CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Poder

Lava Jato se corrompeu e Moro deve ser afastado, dizem líderes progressistas

"Moro perdeu completamente as condições políticas e morais de ocupar o Ministério da Justiça", dizem, em artigo, Roberto Requião, Flávio Dino, Ricardo Coutinho, Fernando Haddad, Guilherme Boulos e Sônia Guajajara. "Quanto ao ex-presidente Lula, este devia ter sido julgado por um juiz imparcial, que presidisse o processo e acompanhasse a produção de provas com seriedade e isenção", apontam

(Foto: Lula Moro)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Por Fernando Haddad, Guilherme Boulos, Roberto Requião, Flávio Dino, Ricardo Coutinho e Sônia Guajajara – Canalhas! Canalhas! - bradou o saudoso Tancredo Neves ao ver o Congresso Nacional ser utilizado como instrumento para o golpe de 1964. Em 2018, o Brasil viveu cenário análogo, só que o golpe se materializou pela atuação de um juiz, o que justifica indignação similar à manifestada por Tancredo naquela tenebrosa noite.   

Não se trata de questionar a justa e necessária luta contra a corrupção. Tal luta é nossa também, desde muito antes de surgir a Lava Jato. Mas, sim, temos indignação com o uso desta causa como manto para ocultar e atender interesses políticos e ideológicos escusos - ao pior estilo da UDN de Carlos Lacerda - inclusive com grave violação à soberania nacional mediante "combinação com americanos”, conforme revelado em um dos diálogos publicados pelo site The Intercept.  

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Temos a certeza de que não foi um julgamento justo que ocorreu em 2018, na medida em que o objetivo principal era tirar Lula das eleições. Está evidente, mais do que nunca, que não houve tratamento igualitário às partes. O estranho andamento do processo estava à vista de todos: PowerPoint, condução coercitiva ilegal, escuta abusiva de advogados, correria desesperada para realizar os julgamentos. 

Tudo agora está explicado por intermédio das conversas publicadas pelo Intercept. O juiz tinha animosidade pessoal contra o acusado, fornecia provas à acusação fora dos autos, combinava previamente petições e decisões. E havia um gritante desrespeito aos argumentos de defesa, que não eram verdadeiramente ouvidos. Afinal, tudo era um “showzinho”, nas palavras do então juiz.   

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Dizer que as condutas de Moro foram “normais” constitui uma agressão à Constituição, ao Código de Processo Penal e ao próprio Poder Judiciário. Não é normal um processo de fachada, em que o juiz presidia a investigação, ajudava a formular a acusação, indicava e produzia provas e, depois, sentenciava com base nos seus próprios conselhos e orientações transmitidos ao procurador amigo. Tampouco é normal um juiz atuar influenciando um resultado eleitoral e depois dele se beneficiar pessoalmente, ganhando o cargo de Ministro da Justiça.   

Flagrado nesse escândalo, Moro não sabe o que diz e vive imerso em contradições. Ora diz que era tudo normal, portanto reconhece o teor dos diálogos; ora não confirma o teor das conversas. E se refugia, logo ele, na ilegalidade de interceptações e vazamentos. 

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Ocorre que não há provas, até o momento, de que os diálogos foram conseguidos de forma ilegal, com ajuda de um hacker ou espionagem. Grupos de mensagens em aplicativos têm muitos participantes; qualquer um deles pode inclusive ter copiado arquivos e entregado legalmente, visto que o sigilo de fonte é garantido à imprensa. Ademais, a doutrina e a jurisprudência admitem o uso de qualquer prova, mesmo que tenha sido ilegalmente obtida, para preservar ou reestabelecer a liberdade de um acusado, em face do princípio da proporcionalidade.   

Não se pode admitir que, escancarada a trama, permaneçam os envolvidos a ocuparem funções relevantes, podendo inclusive atrapalhar ou direcionar investigações. Moro perdeu completamente as condições políticas e morais de ocupar o Ministério da Justiça, que comanda a Polícia Federal. Deve ser imediatamente afastado do cargo, também porque não reúne condições para cuidar do relevante tema da Segurança Pública, tamanha a sua falta de credibilidade na comunidade jurídica nacional e internacional.   

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Quanto ao ex-presidente Lula, este devia ter sido julgado por um juiz imparcial, que presidisse o processo e acompanhasse a produção de provas com seriedade e isenção. Ninguém está acima da lei, mas também ninguém deve estar fora do seu âmbito de preservação de direitos. O processo que aconteceu em 2017 e 2018 é viciado desde a origem e as "provas" usadas até aqui são totalmente nulas. Logo nulos são todos os julgamentos baseados no indevido conluio. Ódios políticos não podem ser maiores do que as leis. E, segundo as leis, a nulidade é imperativa, por ação dolosa e fraudulenta da dupla Moro e Dallagnol. 

Por consequência, Lula deve ser libertado e novamente julgado, desta vez segundo critérios justos.   A Lava Jato se ergueu em torno do tema da corrupção. Agora, mesmo os que a defendem tem o dever de afastá-la deste mesmo pecado: o da corrupção. Pois não há outra palavra para definir o que ocorreu nesse lamentável episódio. Os fins não justificam os meios. E fraudar os meios corrompe o Direito e a Justiça.   

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Fernando Haddad, professor universitário, foi candidato a presidente da República. 

Flávio Dino, mestre em Direito Público (UFPE), é governador do Maranhão.   

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Guilherme Boulos, militante do movimento social, foi candidato a presidente da República.   

Ricardo Coutinho, presidente da Fundação João Mangabeira, foi governador da Paraíba.   

Roberto Requião, foi governador do Paraná e senador da República.  

Sônia Guajajara, militante do movimento indígena, foi candidata à vice-presidência da República.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO