Dilma amarelou, sobrou um pacto manco!
A presidente virou o casaco vermelho em amarelo e bem maquiada falou o óbvio ululante: quer ouvir a voz rouca das ruas
Demorou a resposta da presidente aos protestos nas ruas do Brasil, mas o grito anárquico não cessou. É perigoso quando em passeata o povo anda de mãos dadas nas ruas unindo as esburacadas calçadas, da extrema-direita à esquerda. A insatisfação geral enclausurada explodiu nas ruas de todo o País, com a participação de gente na idade de mamando a caducando, com apoio da Igreja Católica, de evangélicos, da TFP, de grupos progressistas, dos gays, dos médicos contra os agentes cubanos, do Ministério Público pela não aprovação da PEC-37, que tira o poder de investigação dos promotores. A situação tende a piorar por causa da copinha, das Olimpíadas, das obras da Copa e da cozinha com a comida em alta.
A gota d'água foi o transporte urbano em São Paulo, com razão, se o prefeito Fernando Haddad abusou na campanha do bilhete mensalão que não implantou. O lobby do transporte o ajudou na eleição e reivindicou a Secretaria de Transporte para o mesmo representante que havia ocupado o cargo na gestão de Marta Suplicy. A família do secretário Jilmar Tatto, deputado federal, domina politicamente a periferia da zona sul da capital de São Paulo, com vereador, deputado estadual, bancada pelas cooperativas de transporte e frotas alternativas. A prefeitura subsidia as empresas e vai ter de aumentar ou passar a régua nos contratos que não controlam nem os idosos que entram e saem pela porta da frente. Quantos são?
O transporte ruim, com o aumento das passagens, levou os jovens liderados pelo MPL – Movimento Passe Livre, com os partidos de esquerda PSOL, PSTU, POC, PC e as ONGs, pela internet organizarem as manifestações. Muitos participantes não usam ônibus, pagam meia passagem ou recebem parte dela via vale transporte. Até idosos que não pagam transporte foram às ruas. O prefeito alega que não tem dinheiro para bancar a queda da ópera dos 20 vinténs, quando, sem ninguém pedir, propôs o bilhete mensalão. Não ganhou sozinho, muito embora o apoio de Lula e de Maluf tenha sido decisivo, porém governa isolado e por isso não apareceu um petista em sua defesa. O PT programou levar suas estrelas vermelhas na manifestação de quinta-feira e foi escorraçado, com suas bandeiras queimadas.
Filme em preto e branco
A manifestação de quinta-feira, 20 de junho de 2013, foi a maior de nossa história. Na do Rio de Janeiro, com mais de 400 mil pessoas nas ruas e a de São Paulo, com metade disso, além de muita gente gritando pelo Brasil afora, que não pode ser ignorada e muito menos o governo ter sido pego de surpresa. A situação é grave e quem já viu este filme em preto e branco, agora assiste em cores nas caras-pintadas ou acompanha online na TV ou nos aparelhos de comunicação móveis. Para piorar, as mais diversas tribos da sociedade moderna, inclusive as de índios, gostaram da farra.
Em qualquer país estas manifestações são reprimidas e os velhos métodos voltaram. Na verdade, as manifestações não são pacíficas, pois fechar avenidas, gritar palavras de ordem contra o governo e atrapalhar o ir e vir da população, em si, já é um ato de violência. As demais ofensas e atos de agressão, depredação e vandalismo é questão de variação da prática política e da polícia, uma vez que todos nossos atos são políticos.
Balela, os jejunos do MPL, dizerem que seus atos são apartidários, mas não contra os partidos políticos. Pedem o impossível, pois no capitalismo não há almoço, muito menos transporte, gratuito. Até o saque de lojas e bancos, seja pelo roubo em si ou expropriação, no fundo tem amparo político. Sem falar em infiltrados de extrema direita e nas organizações criminosas e nos verdadeiros donos das ruas, os moradores delas.
País com governo que detenha o controle da máquina administrativa e domínio do poder, em situação de risco da paz pública, precisa tomar alguma medida para se garantir. Na França, o general De Gaulle decretou estado de sítio, em 1968. A presidente Dilma Rousseff reconheceu, em cadeia nacional de televisão, que as mensagens da voz das ruas estão certas nos pedidos de transporte, saúde, escola e contra a corrupção. Foi pouco e não conseguiu parar as manifestações que, como se fosse por geração espontânea, continuam nas capitais, com ramificações por todas as direções com motivos locais, regionais e nacionais para ocupar e fechar as ruas e estradas.
Brasil entregue aos pedaços
Para tentar compensar Dilma Rousseff, depois da vaia estrondosa que recebeu na abertura dos jogos na capital da República,em 18 de junho, em plena semana de arruaça, lançou a mudança na mineração. É um perigo mexer na lei de usurpação do subsolo pátrio. Um projeto de lei, sem pé nem cabeça, mal redigido e cheio de erros. Parte do falso conceito de que minerar "é atividade de utilidade pública" e a leiloa ao capitalista estrangeiro, que visa exclusivamente o lucro. O "Marco"desregulatório da mineração proposto ao Congresso Nacional é entreguista, como a lei do petróleo. O Pré-sal, tudo indica, as reservas da Petrobras garantem nosso consumo por trinta anos. Portanto, não precisamos vender as reservas do futuro, nem entregar os minérios ao capital estrangeiro e acabar com o pequeno minerador brasileiro. Na garimpagem não mudou nada, pois foi mantida a lei vigente. Os garimpeiros permanecem desamparados e proibidos do trabalho individual, com equipamentos rudimentares. Vão continuar fora da lei, só podem trabalhar em cooperativas, mas não conheço nenhuma legal. O pior exemplo é a Coomigasp, em Serra Pelada, no Pará, criada pelo coronel Sebastião Curió, mantida pelo Ministro Edson Lobão, com interesse de deputados do PT.
