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Haddad fala ao 247: "Serra foi um não prefeito"

Ao 247, candidato Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo finalmente abre baterias contra adversário tucano; “Serra precisa de um 0800 para governar a cidade, não tem vontade nem vocação, só terceiriza”, disparou; o postulante do PT não se preocupa com seus atuais 7% no Datafolha; “quem deve estar preocupado é ele, com rejeição de 37%”; leia entrevista

Haddad fala ao 247: "Serra foi um não prefeito" (Foto: Edição/247)
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Marco Damiani  e Leonardo Attuch _247 – Minutos depois de chegar de uma caminhada pela populosa rua 25 de março, no centro de São Paulo, onde, no passado, trabalhou no balcão da loja de tecidos de seu falecido pai, o candidato do PT à Prefeitura de São Paulo parecia cansado. Fernando Haddad, afinal, vem cumprindo uma agenda de quem corre atrás. Ele já andou por todos os bairros da capital, faz diariamente corpo a corpo com eleitores e passa horas a fio, fiel ao cacoete de professor universitário, mergulhado em estatísticas sobre os problemas paulistanos. Não teve mais nenhum fim de semana livre. No entanto, para muitos, seus índices de intenção de voto não correspondem ao esforço: na mais recente pesquisa Datafolha, marcou apenas 7% de preferências.

“Encaro minha posição atual nas pesquisas com naturalidade”, iniciou Haddad ao 247, em seu gabinete na sede do diretório municipal do PT, onde figura na parede um enorme mapa da cidade de São Paulo. “Quatro anos atrás, a esta altura da eleição, o Kassab tinha apenas 8 pontos no Ibope e 11 no Datafolha. O que mudou foi o horário eleitoral na televisão”, lembra.

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Quando a propaganda gratuita começar, em 21 de agosto, o candidato do PT aposta em quatro fundamentos para crescer. “Vou mostrar a minha biografia, as realizações dos governos Lula e Dilma, aos quais pertenci, quem são meus apoiadores e qual é o meu partido”, enumera. “Esse conjunto será muito forte a meu favor”.

 

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"Quando o programa eleitoral começar, vão saber quem eu sou e também a quais governos e projetos servi"

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ATAQUES A KASSAB - Nessa alquimia de crescimento, ao que se viu pela primeira vez nesta entrevista ao 247, entrará também a crítica mais dura à gestão de Gilberto Kassab na Prefeitura e disparos efetivos contra o candidato tucano José Serra. “Dependendo de como se entende esse pacto de não agressão firmado entre dois candidatos (o próprio Serra e Celso Russomano, do PRB, respectivamente o primeiro e segundo colocados no último Datafolha, com 30% e 26%), eu ‘tô’ dentro. Não estou na eleição para agredir ninguém”, explica Haddad. “Mas é óbvio que isso não significa abrir mão da crítica”.  

E, finalmente, lá veio a crítica. “Hoje, no Brasil, poucos prefeitos gozam de tamanho desprestígio como Kassab. Ele fez uma gestão pífia na cidade. Nos últimos dez anos da prosperidade experimentada pelo País, São Paulo não aproveitou nada, parou no tempo e até andou para trás”, avalia Haddad. “Kassab tem pouca vocação para administrar, lhe falta visão estratégica para o planejamento urbano”. Ele tem usado esse discurso em suas andanças. “Quando falo com os eleitores, friso que a vida deles melhorou da porta de casa para dentro, com a melhor condição para a compra da própria casa e de uma série de bens. Mas da porta para fora, a vida dele piorou no transporte coletivo, na cidade mal cuidada, nos desperdícios que ocorrem na saúde municipal, enfim, em muitos aspectos”.

