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Poder

Duas saídas para Palocci

Senadora da base propõe afastamento temporário, mas demissão ainda é a melhor solução

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Troquem os sinais: o chefe da Casa Civil de um governo tucano ou demista sendo vítima das acusações que são feitas a Antonio Palocci. O que estariam fazendo os parlamentares do PT e seus aliados? Exigindo explicações, proferindo discursos veementes nos plenários, dando entrevistas iradas, articulando convocações do ministro no Congresso, tentando assinaturas para a criação de comissão parlamentar de inquérito e por aí adiante. É isso que se espera de um partido de oposição, seja o PT ou o PSDB.

Dos partidos do governo, espera-se a defesa do ministro acusado. Que apresentem os esclarecimentos sobre as acusações, que façam defesas convincentes, que impeçam a exploração política e eleitoral das denúncias. Que subam às tribunas e ocupem a mídia para desmascarar as acusações. Mas, também, que protejam o governo para evitar ou minimizar seu desgaste político.

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Depois que a Folha de S. Paulo publicou a matéria sobre o enriquecimento relâmpago de Palocci, a primeira reação dos principais líderes oposicionistas foi de cautela. Afinal, Palocci goza da simpatia dos maiores empresários brasileiros – incluindo os da mídia – e é considerado uma barreira contra o que se considera ser o PT-PT, identificado com bandeiras e posturas mais à esquerda no governo. Ou, pelo menos, um PT inconfiável.

Esperava-se, então, que Palocci e os governistas fizessem sua parte: prestar os esclarecimentos que pudessem sepultar as acusações e assim encerrar o caso. A oposição ficaria muito agradecida se isso acontecesse, pois seria poupada de atacar o ministro. Mas o que se viu foi Palocci em silêncio, uma linha de defesa desastrada, que acabou vazando, e líderes governistas, arrogantemente, dando o caso por encerrado ao impor uma derrota aos oposicionistas – que já sabiam que perderiam – no plenário da Câmara.

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Diante de novos detalhes divulgados pela imprensa sobre o rápido enriquecimento do ministro e da falta de explicações convincentes por parte de Palocci e seus aliados, o caso não foi encerrado, como decretado por próceres petistas. A oposição, então, viu que não dava para fingir que estava tudo bem e voltou à carga, como se espera de uma oposição. Natural, pois, que faça discursos inflamados, tente convocar o ministro a prestar declarações ao Senado e tente assinaturas para a CPI.

Os governistas, sem argumentos e defesa consistente, recorrem, licitamente, à sua força avassaladora no Congresso, respaldados pelo apoio que Palocci tem nos meios empresariais. E assim se trava a luta política, na qual se aplicam métodos ostensivos e métodos subterrâneos, pressões abertas e pressões inconfessáveis. Um parlamentar da base de apoio ao governo que ouse discordar da orientação oficial e se manifestar ou votar contra Palocci pode ter a certeza de que será isolado, perderá todos os cargos que tem no governo e não terá suas emendas liberadas. Essa é a lógica dos governos, sejam lá quais forem.

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Por isso tem importância o que propôs a senadora Ana Amélia Lemos, do PP do Rio Grande do Sul, que assim integra a base do governo. Ana Amélia sugeriu que a presidente Dilma Rousseff e Palocci façam como fizeram o então presidente Itamar Franco e seu chefe da Casa Civil, Henrique Hargreaves: acusado de irregularidades, seguramente menos graves do que as acusações feitas a Palocci, Hargreaves afastou-se do cargo até que tudo fosse apurado. Inocentado, voltou mais forte do que era antes. E, sobretudo, respeitado.

A julgar pela força que tem o governo e pela proteção montada para Palocci, é bastante provável que o ministro sobreviva a esse episódio e continue no poder. Mas se for só na base da truculência do mais forte e não tiver explicações muito convincentes, provando com clareza que não fez tráfico de influência nem se apropriou de recursos de caixa dois para a campanha de Dilma, Palocci estará sempre carimbado como mais um corrupto no poder. E a presidente Dilma manterá seu braço direito e seu articulador principal, mas terá a seu lado, no Palácio do Planalto, um ministro que não deveria receber a sua confiança.

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A senadora Ana Amélia propõe, com ponderação, uma fórmula intermediária – o afastamento do ministro enquanto o caso é investigado. É uma saída digna e, quem sabe, Palocci volte ao cargo tão respeitado quanto Hargreaves. Mas o melhor mesmo, para todos – inclusive para Palocci e para Dilma – é que o ministro peça logo sua demissão e aí, sim, o caso seja encerrado.

Deixem assim mesmo

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Há hoje, em Brasília, um sentimento de que para derrubar Palocci só duas coisas: 1) o procurador-geral da República, às vésperas de ser reconduzido ao cargo, pedir ao Supremo Tribunal Federal que investigue o ministro; 2) a imprensa descobrir mais sobre as movimentações financeiras de Palocci e de sua empresa – ou, talvez de seus parentes e da turma de Ribeirão Preto.

Há outro sentimento em Brasília: para que os donos de alguns jornais e revistas aceitem publicar mais notícias negativas para Palocci, os repórteres terão de descobrir muitas coisas novas, e pesadas. Senão, fica como está mesmo.

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