FHC tenta manter governo Temer sob rédea curta
Um dos principais articuladores do impeachment, com seus apoios na mídia, no sistema financeiro, no Poder Judiciário e seu controle sobre o PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso mandou um recado para o presidente interino Michel Temer; "Se o governo for para o lado errado, o PSDB sai", disse ele; FHC também afirmou que "o processo de impeachment ainda não acabou"; desejo de FHC é que Temer faça o "trabalho sujo", com uma agenda de reformas extremamente impopular, e abra caminho para a volta dos tucanos ao poder, em 2018; a questão é: Temer aceitará ser tutelado pelo PSDB?
247 – O principal estrategista da oposição agora convertida em governo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, mandou recados claros para o presidente interino Michel Temer, em entrevistas concedidas a Ricardo Balthazar (leia aqui) e Pedro Venceslau e Tonia Machado (leia aqui). O desejo de FHC é manter Temer sob rédea curta, cumprindo a agenda que o PSDB determinar. "Se o governo for para o lado errado, o PSDB sai", disse ele.
Numa das entrevistas, FHC chega a questionar a legitimidade de Temer para levar adiante reformas estruturais na economia. "Temer foi eleito como vice, tem legalidade. Mas não tem apoio [popular]. Não pode descuidar desse ponto de partida, porque o processo de impeachment ainda não acabou", diz ele.
FHC também demonstrou certo incômodo com o perfil excessivamente conservador da equipe de Temer. "Ele nasceu no Congresso, e o Congresso hoje é mais conservador, porque a sociedade ficou mais conservadora. É importante para o PSDB não entrar nessa. Temos que ser sociais-democratas nas relações entre sociedade, mercado e Estado, e liberais no comportamento, aceitando a diversidade. Mas a sociedade não pensa assim, e tem que dar a batalha nesse sentido.
Embora o senador José Serra, nomeado chanceler interino, seja hoje o tucano com a posição mais forte no governo Temer, FHC ainda não o vê como um candidato consolidado para 2018.
"Ele tomou posição. Eu sempre digo que o problema dos nossos partidos é não tomar partido. Serra foi lá, tomou posição e se projetou. Ele ganhou mais força. Mas 2018 ainda está longe", disse ele.
Mídia brasileira versus mídia internacional
O ex-presidente também reconheceu que mídia internacional enxergou o golpe ocorrido no Brasil, mas demonstrou satisfação com o fato de a mídia oligárquica brasileira defender a legalidade do processo de afastamento da presidente Dilma. "O PT criou uma narrativa do golpe que pega mais lá fora do que aqui dentro. Para os objetivos deles, esse discurso foi bom, mas não se sustenta com o tempo. Essa é uma narrativa que confunde, pois ela é fácil e não precisa explicar muito. Você viu o que houve no Festival de Cannes? Aquilo repercutiu momentaneamente, mas a presidente está na casa dela (no Palácio da Alvorada). Dilma ainda será Presidente da República até que o Senado vote a decisão final. São precisos 3/5 dos votos para sair em definitivo. É muito difícil. Por que o NYT fez isso? Porque a Constituição dos EUA é diferente da brasileira. Nos EUA o perjúrio dá impeachment e ela não cometeu perjúrio, mas cometeu crime de responsabilidade", afirmou.
Sobre o imposto do cheque, ele também previu sua volta. "A CPMF ajuda a controlar o sistema financeiro. Algum imposto o governo terá que aumentar, pois o déficit é enorme. A arrecadação caiu e continuará caindo porque a economia não retoma", afirmou.
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