Kassab ao Bahia247: "Sou suspeito para falar de Serra"

Elieser Cesar e Matheus Morais _ Bahia 247 - Não foi somente o samba que nasceu na Bahia, como diz a canção de Vinícius de Moraes; o Brasil e o Partido Social Democrático (PSD) também nasceram na chamada "Boa Terra". Há exatamente um ano - 20 de março de 2010, o PSD surgia para o cenário político nacional. Tudo sob a bênção do Senhor do Bonfim, a proteção de todos os orixás, a simpatia do governador petista Jaques Wagner (PT) e o trabalho de engenharia política do vice-governador Otto Alencar, presidente da legenda no estado.

Seria o novo partido apenas mais um peça auxiliar do governo petista, engendrada pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, egresso do DEM, para azucrinar o tabuleiro político nacional e confundir a desnorteada oposição?

No aniversário do nascimento do partido, Kassab e outros caciques sociais democráticos, como o vice-prefeito de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, e o líder do partido na Câmara, deputado federal Guilherme Campos, voltaram à Bahia para anunciar, na manhã da última terça-feira (20), o apoio do partido ao pré-candidato do PT a prefeito de Salvador, deputado federal Nelson Pelegrino.

Nesta entrevista exclusiva ao Bahia 247, Kassab reafirma o compromisso partidário com a independência, elogia o candidato do PT a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, cuja candidatura, a esta altura, ainda não decolou, mas defende o candidato do PSDB, José Serra, "um privilégio para a cidade de São Paulo". Prevê ainda que, em seu primeiro testes nas urnas, o PSD será um dos partidos que farão o maior número de prefeitos. Confiram.

A primeira eleição do PSD
"As eleições são locais. Os interesses municipais vão prevalecer. O PSD é um partido independente, que ainda não disputou nenhuma eleição nacional e, sendo assim, procuramos dar liberdade para que os diretórios municipais definissem as alianças de acordo com os interesses das cidades. Desse modo, as candidaturas tendem para aquelas que, efetivamente, atendam para os interesses dos municípios".

Aliança com o PT
"Aqui na Bahia temos como presidente do PSD o vice-governador Otto Alencar, que fez um trabalho extraordinário de criação e consolidação do partido. E, na cidade do Salvador, o PSD entende que o principal caminho é apoiar a candidatura do deputado federal Nelson Pelegrino, do PT".

De baixo para cima
"Estamos disputando a primeira eleição. Portanto, é natural que se dê liberdade aos diretórios municipais. Não é porque liberou por liberar ou porque o partido não tem outro caminho para construir pelo Brasil. É porque nós estamos construindo debaixo para cima. Então, é mais do que correto você dar, neste primeiro momento, a liberdade de se construir o que é melhor para a cidade".

Otimismo eleitoral
"Estamos muito otimistas. O partido está implantado no Brasil inteiro. Eu acredito que o PSD sairá das eleições como um dos partidos que vai fazer o maior número de prefeitos".

Compromisso com a independência
"Ao nível nacional o PSD é um partido independente, até porque têm companheiros que vieram para o partido, que estavam na oposição à Presidente Dilma Rousseff e, agora, na posição de independentes, eles se sentem mais confortáveis. Foi um compromisso que a gente assumiu. E, evidente, que por não ser um partido de oposição, tem liberdade para votar os projetos que, segundo as suas convicções, são ideais para o Brasil".

Haddad versus Serra
"Eu sempre digo que o PT escolheu um bom candidato, um político de futuro, que exerceu bons cargos na vida pública e que se saiu bem em todos eles. Mas entendo que o mais preparado de todos os candidatos para dirigir a cidade de São Paulo é José Serra. Sou suspeito para falar de Serra porque sou seu admirador. Ele abandonou o projeto de ser presidente da República para oferecer à cidade de São Paulo a experiência de quem já foi prefeito, governador, deputado federal e ministro de Estado. Para São Paulo, é um privilégio ter Serra como candidato. Ele vencerá as prévias no sábado para alavancar sua candidatura e partir para a campanha".

Balanço de governo
"Estamos atingindo todas as nossas metas na Prefeitura de São Paulo e, tenho certeza, ao final da minha gestão, a população saberá reconhecer o trabalho realizado".

Sobre Otto Alencar
"Seu futuro político depende das circunstâncias políticas da Bahia. Otto integra a aliança com o governador Jaques Wagner. Dentro do PSD é uma pessoa muito disciplinada e um político leal. O PSD, integrado nesta aliança, saberá escolher seu consenso".

Governador no futuro?
"Meu objetivo, agora, é terminar a Prefeitura [ou melhor dizendo: o mandato de prefeito de São Paulo]".