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Poder

“Famiglia” Bolsonaro: o preconceito os une

Jair Bolsonaro pai de um deputado estadual e um vereador.Ambos so de extrema-direita, tmos mesmos preconceitos e seguem suas ordens com disciplina militar

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Por Dario Palhares/247

– O nobre deputado Bolsonaro me concederia um aparte?

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– Claro, aparte concedido, nobre deputado Bolsonaro!

É isso mesmo o que você leu. O diálogo acima poderá ser travado, a partir de 2015, na Câmara dos Deputados pelo polêmico Jair Bolsonaro (PP-RJ) e Flávio Bolsonaro, pai e filho. Prestes a completar 30 anos, no próximo dia 30, o rapaz cumpre seu terceiro mandato como deputado estadual no Rio de Janeiro, tendo recebido razoáveis 58.322 votos nas últimas eleições. Já deve estar sonhando, sim, com Brasília. E nada impede, aliás, que a conversa envolva, a médio prazo, três parlamentares com o mesmo sobrenome, já que o mais destacado representante da extrema-direita na Congresso tem outro herdeiro na política – Carlos Bolsonaro, de 28, que se tornou em 2000 o mais jovem vereador da história do País, com apenas 17 anos, e cumpre hoje seu terceiro mandato. 

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Flávio e Carlos vieram ao mundo na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), em Resende (RJ), onde o pai se graduou em 1977 e, depois, voltou a servir. É uma tradição na caserna que filhos varões abracem o ofício paterno, mas a dupla acabou seguindo carreiras diferentes, talvez por conta dos problemas disciplinares que o patriarca, capitão do Exército, enfrentou em meados da década de 1980, quando criticou publicamente os baixos salários da categoria. O primogênito formou-se em Direito, pela Universidade Cândido Mendes, e fez pós-graduação em Ciências Políticas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Já o mais novo, até hoje o caçula do Legislativo carioca, diplomou-se em Ciências Aeronáuticas pela Universidade Estácio de Sá.

Civis, os dois batem continência para o pai é na política. Também são filiados ao PP, sucedâneo longínquo da Arena governista dos tempos da ditadura, e tocam o mesmo apito que o “velho” em propostas e votações. No ano passado, por exemplo, Carlos foi o único vereador contrário à criação do Bolsa Família Carioca, aprovada por 29 votos. O jovem parlamentar considerou absurda a proposta da Prefeitura do Rio de reforçar com R$ 140 milhões o Bolsa Família federal, estendo-o a moradores de rua. “O resultado disso: mais miseráveis trocando suas obrigações pela facilidade de vadiar. A evolução do ser humano passa obrigatoriamente pelo estímulo de sua superação. Por mais cruel que possa parecer, essa é a lei da natureza”, filosofou, em artigo publicado no jornal “O Dia”.

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Moradores de rua, cães e gatos vira-latas gozam entre os Bolsonaro, pai e filhos, do mesmo conceito. Em 2010, segundo relato em seu site (www.carlosbolsonaro.com.br), o vereador Carlos, ao definir suas prioridades nas emendas orçamentárias individuais, contemplou a Secretaria Especial de Promoção e Defesa dos Animais, “pois sabemos da carência financeira deste setor para combater o crescimento desproporcional da população de cães e gatos desabrigados do Rio de Janeiro, que acabam gerando doenças, acidentes e preocupação da população que habita nosso Município”.

O parlamentar pepista é um admirador do Programa Bicho Rio, que desde 2003 oferece esterilização gratuita de cães e gatos. Quer até estendê-lo aos animais racionais que fazem companhia aos bichanos e totós nas ruas da Cidade Maravilhosa, pegando carona em uma antiga ideia paterna. “Independente da multiplicidade de causas que leva pessoas a morar em logradouros públicos, tais como em praças, sob viadutos, pontes, marquises e tantos outros locais inóspitos, que certamente merece atenção do governo na busca de soluções, creio que a elaboração de estudos visando a criar programa de paternidade responsável para esses menos afortunados é viável e urgente”, argumentou, em proposta encaminhada à mesa da Câmara, em 22 de fevereiro último.

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O projeto de Paternidade Responsável divide a população carioca em dois grupos: “as pessoas com melhores níveis culturais, e principalmente, com mais recursos financeiros”, [que] “raramente possuem mais de três filhos”, e “as menos esclarecidas e com baixo poder econômico [que] quase sempre têm prole numerosa”. Como evitar a multiplicação dos pobres e ignorantes? Na avaliação de Carlos Bolsonaro, é necessário prestar “esclarecimentos a essas pessoas sobre as responsabilidades e conseqüências de uma gestação” e lhes oferecer “se desejarem, condições para que façam laqueadura ou vasectomia com procedimentos custeados pelo Poder Público Municipal”.

Os sul-africanos saudosos do regime do apartheid – brancos, claro – devem estar se perguntando, à esta altura: “Por que não pensamos nisso?!”. A bancada Bolsonaro, contudo, rejeita o rótulo de racista, mesmo depois das declarações de Jair, divulgadas há poucos dias, no quadro o Povo Quer Saber (PQS), do programa CQC, da Rede Bandeirantes.  Inimigo das cotas raciais no ensino superior, o deputado federal declarou que não entraria num avião pilotado por um “cotista” e nem aceitaria ser operado por um médico “cotista”. Em seu “gran finale”, ao ser indagado pela cantora Preta Gil sobre a hipótese de um de seus filhos se apaixonar por uma negra, disparou: “Preta, não vou discutir promiscuidade com quer que seja. Não corro esse risco, porque meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambiente como, lamentavelmente, é o teu”.

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Flávio, o herdeiro com maior “patente”, saiu em defesa do velho capitão. Ponderou que o  pai se embananou na resposta por ter ouvido várias perguntas sobre homossexualismo, e disse que namoraria, sim, uma negra. "Nunca me importei com a cor das mulheres, é óbvio que namoraria uma mulher negra”, afirmou, para, em seguida, tentar remover os capuzes brancos da Ku Klux Klan que a opinião pública já enfiou nas cabeças dos Bolsonaro. “Só porque somos contra as cotas raciais, não quer dizer que somos racistas”. 

Namoraria uma negra, é? Flávio tem que abrir o olho. Seguidor dos valores paternos, ele defende a pena de morte e a redução da maioridade penal, embora tais decisões não sejam da sua alçada, e se opõe à demarcação de terras indígenas, ao desarmamento “do cidadão de bem” e à “exploração midiática da aplicação de direitos humanos para o benefício do crime e dos criminosos”, como assinala no site www.flaviobolsonaro.com.br. Mas, apesar de tudo isso, não convém ao jovem deputado manifestar ideias próprias. Sua mãe, Rogéria Bolsonaro, primeira mulher de Jair, cometeu esse erro e acabou perdendo o marido e o seu assento na Camara Municipal do Rio, conquistado há quase 20 anos.

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“Meu primeiro relacionamento despencou depois que elegi a senhora Rogéria Bolsonaro vereadora, em 1992. Ela era uma dona de casa. Por minha causa, teve 7 mil votos na eleição. Acertamos um compromisso: nas questões polêmicas, ela deveria ligar para o meu celular para decidir o voto dela. Mas começou a freqüentar o plenário e passou a ser influenciada pelos outros vereadores”, contou Jair Bolsonaro, que após o “motim” conjugal negou apoio político à ex-companheira, decretando sua derrota nas urnas.

Como se vê, a bancada Bolsonaro tem um líder linha dura, em todos os sentidos. É o  velho capitão, que, apesar de defenestrado pelo Exército, ganhou na política a patente de “coroné”.

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