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247 recordou a Haddad que o PT procurou o apoio de Kassab ao próprio Haddad. “O que houve de concreto foram dois fatos”, rebateu o candidato. “Kassab visitou o presidente Lula e manifestou interesse em nos apoiar, no caso de Serra não ser candidato”, disse. “Quanto a mim, eu sempre trabalhei com a hipótese de o Serra ser candidato, por isso nunca considerei seriamente o apoio de Kassab. Depois, quando ele apareceu, como cortesia, ao aniversário do PT, levou uma vaia estrondosa. Não sei se meus adversários vão querer usar aquela imagem, mas terão de dar o áudio também. Ficou claro, com a vaia, que ele não combina com a nossa militância. Não iria dar certo e eu  nunca pensei nessa possibilidade”.  

Nesse ponto, com vinte minutos de conversa, o petista já superava o  cansaço e se aqueceu. “O horário político na televisão vai ajudar a população a entender porque São Paulo teve tanto piora em qualidade de vida. Serra, primeiro, e Kassab, em continuação, simplesmente não investiram na cidade”.  

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0800 PARA SERRA - Chegou o momento de falar sobre o líder nas pesquisas. “Para São Paulo, Serra foi um não prefeito”, diz Haddad. “Ele nem tentou governar, só atuou pensando na sua próxima eleição. Ele é outro que não tem visão metropolitana”, avança. “Para governar a cidade, Serra vai precisar de um 0800, para terceirizar tudo, porque não se interessa”. O ex-ministro da Educação é leitor assíduo dos artigos de José Serra no jornal O Estado de S. Paulo. “Nenhum dos textos deles fez referência a São Paulo. Zero. Ele só fala na questão nacional, que é apenas o que lhe interessa. Sobre a cidade cuja administração está em julgamento agora, nenhuma palavra”.

Haddad acha que o discurso miúdo será notado pelo eleitor. “São Paulo quer um prefeito que se interesse de verdade por sua cidade, não um prefeito que queira usá-la. Nossa cidade não merece isso. O que o paulistano quer é a retomada da condição de degustar a cidade, aproveitar a vida urbana, se encontrar aqui dentro. É para isso que as cidades existem, não para promover sofrimento, mas integração”.

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 "Marta foi a melhor prefeita de São Paulo e devo a ela meu ingresso na vida pública; as portas estão abertas"

FOTO PARA A HISTÓRIA – Haddad parece tranquilo diante de um assunto que já lhe rendeu muita dor de cabeça: o apoio do ex-governador Paulo Maluf, com direito a fotografia história nos jardins da mansão do procurado pela Interpol Dr. Paulo. “Desde que minha candidatura se consolidou, eu decidi que iria buscar o apoio dos partidos da base aliada do governo Dilma”, justifica, apontando para o fato de o PP de Maluf apoiar o governo federal. “Estava tudo certo, com data anunciada, para o PP apoiar o Serra, mas na véspera desse ato o ministro da Integração Fernando Bezerra me ligou e disse que via condições para o PP estar conosco. Esse contato evoluiu rapidamente e fechamos o acordo político, o mesmo que Serra queria fazer. Considero que agimos certo ao ter o apoio de mais um partido da base aliada, que tem em São Paulo Maluf como representante”.

- E o uso político que vai sendo feito da foto entre o sr., Lula e Maluf?

-  Não me arrependo, ao contrário, fechamos uma aliança política às claras. O adversário queria ter feito o mesmo. Não cabe a mim avaliar se isso será usado na campanha. 

"Desde que começou esse processo, tomamos a decisão de buscar o apoio da base aliada ao governo federal"

ERUNDINA E MARTA – Mesmo sem arrependimentos, o apoio de Maluf custou a Haddad a renúncia de sua vice Erundina. “Eu jamais cometeria a indelicadeza de não informar antecipadamente a ela sobre nossa conversa com o PP, mas ela preferiu sair. O que me conforta muito é que, depois da saída, Luiza disse que continuará apoiando a minha candidatura, inclusive com todo o seu grupo político. É isso o que importa”.

