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    "Eu não comprei deputado"

    Ex-tesoureiro do PT na poca do Mensalo, Delbio Soares participa de debate em Gois e prev que seu julgamento ser o maior espetculo miditico de 2012; ele admite o caixa dois, mas nega a mesada parlamentar

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    247 – Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT na época do Mensalão, começa a se preparar, aos poucos, para enfrentar o julgamento do século no Brasil. O caso do Mensalão, que deve ser apreciado pelo Supremo Tribunal Federal, será, segundo Delúbio “o maior espetáculo midiático” de 2012. Delúbio tem participado de debates e distribuído sua defesa, preparada pelo criminalista Arnaldo Malheiros, na qual admite ter usado “recursos não contabilizados", mas nega a compra sistemática de apoio parlamentar. Leia, a seguir, o discurso de Delúbio na Universidade Federal de Goiás:

    “Eu vim aqui hoje com muita tranquilidade neste debate. Tenho falado com as pessoas que incentivaram a fazer este debate na universidade. Conversei com advogados, dentre eles o Dr. Aristides Junqueira, o Dr. Pedro Paulo, perguntei se eles topavam debater este tema e eles toparam.

    Eu conheço o PP (Pedro Paulo) há exatamente 40 dias, não o conhecia, mas conheci o pai dele.

    E por que eu estou divulgado a minha defesa? Dr. Aristides disse bem: aquilo que eu fiz eu assumi na minha defesa e nas CPIs. Agora eu estou sendo acusado por aquilo que não fiz.

    Na época (das denúncias) teve um problema de déficit de (recursos) campanha, as pessoas do Partido dos Trabalhadores e dos partidos aliados ao Partido dos Trabalhadores recorreram a todos os partidos e coube ao tesoureiro do PT na época – pessoa jurídica de tesoureiro do PT, que era eu -, e resolvemos pegar dinheiro emprestado com os bancos (Rural e BM&G) e demos o dinheiro para as pessoas pagarem as dívidas; se as pessoas não contabilizaram o dinheiro na Justiça Eleitoral, o problema é de quem pegou e de quem prestou serviço a eles.

    O dinheiro tem origem, por isto que nós saímos do termo caixa 2 para os recursos não contabilizados. Foi isto que aconteceu.

    Então tenho muita tranquilidade em debater este tema. Temos debatido em todos os lugares, entregando a defesa.

    Tenho visitado as seccionais de todas as OABs, e o que eu tenho pedido: que os advogados leiam.

    Minha primeira militância real, quando ingressei na Universidade Católica de Goiás em 1976 foi ingressar no Comitê da Anistia. Quando mudei para Goiânia em 1972 – vindo de Buriti Alegre -, filho de pai e mãe analfabetos, não sabia que existia ditadura. Otávio Lage, que é filho de Buriti, havia sido governador, fazia tudo por Buriti, e não se discutia ditadura lá.

    Vim para Goiânia, e a primeira coisa que fiz quando entrei na universidade foi entrar no Comitê da Anistia, coordenada pelo professor Pedro Wilson.

    E hoje, depois de não sei quantos anos de militância, na Anistia, movimento de professores (CPG, Sintego), fundação do PT, fundação da CUT, eu tenho que pedir anistia para mim mesmo. E se eu não pedir ninguém irá pedir.

    Eu quero ser julgado nos atos, pelo que foi feito. Eu não tenho medo de encarar ninguém, a aqueles que querem amedrontar as pessoas.

    Ontem um colunista fez postagens no site da Veja xingando todo mundo: o DCE, os estudantes, a universidade com todo tipo de palavras. E este é o tipo de discurso que não me amedronta.

    Tenho a consciência limpa, tranquila. Ando para todo lado, não tenho medo de ofensa. Mas me preservo.

    Acredito na Justiça. Lutei pela Anistia. Coordenei o Comitê da CUT na Constituinte pelas Emendas Populares, coordenei todas as emendas populares, fazendo uma disputa com o Centrão (bloco de partidos conservadores na Câmara Federal em 1988, entre eles PDC, PDS, PTB), para aprovar uma Constituição progressista, que Ulysses Guimarães, denominou de maneira muito correta de Constituição Cidadã. Batalhei muito pela Constituição e pela democracia no nosso pais.

    O PP (Pedro Paulo) e o Dr. Aristides foram muito feliz es quando disseram que o que acontece comigo hoje , e com outros 38 réus ou acusados, é que o julgamento é na Suprema Corte e deve obedecer o legítimo processo legal.

    Vou em todos os lugares que me chamar e naqueles que não chamarem eu também vou porque eu tenho que apresentar a defesa, porque a defesa é clara sobre o que foi feito e o que não foi feito.

    Meu advogado, Dr. Arnaldo Malheiros, tem dito que dado a superexposição deste caso, ninguém quer debater as razões, ninguém quer saber do Direito, principalmente parte da classe média alta, mas quando um filho deles bate um carro, comete uma infração, o filho deles é o maior inocente do mundo. Quando batem o carro e atropelam alguém, aí lembram do Direito e do devido processo legal.

    Nós temos que conceber um país para todos. A lei é igual para todo mundo. Eu faço parte do Brasil, sou brasileiro e queria dizer a vocês, que aqueles que concordarem, leiam, passem a defesa aos amigos, porque quando ocorrer o julgamento ele será transformado no maior espetáculo midiático do Brasil. Por isto que fiz questão de conversar com todos alunos de Direito, com todas as seccionais da Ordem dos Advogados. Já fui em seis OAB´s: Goiás, Mato Grosso, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, conversando com todos. Irei em Minas Gerais, na terra do Dr Aristides, e em São Paulo. Se o presidente da Ordem não for favorável, vou mesmo assim entregar a defesa, e pedir que leia, analise os autos.

    Estou aqui com meu irmão Carlos Soares, e quero dizer que nossa família sofreu muito com todos este processo. Inventaram tanta coisa a respeito de nós, de meu pai, de minha mãe, mas nós estamos suportando tudo, porque nós acreditamos na Justiça.

    Este será um julgamento que terá impacto de mídia muito grande, mas temos que enfrentar todos os obstáculos. Quando comecei a militar no movimento da Anistia era muito mais difícil. Entrei na campanha da Anistia, quatro meses após a morte de Herzog (jornalista Vladmir Herzog), e este fato dramático, lançou novas luzes na Anistia.

    Nunca tinha tido um advogado antes, e neste processo tivemos que constituir uma banca, e estamos agora debatendo. Hoje este debate teve participação do Dr. Aristides e de Pedro Paulo, que se revela um criminalista grande capacidade como foi o seu pai.

    Quero que todos vocês possam ler, debater este caso. Esta defesa que apresento é a oportunidade deste debate, de garantir o devido processo legal. Respeito todas as instituições, mas quero dizer: vamos trabalhar com o que foi feito, aquilo que dizem que foi feito. Eu não comprei deputado, não comprei parlamentar para votar com o governo.”

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