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Poder

Em Goiás, o raio cairá sempre no mesmo lugar

Reconhecer méritos no adversário não é render-se a ele, é fazer favor a si mesmo. Por menosprezar a pessoa de Marconi e desdenhar de sua capacidade é que as oposições vêm perdendo uma após outra as eleições estaduais em Goiás

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Parte da crítica política goiana avalia que a causa das sucessivas vitórias eleitorais de Marconi Perillo deve-se unicamente à incompetência das oposições. Segundo essa avaliação, Marconi mesmo não teve mérito nenhum.

Essa avaliação é apenas parcialmente correta. As oposições goianas são, de fato, trapalhonas e burras, como notou Vassil Oliveira em artigo publicado no site Goiás 247, em 4 de agosto do ano em curso, sob o título “Marconi é fruto do PT e do PMDB de Goiás”. O lado falho dessa análise é não perceber, ou não querer perceber, que Marconi também é causa e consequência das sucessivas derrotas eleitorais das oposições. Às burradas do PMDB e aliados somam-se os méritos do líder tucano e o resultado é 16 anos de poder marconista com perspectiva de perenização.

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Reside nisso, a meu ver, a insuperável fraqueza dos opositores de Marconi: a recusa de ver no adversário méritos que ele já demonstrou possuir de sobra. Subestimam a capacidade dele. Desdenham da sua eficiência como líder partidário. Não conseguem ver nada de positivo nos governos por ele chefiado. Menosprezam lhe o ímpeto guerreiro e sua inesgotável capacidade de superação. Desenvolveram o hábito mental de considerar traição à causa o simples reconhecimento dos méritos do adversário. Querem acreditar que Marconi é um fraco e agarram-se a esta crença estúpida como um náufrago se apega à tábua de salvação. Sendo aí que se estrepam.

Reconhecer méritos no adversário não é render-se a ele, é fazer favor a si mesmo. Por menosprezar a pessoa de Marconi e desdenhar de sua capacidade é que as oposições vêm perdendo uma após outra as eleições estaduais em Goiás. Sucessivas derrotas não ensinaram absolutamente nada ao PMDB. Íris Rezende e associados cometem sempre os mesmos erros primários na crença de que em time que está perdendo não se mexe.

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Contexto Histórico

A análise que Vassil faz das forças política oposicionistas é, conquanto ligeira, formalmente correta. ”Pois em Goiás o PT é um partido sem voz”, constata. Uma análise mais aprofundada mostraria que o PT goiano, desde a sua fundação, sempre teve mais afinidades políticas e ideológicas com o Marconismo do que com o Irismo. O PT goiano nasceu, em l980, de uma dissidência santillista ao irismo. Se, hoje, o PT não tem voz, é porque a traição ao seu passado travou-lhe a língua.

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O que é hoje o PT goiano senão um modesto vergãozinho puxado pela locomotiva do PMDB? O PT goiano é submisso ao lulismo, ao dirceuísmo, ao projeto da cúpula nacional do PT de submeter às sessões locais do Partido dos Trabalhadores aos interesses oligárquicos do PMDB nos estados e nos municípios. Em Goiás, apenas o PT de Catalão, do bravo Fernando Safatle, ainda resiste a esta política de desconstrução partidária.

Vassil bronqueia forte: “O PMDB é outro partido que não sai do lugar em relação ao governador. Passa o tempo criticando-o por cooptar aliados. Enquanto isso, o partido não tem um assessor de imprensa sequer, e nem mesmo tem estratégia de apoio a seus aliados nas campanhas deste ano no interior”.

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Nem mil assessores de imprensa rachariam a cabeça dura dos chefes peemedebistas. O buraco, data vênia, é mais embaixo.

