Fortalecido na CEF, PMDB quer usar FGTS na Copa

Marco Damiani _247 – Agora vai sobrar para a presidente Dilma Rousseff, mais uma vez. O grupo do PMDB que saiu vitorioso da queda de braço com o PT pela permanência no cargo do vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias, Fábio Cleto, vai avançar na pressão para que os recursos do FGTS sejam usados em obras da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016. O Conselho Curador do Fundo, para o qual, segundo decisão do governo, Cleto será reconduzido, cuidará do destino de R$ 42 bilhões em 2012.

“Se colocar parte desse dinheiro em obras da Copa for bom para os interesses dos trabalhadores, o Conselho do Fundo é que vai dizer”, assinala o deputado Lucio Vieira Lima, do PMDB da Bahia, irmão do ex-ministro e vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa, Geddel Vieira Lima. “O Congresso votou Medida Provisória que autorizou essa destinação”, lembrou. “Essa foi a primeira etapa. A segunda será a votação no Conselho e a terceira terá a presidente como protagonista, porque ela pode vetar a utilização para estes fins”, enumerou. “Se a presidente achar que é isso que deve fazer, pode fazer. Mas se achar que o melhor é acompanhar a autorização do Congresso, também muito bem”. Ele, é claro, trabalha fortemente pela segunda hipótese.

Vieira Lima recusa-se a aceitar o carimbo de ter sido um dos vitoriosos no episódio que, até aqui, determinou a permanência de Cleto, apadrinhado do PMDB, na cúpula da CEF e seu representante no Conselho do Fundo. É ali, por meio do FI-FGTS (Fundo de Investimento do FGTS), que os recursos bilionários são destinados a projetos e obras. “Não ganhamos nada, apenas defendemos o nosso espaço na Caixa, que estava sob ameaça pelas plantações de uns e outros do PT”, posicionou. “Nós somos sócios fundadores desse governo, temos direito a nosso espaço, não podemos ser prejudicados assim, sem motivo”.

Com seu poder revitalizado, Vieira Lima já escolheu um novo alvo. É o governador Jaques Wagner, da Bahia e do PT. “Ele está endividando o Estado não apenas para a sua gestão, mas para duas ou três gerações de governadores pela frente”, ataca o parlamentar. “A verdade é que, como não tem mais reeleição para si próprio, Jaques está chutando o balde”.

Vieira Lima ainda não fechou suas contas, mas estranha o fato de, ao menos duas vezes, o governador pedir à Assembleia Legislativa autorizações para contrair mais endividamento. “Governar fazendo dívida é fácil, mas o pior é que ninguém sabe ao certo a destinação do dinheiro que ele consegue”. O deputado está atento à movimentação do governador para transferir as contas dos servidores públicos da Bahia, que hoje estão no Banco do Brasil, para a Caixa Econômica Federal. Ele é irmão do vice-presidente de Pessoa Jurídica da CEF, ex-ministro Geddel Vieira Lima.

“Do ponto de vista jurídico, a direção da Caixa já aprovou a mudança”, lembra Vieira Lima, citando a autorização para o pagamento de R$ 780 milhões, pela instituição, ao governo do Estado, para obter o direito a administrar as contas-salário. “O problema é que ninguém sabe para onde vai o dinheiro, quando entrar nos cofres do governo da Bahia”, continua. “Não está dito que irão para alguma obra social, de infraestrutura ou para alguma ação de governo. E esse é o perigo: o do dinheiro entrar e servir apenas para cobrir os rombos financeiros que vão sendo abertos nas duas gestões do Jaques”.