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E segue o baile

Notícias do mundo em que vivem nossos governantes e políticos

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Ler jornais e revistas, ou assistir a telejornais, é um exercício cotidiano de indignação. Aí a gente para e pensa: será que este país tem jeito? Isso, se ficarmos no noticiário nacional, porque ampliando para o internacional poderíamos fazer a mesma pergunta: o mundo tem jeito?

Vamos pegar a Folha de S. Paulo do dia 11 de maio. Poderia ser O Globo ou o Estadão, até porque o noticiário é muito parecido, mas vamos de Folha.

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A manchete: “Conselhos dão renda para aliados de Kassab”. O prefeito de São Paulo, como praticamente todos os governantes que dispõem de empresas públicas, nomeia amigos, afilhados políticos, secretários e ministros para cargos em conselhos de administração e fiscais de empresas públicas. Isso garante à presidente, a governadores e a prefeitos o controle das empresas e dá uma boa remuneração aos nomeados, o que para alguns significa um aumento de renda em relação ao que ganham em seus cargos.

Ainda na primeira página: “Calcinha, sutiã e cueca vão trazer alerta anticâncer”. As roupas íntimas terão, por decisão do Senado e da Câmara dos Deputados, de alertar seus usuários para os riscos do câncer. Proposta de um deputado de Goiás.

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Continuamos na primeira: “Metrô da Angélica vai ser agora no Pacaembu”. Comerciantes e moradores de Higienópolis, bairro de ricos, venceram e conseguiram levar a estação para o Pacaembu, para evitar a circulação de povo nas redondezas. Mas os moradores das redondezas do Pacaembu também não queriam a estação.

Finalmente: “Acordo permite votação hoje do Código Florestal”. Governo e deputados teriam chegado a um consenso sobre o texto, mas não se sabe exatamente que consenso é esse.

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Já na página A4: “Procuradoria move ação na Justiça para conter supersalários”. O Ministério Público Federal ingressou com três ações contra salários pagos pela União, pela Câmara e pelo Senado acima do teto de R$ 26,7 mil.

E, nas páginas seguintes, ficamos sabendo que prefeitos querem usar verbas de anos anteriores em obras que ainda não foram iniciadas, que ministros estão devolvendo diárias recebidas indevidamente, que o ministro dos Transportes vai processar o governador do Ceará, que os deputados estaduais de Alagoas aumentaram seus salários em 108,59%.

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São apenas algumas notícias do dia. Em um país com enormes carências, alto nível de miséria e analfabetismo, problemas de todo tipo que afetam a maioria da população e, especialmente os mais pobres – quer ganhem R$ 70 mensais, R$ 80 ou R$ 100. Governantes, políticos e autoridades perderam a noção das coisas e trafegam pelas notícias como se o Brasil real não existisse, como se o mundo girasse em torno deles.

Se houvesse a famosa vontade política, medidas simples poderiam ser tomadas em relação a todas essas notícias:

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1 – Reduzir substancialmente as remunerações por participação em conselhos de empresas públicas. E funcionários públicos, inclusive ministros e secretários, seriam proibidos de recebê-las, pois já são remunerados pelo Estado.

2 – Fazer uma ampla reforma do Estado para rever o funcionamento do Congresso Nacional, tornando-o mais objetivo e eficiente e reduzindo drasticamente seu custo para o país. De repente, até acabando com o Senado. Ninguém vai impedir um deputado de apresentar um projeto ridículo, mas com uma revisão no processo legislativo e com mais eficiência, Senado e Câmara podem reduzir os micos que produzem diariamente, inclusive nos dias em que parlamentares não costumam trabalhar.

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3 – Constituir nas cidades representações legítimas da população, e não as corruptas câmaras de vereadores, para decidir, entre outras coisas, onde se localizarão as estações de metrô. Mas com base no interesse coletivo, de todos os segmentos da população, e não de associações elitistas que conseguem pressionar um governador fraco.

4 – Tornar mais transparentes as decisões que afetam a população. Que acordo foi feito? Quem fez? É possível levar a sério uma votação em que acordos são feitos a portas fechadas e pelo menos 27 senadores e deputados vão votar em causa própria, pois têm dívidas que serão anistiadas, e mais de 300 receberam dinheiro de empresas que serão beneficiadas?

5 – Cortar, automaticamente e sem exceções, salários acima de R$ 26,7 mil, em todos os poderes e em todos os níveis. Mas se há juízes que querem burlar o teto, com pretextos oportunistas, e aí fica difícil.

6 – Se as obras não foram iniciadas na vigência do orçamento, azar dos prefeitos. Entram em novo orçamento, de acordo com a nova realidade. Aliás, prefeitos deveriam trabalhar em seus municípios e não vir a Brasília para, no fundo, no fundo, reforçar o caixa de casas noturnas.

7 – Ministros não têm de viajar para seus estados em todos os fins de semana, especialmente com agendas que são meros pretextos para justificar o gasto com passagens e, muito menos, ganhando diárias. Quem quer ser ministro tem de morar em Brasília.

8 – O ministro vai processar mesmo o governador? Ou está apenas criando um factóide? E se processar, quantos anos a Justiça vai demorar até chegar a uma decisão?

9 – Deputados estaduais devem ter um salário justo, sim. Cerca de R$ 20 mil mensais é um padrão alto para Alagoas, mas seria aceitável se os deputados trabalhassem de verdade, cinco dias por semana, e não houvesse verba indenizatória, verba de gabinete, outros penduricalhos e aquele dinheirinho (dinheirão?) por fora que alguns (muitos?) deputados ganham ilicitamente.

Nada disso vai acontecer, logo as notícias continuarão sendo as mesmas. Só vai melhorar se a indignação dos que nada têm com isso aumentar.

Ginástica intelectual

É interessante, mas nada edificante, observar o esforço de jornalistas, acadêmicos e alguns mediáticos tidos como intelectuais para justificar a violação das leis internacionais pelos Estados Unidos na operação em que Osama bin Laden foi morto. Encontram as mais engraçadas, se não fossem trágicas, justificativas.

Então podemos combinar assim: se governantes de algum país entendem que George W. Bush é a maior ameaça à paz mundial, será legítimo mandarem um comando assassiná-lo nos Estados Unidos. Assim não haverá o risco de ele autorizar mais invasões a países, ataques a civis e assassinatos e torturas em prisioneiros.

Claro que não, né? Então parem de justificar o injustificável. Leis existem para serem cumpridas, por fortes e por fracos, por poderosos e por pobres. Até pelos Estados Unidos!

 

Incoerência

Em um dia, os ministros do Supremo Tribunal Federal tomam, por unanimidade, uma decisão histórica que orgulha o país.

No outro dia, três deles, um com a mulher, viajam para os Estados Unidos, para um evento inútil e dispensável, às custas do dinheiro público.

É impressionante como autoridades, mesmo as de maior patente, não resistem a uma viagem 0800.

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