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Haddad tenta conter contágio do Enem

De olho na candidatura para a Prefeitura de So Paulo, ministro trabalha para isolar problemas do exame nacional ao Cear, mas Defensoria Pblica recomenda anulao em todo o Brasil

Haddad tenta conter contágio do Enem (Foto: Divulgação)
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247 – Aconteceu de novo. Mais uma edição de Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) teve problemas e, desta vez, a polêmica atinge não apenas o ministro da Educação, mas o pré-candidato à Prefeitura de São Paulo Fernando Haddad. No Palácio do Planalto, a avaliação é de que se o problema – atualmente represado pelo Ministério da Educação em um colégio de Fortaleza – tomar proporções nacionais, Haddad terá de repensar sua carreira política. Enquanto isso, a principal adversária de Haddad no PT, a senadora Marta Suplicy, que já detém 31% dos votos na capital paulista, ganha força com a indicação do amigo e deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP) ao Ministério do Esporte. Há semanda, Marta quase conseguiu emplacar Aldo no Ministério da Defesa, depois da saída de Nelson Jobim.

Haddad cancelou seus compromissos nos últimos dias para tratar apenas do Enem, cujo vazamento de 14 questões foi atribuído pelo MEC ao colégio cearense Christus. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) propõe a anulação apenas das provas dos 639 estudantes cearenses que tiveram acesso às 14 questões vazadas. O problema é que a solução do Ministério não agradou nem ao defensor público federal Ricardo Salviano nem ao procurador federal Oscar Costa filho, que defendem a anulação do exame em nível nacional ou, pelo menos, a anulação das 14 questões que vazaram, desde que em todo o país.

Estudantes de todo o Brasil também se organizam via redes sociais para protestar contra ou a favor da anulação em todo o país. No Ceará, os diretórios centrais das universidades federal e estadual do estado anunciaram apoio ao movimento. O vazamento de questões, que foi confirmado pelo MEC, é mais um problema para a tumultuada história do Enem, que apresenta os mais diversos problemas desde que passou a servir como exame de seleção para o ensino superior. Poderia ser um dos maiores cabos eleitorais do ministro Fernando Haddad, que conta também com o luxuoso apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas parece ter se tornado seu grande calcanhar de Aquiles.

Relembre o histórico de erros do Enem e a importância que o exame ganhou diante das pretensões políticas do ministro da Educação:

247 - Coincidência ou não, no ano anterior às eleições municipais de 2012, o orçamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) quase triplicou. A principal (e também mais vulnerável) vitrine do Ministério da Educação (MEC) para o país teve o gasto aumentado dos R$ 128,5 milhões gastos em 2010 para R$ 372,5 milhões a serem gastos neste ano, num aumento de 190%. Talvez seja a última cartada do ministro Fernando Haddad para tentar apagar as falhas que fizeram do exame nacional o calcanhar de Aquiles de sua gestão à frente do MEC.

Criado em 1998 para medir o nível o nível dos alunos que finalizam o ensino médio, o Enem foi relançado em 2009 como a maior transformação na educação brasileira desde a aplicação do primeiro vestibular, 100 anos antes, mas uma sucessão de erros prejudicou a aceitação da proposta de instituir um exame nacional único que valesse para todas as universidades brasileiras. Logo no primeiro ano, o conteúdo da prova do Enem vazou, adiando em dois meses a aplicação da prova.

Nas edições seguintes, dados pessoais de 12 milhões de alunos que prestaram o exame vazaram na internet, uma decisão da justiça suspendeu a impressão das provas e falhas na aplicação das provas e nos gabaritos contribuíram para o desgaste do Enem. Na tentativa de solucionar os problemas, Haddad manifestou, no início deste ano, a intenção de criar uma estatal apenas para aplicar o Enem.

Apelidada de "Concursobrás", a empresa se valeria da estrutura do Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe), da Universidade de Brasília (UnB), que já vem aplicando as provas do exame nacional e vai receber a parcela que vier a ser gasta dos R$ 372,5 milhões reservados para este ano. A UnB já concordou com a ideia de transformar o Cespe em empresa, desde que continue na administração do centro, e seguem os trâmites governamentais para a criação da estatal.

Candidato de Lula à Prefeitura de São Paulo nas eleições de 2012, Haddad tem em seu trabalho como ministro da Educação (está no cargo desde 2005) o principal trunfo na disputa pelo eleitorado paulistano. O Enem 2011 ocorreu nos dias 22 e 23 de outubro e teve um recorde de 6,2 milhões de inscritos. Para corresponder a suas pretensões eleitorais, o ministro não poderia errar desta vez.

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