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Poder

Hegemonia de Alckmin racha de vez o PSDB

Governador paulista no abre mo de ter todos os cargos importantes na mquina partidria e amplia crise interna dos tucanos; seis vereadores e um fundador do partido debandaram em protesto; Jos Serra e FHCperdem espao

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Marco Damiani_247 – A sangria no PSDB de São Paulo vai continuar. Está marcado para maio um novo embate entre as principais forças políticas do partido, na eleição para o Diretório Estadual. Encastelado no Palácio dos Bandeirantes e dono de uma poderosa caneta para fazer nomeações, o governador Geraldo Alckmin deverá manter a postura de prestigiar seus homens de confiança na máquina partidária em busca de ter hegemonia pessoal sobre a legenda. São eles, na estrutura estadual, o secretário-geral Cesar Gontijo e o vice-presidente Evandro Lossaco. Ambos são vistos pela outra turma partidária – comandada pelo ex-governador José Serra e sob influência ideológica do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso –, como “inaceitáveis, legítimos representantes da truculência e do atraso”. A permanência deles no comando do partido poderá significar a dissidência de novos quadros tucanos.

Uma possibilidade de estancar o esvaziamento do partido – na semana passada, seis vereadores paulistanos deixaram a legenda e, na segunda-feira 25, foi a vez do ex-deputado Walter Feldman pedir desligamento – reside na aceitação, pelo ex-governador Serra, de sua candidatura à Prefeitura de São Paulo, em 2012. “Alckmin está, na prática, obrigando o Serra a assumir essa tarefa”, diz um tucano ligado ao próprio ex-governador. “Mas essa não é, definitivamente, a melhor forma de convencê-lo a nada”. Por “obrigar” Serra a ser candidato, entenda-se a falta de vontade política de Alckmin em buscar conciliações para problemas que poderiam ter sido resolvidos facilmente. O maior exemplo se deu na composição do Diretório Municipal do PSDB paulistano, quando Alckmin levou seus correligionários a montarem uma chapa única para a direção partidária. Os vereadores pediram para preencher dois cargos na chapa, mas tiveram esse pleito recusado. A alternativa de seis deles frente ao sonoro ‘não’, entre os quais o presidente da Câmara, José Police Neto, foi a de sair do partido. “Sem nenhum representante no Diretório Municipal, esse vereadores corriam o risco de nem obter legenda para concorrer às próximas eleições”, conta um filiado tucano de longa data. “Eles também iriam ficar fora das propagandas na televisão e seriam prejudicados na arrecadação de recursos. Tudo foi pensado contra eles”. Para esta fonte, Alckmin age “igualzinho” a como operou politicamente em 2006 e 2008. No primeiro caso, ele usou a condição de governador em final de mandato para impor sua candidatura a presidente da República pelo PSDB. Conseguiu o que queria, mas foi derrotado. Dois anos depois, outra vez buscou o enfrentamento para se viabilizar como candidato a prefeito da capital, mas perdeu na convenção partidária para a proposta que definiu uma aliança tucana em torno de Gilberto Kassab, do DEM. “Ele trabalha à base do tudo ou nada, assim não há partido que agüente”.

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Até aqui, José Serra engoliu calado a saída dos seis vereadores, mas, internamente, responsabiliza Alckmin. “Serra ficou muito preocupado pelo modo como tudo aconteceu”, disse ao Brasil 247 o ex-deputado Walter Feldman, que anunciou sua desfiliação do PSDB na segunda-feira 25. “Geraldo (Alckmin) e seu pessoal estão praticando uma política de cerco e aniquilamento a quem tem voto no partido”, completou. Não há indícios de que o governador esteja muito preocupado com as defecções. Ele já tinha Feldman na conta dos que “estão do outro lado”, pelo fato de o agora ex-tucano ter trabalhado contra sua pré-candidatura a prefeito, em 2008. “Eu assumi uma postura pública e ética, coerente com a minha consciência, mas Alckmin não quer um partido com gente que desça do muro da hipocrisia”, disse Feldman (leia mais).

Em meio a esse tiroteio, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso lançou um artigo-manifesto no qual pediu para o PSDB “fazer o óbvio” a um partido de oposição, que é, ele lembrou, se opor ao governo. Logo após a divulgação do chamamento ao embate com o governo federal, porém, Alckmin fez declarações simpáticas ao governo da presidente Dilma Rousseff e tratou de negocias novos contratos para a continuação das obras do Rodoanel. Em Minas, uma situação semelhante ocorreu: o governador Antonio Anastasia fez da presidente Dilma sua principal convidada para os festejos em torno da Inconfidência Mineiras, em 21 de abril.

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Se parece em minoria, neste momento, dentro do PSDB que se acostumou a comandar, Serra já procura se fortalecer do lado de fora dos muros tucanos. Ele acompanha com todo interesse o processo de criação e consolidação do PSD fundado por Kassab. “Se o partido obtiver no STF recursos do fundo partidário e tempo na televisão, vai se tornar o segundo ou terceiro do Brasil em pouco tempo”, avalia um dos interlocutores de Serra, transmitindo uma avaliação de consenso com o chefe. Caso o projeto do PSD vingue, Kassab e todos os dissidentes tucanos – talvez Serra entre eles - encontrarão Alckmin nas urnas de 2014, na disputa pelo governo do Estado. Até lá, por essa perspectiva, a tendência é a do racha aumentar. Para Alckmin, ter o PSDB na palma da mão significa a chance não apenas de garantir a legenda para tentar a sua própria reeleição, mas, também, ter chance de ser mais uma vez candidato a presidente da República, rompendo um acordo tácito com o senador Aécio Neves. Com sua postura discreta e cordial, Alckmin não dá mostras, neste momento, de se contentar com algo menor do que tudo.

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