Marconi atua na cancha política jogando pelas regras. Joga como o manual das regras debaixo do braço. Joga com competência. É um mérito. O PMDB devia fazer o mesmo. Mas prefere, como bem observa Vassil, recriminar o adversário pelo topete de querer ganhar o jogo. O PMDB não pode suportar o fato de os tigres serem carnívoros. Que bom se o tigre Perillo se convertesse à macrobiótica? Contudo, é da natureza dos tigres serem carnívoros. Se o PMDB perdeu o apetite pela vitória, Marconi não tem culpa disso.

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Eles não aprendem

Vassil ainda com a palavra: “O PMDB não faz política e critica Marconi por fazer. Amador, o PMDB vai para o ataque xingando o profissionalismo alheio. Atitude bonitinha, porém ordinária nos resultados: desde 1998, o partido chora, mas não ganha uma do tucano. Nesse ritmo, imaginem quando ganhará uma eleição no Estado”. Imagino que nunca.

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Diz Vassil que “Marconi, sem adversário, deita e rola em Goiás. Goste-se ou não dele, faz política com força e com competência. Mesmo desgastado (o que pesquisas mostram claramente), está mais forte do que os inimigos, porque, entre outras incríveis façanhas recentes, consegue arrastar para a mesma cachoeira de desgastes, petistas e peemedebistas goianos. É só reparar como são tratados os prefeitos petistas de Goiânia, Paulo Garcia, e (de) Anápolis, Antônio Gomide, e o ex-governador peemedebista Iris Rezende, na CPI do Cachoeira versão Assembleia Legislativa. A inversão do jogo é gritante”.

Ei aí o que vê o olho clínico do analista atento. Mas o internauta oposicionista não se engane. Antes de mandar para o site comentários grosseiros, insultuosos, acusando-o de adesão ao Marconismo, convém meditar um pouco mais sobre a verdadeira intenção dele.

A análise clínica de Vassil expressa a frustração, a impotência  e o desespero dos setores mais lúcidos da oposição em face da cegueira de seus líderes. Setores que, apesar de lúcidos, não são nem lambidos nem cheirados na hora das decisões. As observações de Vassil é o que se chama de “crítica construtiva”, apesar do tom um tanto amargo de suas palavras.

Ele fala como Amós repreendendo os filhos de Israel por se desviarem da “Verdade”. É Jeremias chorando sobre as ruinas de Jerusalém. Vassil, como um profeta de Israel, exorta as oposições a acordar do seu sono de pedra, a olhar para a vida descerrando o véu de Maya, a encarar o perigo de frente. Ele poderia dar às oposições goianas o conselho de Mao Tse Tung aos comunistas chineses depois da traição de Chiang Kai Check: “Preparar-nos para o pior, abandonar as ilusões e partir sem vacilação para a luta”. Conselho que as oposições repelem com desdém. O PMDB e o PT goiano certamente ficarão furiosos com Vassil;, mas, um dia, quem sabe, lhes será grato por suas sábias palavras de advertência.

Sim, porque é no interesse maior da causa oposicionista que Vassil tasca a palmatória nesses palermas da oposição. Por isso, diz ele, “não há que se louvar a competência de Marconi Perillo como um bem para Goiás. Porque não se trata disso. No entanto, não há como lamentar mais a incompetência de seus poucos oposicionistas. Agindo assim, fazem um mal danado ao Estado. Fazem de Marconi o que ele é como político, em que pese os meios que ele use para atingir seus fins.

Aí está sua profissão de fé oposicionista. O sabichão enérgico que ralha paternalmente com suas crianças alopradas para corrigi-las, trazê-las ao bom caminho, ensinar-lhes como fazer as coisas direito. É tão bonito isso!

Vassil admite a “competência de Marconi”, não para louvá-lo, mas para revelar, por contraste, a incompetência do PMDB e aliados. O mal que fazem a Goiás é não saber como derrotar o adversário. O raciocínio implícito é que Marconi tornou-se grande apenas porque seus opositores – ah esses incompetentes! – fazem de tudo para se apequenar. Cresçam, ó meus filhos, e verão como Marconi ficará pequeno!

