Europeus pedem que Dilma "compre" Portugal

247 – A presidente Dilma Rousseff, que ganhou o apelido de “Dilma Dinamite” durante sua recente passagem pelos Estados Unidos, já está na Europa. Ela desembarcou na Bélgica na tarde deste domingo, onde participará de uma cúpula bilateral com a União Europeia. Estão previstos encontros com os presidentes do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, e da Comissão Europeia, José Manuel Barroso. Ambos darão o mesmo conselho à presidente: o de estimular empresas brasileiras a participar do programa português de privatizações. Em outras palavras, o Velho Continente, em crise, quer que o Brasil compre Portugal.

Com mais de U$S 300 bilhões em reservas, o Brasil hoje ocupa uma posição de destaque num mundo em crise – uma crise, aliás, puxada pela Europa. Portugal, por sua vez, faz parte do grupo que se convencionou chamar de PIIGS – Portual, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha – que hoje lidera a débâcle europeia. Neste fim de semana, milhares de pessoas foram às ruas de Lisboa para protestar contra as medidas de arrocho fiscal. Na Grécia, o que se discute é a demissão de 30% dos funcionários públicos. E esses países em dificuldade só terão ajuda se estiverem dispostos a vender parte de seus ativos, reduzindo despesas públicas.

É aí que entra o pedido dos europeus a Dilma. Portugal lançou na última semana um ambicioso programa de privatizações, que inclui empresas como a companhia aérea TAP, a petrolífera Galp e a companhia de energia EDP. Curiosamente, quinze anos atrás, quando o Brasil enfrentava dificuldades, os portugueses participaram da privatização nacional e compraram empresas como a Vivo, antiga Telesp Celular – hoje, a mesma pertence aos espanhóis da Telefônica.

Empresas globais

Essa possibilidade agrada à presidente Dilma, que gostaria que o Brasil formasse empresas de porte global. A entrada da Portugal Telecom na Oi prevê também uma aquisição de ações da PT pela companhia telefônica brasileira. E o governo já encomendou estudos ao BNDES para avaliar quais seriam as melhores oportunidades na Europa e que grupos nacionais estariam mais capacitados para participar do processo.

Quinhentos e onze anos depois da chegada da Nau Capitânia em Porto Seguro, é o Brasil que prepara o seu desembarque na Europa, começando por Portugal.