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Elizeta nomeia lavajatista para coordenar câmara do MPF onde estão os mais importantes acordos de leniência

Camanho, nome escolhido pela interina, trocou mensagens com o "homem da mala" de Temer em 2016, para discutir formação do novo governo antes mesmo da queda de Dilma Rousseff

Alexandre Camanho, Rocha Loures e Elizeta Maria de Paiva Ramos (Foto: MPF | Reprodução | Leonardo Prado/Secom/PGR | ABR)
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Por Joaquim de Carvalho, 247 - A procuradora-geral da república interina Elizeta Maria de Paiva Ramos trocou o coordenador da 5a. Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal (MPF). Ela dispensou o subprocurador-geral Ronaldo Meira de Vasconcellos Albo, conhecido pelo perfil garantista, e designou para o posto o subprocurador-geral Alexandre Camanho de Assis, ligado à Lava Jato e envolvido em um episódio nebuloso com Rodrigo Rocha Loures, o "homem da mala" de Michel Temer.

A decisão da procuradora-geral interina, tomada através da portaria PGR/MPF Nº 843, é mais um avanço no restabelecimento da velha ordem lavajatista na PGR, que tinha perdido força na gestão de Augusto Aras. Conforme informou Luís Costa Pinto, do 247, Elizeta já tinha determinado a todos os subprocuradores da 5a. Câmara que renunciassem a seus postos e aguardassem a designação de substitutos. A 5a. Câmara analisa casos como os acordos de leniência da Odebrecht e J&F.

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As mensagens acessadas por Walter Delgatti e que geraram o escândalo da Vaza Jato indicam que, nesses casos, houve atitudes irregulares, possivelmente ilegais, que envolviam o então juiz Sergio Moro, a ONG Transparência Internacional e membros do Departamento de Justiça dos EUA e da Procuradoria Federal da Suíça.

O subprocurador Albo, que foi afastado por Elizeta, era crítico desses acordos. Já seu substituto assumirá sob a suspeita de que, ligado à Lava Jato, agiu no Ministério Público Federal para favorecer Michel Temer antes mesmo da cassação de Dilma Rousseff, em 2016.

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Alexandre Camanho de Assis foi citado no relatório do inquérito que apurou um esquema de corrupção que teria favorecido Michel Temer nos portos brasileiros, principalmente o de Santos.

Com a quebra do sigilo telefônico e telemático de Rodrigo Rocha Loures, a Polícia Federal descobriu que Camanho de Assis trocou mensagens comprometedoras com o ex-deputado federal e assessor de Temer.

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Rocha Loures, como se sabe, apareceu em um vídeo correndo com uma mala cheia de dinheiro, que seria propina para Michel Temer. O delegado da PF Cleyber Malta considerou os contatos entre os dois "atípicos" e que aparentavam "ocorrência fora da sua regularidade".

Em uma mensagem, Camanho discutiu com "o homem da mala" a futura composição do governo Temer, antes mesmo de Dilma Rousseff (PT) ser afastada, em 12 de maio de 2016. Camanho se colocou à disposição para uma "sondagem preliminar" com o ex-ministro Francisco Rezek, que ele próprio sugeriu para o Ministério da Justiça no governo Temer. 

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"Se o presidente quiser, posso fazer uma sondagem preliminar, para que ele não corra riscos. Fui assessor dele (Rezek) no STF e somos amigos pessoais", escreveu Camanho a Rocha Loures em 5 de maio de 2016. Em resposta, Rocha Loures disse: "Ótima sugestão".

A PF também citou no relatório conversa em que o subprocurador-geral Camanho afirmou a Rocha Loures que tinha "muitas coisas que precisa levar ao conhecimento do presidente".

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Essa conversa foi em 25 de maio de 2016, data da homologação da colaboração premiada de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, que delatou o repasse de propina para integrantes do MDB, partido de Temer. 

"Após 5 (cinco) dias da conversa anterior, em 30/05/2016, Alexandre Camanho volta a dizer que tem urgência em falar assunto importante com Rocha Loures, mas pede para o encontro ocorrer fora do Palácio do Planalto, pois alega que se fosse no Palácio seria muito expositivo", informou o relatório da PF.

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Acionado, o Conselho Nacional do Ministério Público acabou arquivando o caso em novembro de 2018, por decisão do corregedor Orlando Rochadel Moreira, que não viu nada irregular nessas conversas. 

A nomeação de Alexandre Camanho para coordenar a 5a. Câmara ocorre depois que Elizeta trocou o representante do Ministério Público Federal no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), onde a juíza Gabriela Hardt, o ex-juiz Sergio Moro e os desembargadores João Pedro Gebran Neto, Marcelo Malucelli e Loraci Flores de Lima, do TRF-4, estão sendo investigados por irregularidades graves na Lava Jato.

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