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      Continuidade de São Paulo?

      Dizer que a maior cidade do País deve permanecer nesse rumo, quando 76% de seus habitantes se mostram insatisfeitos com uma administração desastrosa da dupla Serra-Kassab, é, no mínimo, um equívoco

      José Dirceu avatar
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      Como descontinuar algo que não vem sendo feito? Essa é a grande dúvida que paira depois de ler a recente entrevista concedida ao jornal O Estado de São Paulo pelo candidato à prefeitura paulistana, José Serra. Perguntado sobre por que é novamente candidato ao pleito municipal — quando todos sabem que seu objetivo sempre foi a cadeira presidencial —, o candidato tucano afirma que seu objetivo é impedir "descontinuidade dramática em São Paulo".

      Parece viver em outra cidade, pois a capital paulista vive um de seus piores momentos no que se refere à qualidade de vida e que o atual prefeito, Gilberto Kassab, tem sua pior avaliação desde que reassumiu a prefeitura, em 2009.

      A entrevista foi um espaço privilegiado que bem poderia ser utilizado para discutir propostas nas áreas de Saúde, Educação, Habitação e mobilidade urbana, completamente sucateadas nesses 20 anos de gestão tucana em São Paulo, mas o candidato não apresentou nada de novo.

      Ao contrário, imperaram o velho discurso e as disparatadas declarações de que algumas das políticas empreendidas pela presidenta, Dilma Rousseff, foram "plagiadas" de sua campanha presidencial de2010. A alusão foi ao corte de juros para ampliar o volume de investimentos, mas basta lembrar que nos governos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, dos quais Serra foi ministro, a taxa de juros chegou a exorbitantes 27%.

      Outro ponto intrigante foi a negação de que em 2010 tenha se valido de um discurso reacionário e conservador, levando à mídia, aos palanques e às ruas uma campanha agressiva, que apelou à injúria e à difamação ao explorar temas delicados como o aborto.

      Não houve menção às intenções que tem para a cidade de São Paulo nos próximos anos, deixando patente que, caso seja eleito, os paulistanos terão mais do mesmo. Também não houve nenhuma palavra sobre como promover o desenvolvimento local, alinhado ao desenvolvimento nacional, uma das questões cruciais do debate nas eleições municipais deste ano.

      Ainda estamos longe das eleições, e o debate está começando. Os candidatos terão tempo para convencer os eleitores de que são —e por que são— a melhor alternativa para São Paulo. Mas dizer que a maior cidade do país deve permanecer nesse rumo, quando 76% de seus habitantes se mostram insatisfeitos com uma administração desastrosa da dupla Serra-Kassab, é, no mínimo, um equívoco.

      São Paulo precisa inovar, reinventar-se como potência capaz de crescer ainda mais, de forma sustentável, sendo ao mesmo tempo, inclusiva e generosa com seus cidadãos. Tomara que, diferentemente do que aconteceu em 2010, a candidatura do consórcio demo-tucano promova discussões de alto nível em torno dessas questões e possam confrontar os distintos projetos e suas consequências para a população. Assim, poderemos colocar lado a lado as diferentes visões sobre o país, mas especialmente sobre São Paulo.

      José Dirceu, 66, é advogado, ex-ministro da Casa Civil e membro do Diretório Nacional do PT

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