Um brasileiro só não mais pode encontrar e requerer minério, mas um bando de estrangeiros,numa empresa aqui constituída, pode levar o Brasil aos pedaços. Tenho certeza de que o povo vai voltar às ruas com a campanha do "Petróleo é Nosso", para lutar contra os leilões do petróleo e a entrega livre do subsolo pátrio no novo "marco da mineração". É a ampliação da política extrativista da acumulação primitiva que deixa os buracos, enquanto compramos aço e automóvel feito do nosso minério. E, os bancos oficiais, principalmente o BNDES, financiam as estripulias de Eike Batista.
Em 24 de junho de 2013, em reunião no Palácio do Planalto, com lideranças do MPL de São Paulo, os jovens saíram comentando que a presidente é despreparada. Em seguida, a presidente Dilma Rousseff, apresentou seu plano de salvação aos governadores, prefeitos e seus ministros preferidos. Propôs cinco medidas para um pacto nacional acabar seu governo.
A principal medida, que poderia ser única, é um plebiscito nacional para ser feita uma Constituinte específica, para dar novo ordenamento à lei geral do Brasil. As outras propostas de pacto, que não garantem a rendição da população, que está em pé de guerra nas ruas, são obrigações de governo que não vão ser cumpridas, uma vez que a segunda diz que vai garantir com rigidez o controle da inflação. A terceira é que na falta de médico, que parece não ser o caso, vai trazer os cubanos para cá para suprir a demanda nos locais ermos da selva e da caatinga.
Os médicos daqui não gostam da ideia que põe medo em muita gente. A quarta é de concentrar esforços no transporte de massa para contê-la, mas não mandou parar os gastos fabulosos com o trem-bala, que só deveria ser feito àbala. A passagem de trem vai custar mais caro que a de avião! Enquanto a carga anda de caminhão, por estradas esburacadas. A última é sobre o ensino que propôs melhorias que leva tempo e usar o royalty do Pré-sal que ainda não saiu, mas entregou as reservas ao capital estrangeiro. Enfim, cautela, caldo de galinha e reza se não faz bem, mal não faz.
Fim de linha
Acho que o governo de Dilma Rousseff acabou antes da hora. Os americanos dizem: um pato manco. A presidente, em vez de debelar a crise nas ruas, aumentou a confusão política no Congresso que sabe que qualquer medida de mudança na Constituição, na democracia, passa por lá. Ou foi combinado com Lula, que poderá ser o candidato, ou, então, vai terminar sozinha. Constituinte não combina com reeleição.
Pão e circo! Não deu certo. A inflação voltou. Os famélicos recebem a cesta-base ou bolsa-família, mas não estão nas ruas. Os estádios monumentais dão vaia de igual tamanho, na presidente sem carisma, vinda de gente que paga pelo ingresso de várias bolsas. O esporte é popular, mas o preço é de rico ou presente pago por empresas interessadas em obras. O capitalista que ganhou tudo, principalmente banqueiro, leva o dinheiro da bolsa que acordou e quebrou o Eike Batista. Como justificar o BNDES, com dinheiro do Fundo de Amparo ou Trabalhador e do FGTS, bancando o falso Midas e os estádios? Estes, lotados de ricos, e projetos de mineração, vazios? Eike torrou R$ 80 bilhões do mercado e do governo que gasta R$ 11 bilhões ao ano com a bolsa-família. Nas obras da Copa as despesas passam de 30 bilhões de reais.
Desorientação
O perigo é que, sem bandeira ideológica, ou apenas com a branca, a verde-amarela,a do arco-íris ou a da preta anarquista, sem a vermelha e com arruaceiros e infiltrados de toda natureza, as passeatas virem de movimento de massa em grande balburdia. Falta um projeto com conteúdo político e liderança. Alguém acredita que sem estrutura partidária o movimento de rua resolva a situação?
Acabou de fato o governo? Ainda não, mas as mãos de ferro e indelicadas da presidente precisam segurar as rédeas de seu governo, em vez de sair perdida consultando seu oráculo de São Bernardo, o presidente Lula, e ouvir os conselhos de Delfos, seu algoz Delfim Neto, quando ministro da ditadura, que não se arrepende de ter assinado o AI-5. O discurso é anti-dialético, nega o liberalismo e o pratica mal. Imagino a cara da estudanta (?) mineira Dilma Rousseff empunhando um singelo cartaz dizendo: minério não dá duas vezes, o petróleo é nosso! Abaixo a ditadura!
Um governo com quarenta ministérios para acomodar a base aliada, que fala em faxina no combate aos malfeitos e não faz nada de concreto, um dia o povo acorda. Roubo do erário, não carece ser hediondo, a cadeia basta. Quem não quer resolver um problema monta uma comissão, o tempo passa e quem sabe as coisas resolvem por si. O vice-presidente Michel Temer e inúmeros estudiosos da Constituição asseguram que uma Constituinte é o rompimento da ordem estabelecida, além de ser demorada. Em caso de perigo e convulsão social iminente, o Presidente da República pode decretar Estado de Defesa e até o Estado de Sítio, conforme art. 136 e 137 da Constituição. Plebiscito é postergar as soluções. Mas, caso seja aprovado, uma questão é perguntar ao povo se o subsolo pode ser de livre exploração por estrangeiros?
Os democratas temem pelo futuro e não pode haver mais retrocesso. Volta à luta, Luíza!
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