Sobre a senadora Marta Suplicy, o candidato diz que a liderança dela está preservada e todas as portas de sua campanha abertas para ela participar. “Marta já foi deputada, nossa candidata a prefeita duas vezes, foi pré-candidata ao governo e teve o apoio do partido em 2010 para a sua eleição ao Senado. Ela é uma liderança efetiva. Eu entrei na vida pública por uma atenção dela, quando fui trabalhar com o secretário de Finanças João Sayad”, elencou. “O convite foi dele, mas foi ela quem aceitou a minha presença. Fizemos um grande trabalho na reestruturação das finanças de São Paulo, que dá frutos até hoje. Neste momento, boa parte da equipe de Marta trabalha comigo. Então, quando quiser, ela tem todas as portas abertas para participar da nossa campanha”.

"Temos que respeitar a Erundina. Mas ela, mesmo abrindo mão da vice, continuou e continua nos apoiando"

O PIOR E A MELHOR – Dos tempos de subsecretário de Finanças, Haddad tem lembranças fortes. A gestão dele sucedeu à administração do prefeito Celso Pitta. “Pisávamos em terra arrasada. Me lembro de ter verificado todas as contas correntes da Prefeitura e dizer ao Sayad, na primeira semana de governo, o quanto havia em caixa: 60 milhões de reais”, recorda, dando uma pequena risada. “Ora, numa cidade como São Paulo, isso não dá nem para uma semana”. Hoje, calcula o candidato do PT, o prefeito Kassab trabalha com cerca de R$ 8 bilhões entesourados. “Eles não investem, mas a saúde financeira da Prefeitura ainda é reflexo daquele trabalho de reestruturação que nós fizémos lá atrás”, reivindica Haddad.

- Quais foram o melhor e o pior prefeito que São Paulo teve em sua história?

- Porque vi de perto o tamanho do estrago, responde Haddad, Celso Pitta. Não sobrou nada para governar, foi preciso reconstruir tudo. Sobre o melhor, posso dizer que Marta foi uma boa prefeita. Ele fez uma gestão que terminou muito bem avaliada.

 "Se forem usar esta cena na campanha, tem também o áudio; Kassab levou uma estrondosa vaia"

AÇÕES NO MINISTÉRIO – O candidato do PT vai colocar no caldeirão da campanha, é claro, suas realizações como ministro da Educação dos governos Lula e Dilma. “Aproveitei a oportunidade de participar de um momento de profunda transformação do Brasil”, diz ele. Orgulha-se, especialmente, da criação do Pró-Uni, o programa de bolsas de estudo em universidades particulares, e do Enem. “O Pró-Uni, que não existia, hoje já beneficiou um milhão e quarenta mil estudantes, o que é a população inteira de um pequeno país”, compara. “Ele melhorou a vida da nossa juventude, e isso me dá muito orgulho”. Quando ao Exame Nacional do Ensino Médio, apesar da repercussão negativa de dois episódios de vazamento de provas, é outra marca de gestão que pretende explocar. “O Enem está acabando com o fantasma do vestibular, é reconhecido nacionalmente. A seleção para o ensino superior ficou muito mais justa. No Rio de Janeiro, por exemplo, cinco universidades já não têm mais vestibular para, no lugar, classificar alunos apenas pelo Enem. Ele sem dúvida é uma vitória”.

LULA E DILMA – Como principais cabos eleitorais, Haddad confia no prestígio do ex-presidente Lula e no da presidente Dilma Rousseff. “Trabalhar com eles foi importantíssimo. Lula é um motivador, um animador que coloca o máximo de pressão por resultados em sua equipe. A presidente Dilma também tem essa característica. Eles mudaram o Brasil para melhor e estarão ao meu lado nessa campanha. Serão mais uma importante diferença a meu favor”.

 

 "O Pró-Uni colocou mais de 1 milhão de jovens nas universidades, dos quais mais de 140 mil São Paulo"

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