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Poder

João Henrique, o omisso

Prefeito fugiu da raia e não compareceu para leitura da mensagem do Executivo na Câmara e, enquanto a cidade mergulha no caos provocado por greve da PM, ele foi visto passeando por Copacabana, no Rio de Janeiro

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João Henrique de Barradas Carneiro protagonizou mais dois momentos históricos na política baiana na semana passada. Enquanto Salvador registrava (oficialmente) quase 30 homicídios em meio ao terror que policiais militares em greve impuseram nas ruas, ele estava em Copacabana, no Rio de Janeiro. Mas hoje não vamos falar da greve. Provavelmente a abordaremos na próxima oportunidade. Esperemos seu desfecho.

Trataremos da outra peripécia de João. Ele foi capaz de não comparecer à sessão solene que a Câmara Municipal realizou no dia 1º para abrir os trabalhos legislativos da Casa neste ano. A façanha do prefeito foi um fato inédito. Quem ficou com o abacaxi para descascar foi o vice Edvaldo Brito (PTB). Coube-lhe realizar o tradicional (e oficial) ato da leitura da mensagem do Executivo. Edvaldo justificou a ausência do alcaide: "em razão de inadiável viagem para cuidar de assuntos da maior importância para o sistema viário da cidade".

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Acompanhado do chefe da Casa Civil do município, João Leão, João Henrique estava no Rio de Janeiro reunido com o conselho diretor da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) tratando do lendário metrô de Salvador. Mas para a grande maioria dos observadores e até para alguns vereadores governistas, o prefeito realmente preferiu não correr o risco de ter de enfrentar a imprensa e os manifestantes do movimento Desocupa Salvador, que voltou às ruas no dia 1º.

Fato é que sua ausência deu mesmo o tom da sessão solene. Os agentes de saúde que lotavam a galeria do Plenário Cosme de Farias protestavam e para os vereadores da oposição, o acontecimento foi um prato cheio. "Já era de se esperar. João Henrique não aguenta pressão, movimentação popular. Ele mandou uma mensagem pífia, um relatório muito simples, sem nada de concreto. Resumindo, foi sem empolgação", disparou a líder da minoria na Câmara, vereadora Vânia Galvão (PT). A comunista Olívia Santana (PCdoB) chegou a dizer que João "não tem coragem".

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Viagem importante

O líder da situação, por sua vez, tentou minimizar a ausência do prefeito. "Ele foi para um compromisso que já estava marcado no Rio de Janeiro e era muito importante para nossa população", disse Téo Senna (PTC). Mas, então, João Henrique não poderia ser representado por alguém na viagem à Cidade Maravilhosa? Téo voltou a tentar apaziguar. "Era importante que ele mesmo fosse. Ele esteve recentemente na Espanha tratando dessa questão do metrô...", afirmou o líder do governo.

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O presidente da Câmara, vereador Pedro Godinho (PMDB), também não quis polemizar a ausência do prefeito e se limitou a dizer que ele o fez, foi porque teve "seus motivos" e que ele foi representado "legalmente" pelo vice.

O melhor de si

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Na mensagem, lida por Edvaldo Brito, João Henrique agradeceu "a oportunidade de iniciar este oitavo ano da gestão municipal, com a convicção de ter dedicado o melhor do meu tempo, meu amor por esta cidade e do meu cuidado para com cada cidadão e cidadã".

Ainda na mensagem, João Henrique fez um levantamento das ações promovidas pelo Executivo nos últimos anos, tais como, a criação de um novo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU), a reformulação de estruturas administrativas e implantação do Sistema de Intermediação de Mão de Obra (SIMM), além da realização de concursos públicos e o "diálogo democrático com o funcionalismo".

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O desafio de João

E por falar em PDDU, o projeto já tem tramitação liberada pela Justiça e deve ser uma das próximas matérias a serem apreciadas em plenário. A outra expectativa, a prestação contas referentes ao exercício 2009 da Prefeitura, que foram rejeitadas pelo Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), também já movimenta os vereadores. Segundo Téo Senna, na primeira reunião do colégio de líderes do ano, na próxima terça-feira (7), o assunto começará a ser debatido.

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A oposição, independente da reunião, já tem opinião formada. "Já mostramos nossa posição. Eu acho que vai ser a votação mais polêmica que a gente vai ter. As contas da Prefeitura foram rejeitadas por dois anos consecutivos e por unanimidade no Tribunal. A responsabilidade da Câmara e muito grande... O entendimento da oposição é de não aprovar as contas e essa é também minha posição pessoal", afirmou a líder Vânia Galvão.

O grande problema para o prefeito é que, ao que tudo indica, ele não tem mais aquela maioria de outrora. É muito grande a possibilidade de o PMDB manter a postura adotada na sessão extraordinária de 29 de dezembro passado, quando os parlamentares do partido votaram contra todas as matérias apreciadas, inclusive a Lous.

O presidente Pedro Godinho, que procura ao máximo não inflamar as polêmicas, admitiu que o PMDB manterá a posição "independente". Resumo da ópera? Em sendo assim, JH perderá a maioria absoluta que dispunha e passará a ter apenas 25 vereadores no seu exército. Para ter garantida a aprovação de suas matérias, ele precisa, no mínimo, de 25 parlamentares a seu favor. E agora, João?

Carta na manga

Mas o prefeito tem uma saída: a pressão. Mas por quê? A carta de JH não é um coringa, é o PDDU da Copa. O que, basicamente, trata a matéria? Das intervenções no entorno da Fonte Nova. E quem tem maior interesse aí é o governador Jaques Wagner (PT), pois a obra é do Estado e está prevista no contrato com o consórcio que ergue a nova Fonte a "viabilidade econômica do empreendimento. Quem tem que garanti-la? O Galego. Será, então, que os oposicionistas (PT e PCdoB) não terão de ceder à aprovação das contas rejeitadas da Prefeitura para terem seu interesse atendido?

Pelo menos foi o que Téo Senna deixou nas entrelinhas. "Acho muito importante que a gente possa analisar a questão da poligonal da Fonte Nova, que propõe construção de hotéis, centro de convenções e até de shopping center na área do estádio. Agora, seria interessante também que os movimentos sociais, como o Acorda Salvador, debatesse a questão, como contestaram a Lous...", cutucou o vereador.

E Téo continuou: "Ali no entorno da Fonte Nova tem os interesses econômicos da empresa que está construindo o estádio. O Estado destruiu a piscina olímpica e o Balbininho e entregou a área para a construtora da Arena. E aí? Ninguém vai protestar os impactos sociais e ambientais?".

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