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Poder

Foi-se a liturgia

Quando presidente, Lula acusava Fernando Henrique de falar demais. Pois elegeu Dilma e não a deixa em paz.

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Lisboa – Quando presidente, Lula acusava Fernando Henrique de falar demais. O comportamento de um ex-presidente da República deveria ser discreto, praticamente de silêncio.

Seu antecessor meramente escrevia artigos em O Globo e no Estado de São Paulo e, vez por outra, concedia entrevistas e/ou emitia opiniões sobre a vida nacional. No mais das vezes, aliás, defendendo-se da perversa e desonesta campanha de desconstrução da imagem de seu governo, que era patrocinada diariamente pela propaganda oficial.

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Lula detestava ler ou ouvir Fernando Henrique na mesma intensidade em que apreciava ver ou ouvir Fernando Collor e José Sarney, tão ex-presidentes quanto o primeiro, elogiando seus atos administrativos ou suas lambanças públicas. Ou seja, na ética lulista, a falta de compostura estava em alguém criticá-lo. Elogios eram sempre bem acolhidos.

Ia além. Prometia recolher-se a São Bernardo do Campo para acompanhar, à distância e silente, o trabalho de quem o sucedesse. Nem criticaria, como Fernando Henrique, nem elogiaria, como Sarney e Fernando Collor. Viraria mudo, ele que sempre foi cego diante dos mensalões e negociatas que lhe infestaram a administração.

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Pois elegeu Dilma e não a deixa em paz. Opina sobre tudo, dá ordens em ministros, aconselhou-a (e ela obedeceu) a interromper a faxina ética no gabinete ministerial. Não para no Brasil, viajando sempre às expensas da Camargo Correia e de outras empreiteiras que beneficiou em seu governo amoral. O jatinho da Camargo Correia, aliás, virou seu segundo lar. As palavras que "concede”, invariavelmente pagas por esse mesmo conglomerado, apresentam duas características: são artificiais e marcam a relação de comborço com entidades empresariais das quais deveria guardar a distância do pudor e do bom senso.

Dilma não tem um ano sequer de administração e o trêfego ex-presidente se mostra em campanha aberta para sucedê-la em 2014, despertando alegrias e expectativas na base congressual que, montada por ele, só encontra condições ideais de vida e funcionamento em governo articulado e comandado por esse mesmo personagem. Em miúdos, Lula virou o muso dos parlamentares fisiológicos e negocistas que infestam o Congresso Nacional. Para essa gente, ele é o caminho, a luz e a prosperidade ilegítima e ilegal.

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Na economia, deixou bomba de efeito retardado, que começa a acionar seus dispositivos de explosão. Mas não se percebe preocupação no semblante do vendedor ambulante de ilusões. Deixa transparecer que tudo estaria às mil maravilhas e, quando e se o buraco vier a nu, a culpa, que não mais pode ser lançada à conta de Fernando Henrique, certamente sobrará para sua pupila Dilma Rousseff.

As pessoas ainda se iludem. Não há, contudo, mentira que perdure eternamente. Os brasileiros não poderão achar normal, para sempre, que um ex-presidente se pendure em jatinhos de empreiteiras amigas do poder e "viva" de palestras pagas por fundos e intenções duvidosos.

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Os brasileiros ainda perceberão que o período Lula serviu para diminuir todas, sem exceção, as instituições brasileiras. Ainda saberão da covardia cívica de quem governou na bonança e desperdiçou esse período de ouro penteando fútil popularidade, ao invés de retomar o ciclo (desgastante, é verdade) de reformas estruturais. Ainda tomarão conhecimento de que a corrupção se tornou endêmica e que corrupto aliado sempre mereceu anistia "generosa" do homem que negou seu passado.

Mas volto à postura (ou à falta de) de Lula como ex-presidente. Mandou às favas toda a liturgia, todo o equilíbrio, toda a sensatez, todo o pudor.

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Para ele, os símbolos não valem. Exacerbou o pior dos pragmatismos. Pensa em si próprio e em nada mais.

Adoeceu de vaidade e de volúpia pelo poder. Acostumou-se às mesuras dos acólitos. Imprescinde do brilhareco e dos favores oficiais.

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Os brasileiros e o Brasil ainda o perceberão na inteireza.

*Diplomata, foi líder do PSDB no Senado

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