna estava tomada um mês antes de seu anúncio e Dilma apenas esperava o melhor momento para fazê-lo. Segundo fonte envolvida no PNBL, Paulo Bernardo avisou mais de uma vez a Santanna que ele precisava pegar mais leve com as teles. Mas o então presidente da Telebrás não perdia uma oportunidade de criticar as operadoras. Essas manifestações públicas melindravam os presidentes de operadoras como Oi, Telefônica e TIM, que não enxergavam clima para acordo. Assim, as negociações não avançavam.

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Os constantes discursos de Santanna contra as operadoras e em favor da Telebrás chegaram a provocar confusão em relação ao PNBL. Afinal de contas, quem seria responsável por baixar o preço e prestar o serviço? Desde o anúncio inicial do PNBL, em maio de 2010, as teles foram indicadas como as responsáveis por tocar o plano. O governo só entraria onde não houvesse interesse da iniciativa privada em atuar ou em regiões onde a concorrência não se manifestasse naturalmente.

O fato é que, desde então, a Telebrás ganhou mais amplitude do que estava combinado, tudo graças à atuação de Santanna, que cuidava do projeto desde 2003, quando o então secretário de Comunicação do governo, Luiz Gushiken, apresentou-lhe aos 16 mil quilômetros de fibra ótica ociosa da falida AES e disse que precisava de um "general" para cuidar do assunto. O tamanho devido da Telebrás foi indicado por Paulo Bernardo no lançamento do PNBL, no último 30 de junho. A dificuldade de arrumar uma forma de utilizar os cabos da Eletronet levou o governo a considerar a criação de uma nova empresa, desta vez numa associação entre Eletrobrás, dona dos cabos, e a Telebrás, que se limitaria a atuar no varejo e, assim, ganharia ares ainda mais discretos.

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Durante o lançamento do plano, também ficou claro que o governo achava que as operadoras nacionais tinham condições de oferecer serviços melhores e mais baratos, como verbalizava Santanna, mas isso não precisava ser dito publicamente, ainda por cima de forma tão enfática e constante. Mesmo depois de deixar a Telebrás, o ex-presidente continua dando suas cutucadas nas teles.No dia 19 de junho, Santanna retuitou artigo em que o jornalista Paulo Henrique Amorim questiona a conduta de Paulo Bernardo: “[Via Conversa Afiada / PHA] Bernardo vai vender a Telebrax ? Bernardo não faz o dever de casa http://t.co/5Je7aLp #telebras #PNBL”. Em outra mensagem, retuitada dias depois, Santanna chama atenção para o envolvimento de um conselheiro da Anatel com executivos da NET.

Depois da queda de Santanna, quatro operadoras toparam o desafio, mas meio assustadas. O presidente da Telefônica, Antônio Carlos Valente, retornou cinco vezes à sala de reunião onde o plano foi apresentado em entrevista coletiva aos jornalistas, em Brasília, sempre para acrescentar alguma explicação e pontuar detalhes que sugeriam os sacrifícios que Telefônica, Oi, Sercomtel e Algar terão de fazer para oferecer serviço de qualidade a preço tão baixo -- principalmente em regiões onde elas ainda não atuam. As opiniões de Rogério Santanna provavelmente não destoavam das de Dilma e Paulo Bernardo em relação às teles. Seu erro foi manifestá-las em público.

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