E aqui começamos a notar que também Vassil não se difere muito de seus pupilos trapalhões. Também ele se recusa a ver méritos no adversário. Ele também o subestima, embora menos que seus alunos peemedebistas.

O problema da crítica vassileana é que fica na superfície da coisa. A Vassil talvez falte uma compreensão histórica do problema. Os homens da oposição não são os energúmenos que ele nos faz pensar que são. Política se faz com compromissos, e os homens da oposição estão presos a compromissos que os inibem de avaliar criticamente, cientificamente, a realidade goiana; compromissos que os inibe de, a partir de uma análise correta da conjuntura, desenvolver uma estratégia inteligente para a reconquista do poder.

As oposições, presas a compromissos oligárquicos, conservadores, retrógrados, movem-se num círculo de giz cada vez mais estreito que as isolam da sociedade. Impávidos na sua autossuficiência, são incapazes de construir um projeto de vitória, esperando que a derrota de Marconi lhes caia como um presente dos céus.

Saudosismo peemedebista

Sejamos francos: o que falta às oposições é uma alternativa ao Marconismo. Não uma alternativa qualquer, mas algo que seja percebido pela sociedade como avanço concreto em relação ao que aí está. O que o PMDB propõe? Nada, exceto os velhos chavões referentes ao “roncar das máquinas”.

 A velha retórica saudosista das “obras”, o populismo fausteano. Os peemedebistas gostam de ver a si mesmo como “tocadores de obras”, os mais eficientes que já existiram, e não perceberam que a sociedade não está mais interessada em “tocadores de obras” e nem acredita mais que os peemedebistas são os mais eficientes capatazes que já existiram. A pregação peemedebista propõe, nostalgicamente, o regresso a um passado que está morto, enterrado e que ninguém mais quer de volta. Enquanto isso, Marconi, à la Santillo, prossegue “caminhando para o futuro”.

À incapacidade dos opositores de formular uma alternativa ao Marconismo se junta a sua completa alienação política, ao seu alheamento dos graves problemas do Estado. Dou exemplo: tempos atrás, antes da eclosão do escândalo Cachoeira – tudo cascata! – pudemos ver o governador goiano travar, em Brasília, uma luta isolada em favor dos interesses do Estado. Pressionados pelos Estados mais ricos da federação, o Senado resolver unificar a legislação sobre o ICMS.

Tema complexo, árido, incompreensível para as massas. Uma decisão que, no entanto, prejudicará de forma dramática a economia goiana. Marconi estava lá, sozinho, tentando barrar a decisão. Nenhum parlamentar oposicionista se manifestou a respeito. Nossa imprensa nem tomou conhecimento do fato. Como se lutar contra essa política fiscal atendesse a um interesse pessoal do governador e não ao de toda a sociedade goiana.

Enquanto Marconi dialoga com a sociedade e busca construir consenso sobre temas fundamentais, as oposições distanciam-se cada vez mais dessa mesma sociedade. Vai daí que essa sociedade cada vez se identifica mais com o Marconismo e menos com o irismo, o petismo, o caiadismo, o vanderlanismo, o friboísmo e outros ismos em oposição a Marconi.

A crítica de Vassil é estreita, como já disse, mas está correta no essencial. Presta serviço valioso à bandeira sob a qual combate. Mas é só uma voz que clama no deserto. Os líderes das oposições goianas são incorrigíveis. Nunca vão aprender. Caminharão sempre soberbos para o precipício porque se recusam a olhar o chão que pisam. Vão continuar sendo surrados por Marconi nas urnas até o dia que ele requerer aposentadoria. O raio vai continuar caindo sempre no mesmo lugar. Quanto a Vassil, se insistir em esfregar a verdade na cara das oposições, acabará, como Fernão Capelo Gaivota, expulso do bando pelo atrevimento de querer ensinar-lhe a arte de viver melhor.

 

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