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      Lindbergh e Garotinho largam melhor que Pezão

      Com carta frustrada contra o PT e inserções partidárias na TV suspensas pela Justiça, vice-governador Luiz Fernando Pezão ainda tem de administrar as reclamações e efeitos provocados pela moratória de pagamentos decretada por Sergio Cabral; Maracanã pode não ficar pronto para a Copa das Confederações, o que recairá sobre sua conta; enquanto isso, futuros adversários em 2014 senador Lindbergh Farias e ex-governador Anthony Garotinho articulam candidaturas no conforto da oposição

      Lindbergh e Garotinho largam melhor que Pezão
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      Marco Damiani _247 – Em apenas duas semanas, o quadro eleitoral para 2014 é outro. Imediatamente após o Carnaval, a pré-candidatura do vice-governador Luiz Fernando Pezão à sucessão de Sergio Cabral, em 2014, parecia rodar sobre carretéis, com um patrono forte, um partido unido e adversários calados. Agora, depois que o PMDB divulgou um carta de pressão contra a candidatura do senador Lidbergh Farias, do PT, que se mostrou ineficaz, o Estado perdeu no Congresso a batalha parlamentar dos royalties sem obter compensações do governo federal, ao qual apóia, e o próprio partido teve suas inserções comerciais na televisão suspensas pela Justiça por suspeita de propaganda eleitoral antecipada, uma virada se desenha. O novo cenário beneficia a oposição, personificada pelo senador Lindbergh e pelo ex-governador Anthony Garotinho, do PR.

      Citado dentro de sua própria agremiação como um nome não suficientemente conhecido do grande público, sem uma base eleitoral nítida e consolidada, Pezão passa a saber, a partir da decisão judicial que suspendeu a propaganda partidária na qual ele ocupava o centro da cena, que sua caminhada rumo a 2014 não será exatamente um passeio. Além das restrições legais, o vice-governador também terá de administrar uma moratória decretada abruptamente pelo titular Sergio Cabral. Essa suspensão de pagamentos a empresas e fornecedores pode abalar, por atrasos em construções e interrupção de serviços, a imagem de eficiente tocador de obras que os estrategistas de Pezão gostariam de passar ao público em benefício dele.

      Dentro do PMDB, ao mesmo tempo, todo modelo de alianças terá, necessariamente, de ser revisto. A carta assinada pelo presidente da legenda, Jorge Picciani, divulgada às vésperas da convenção partidária, não teve o efeito pretendido de assustar o PT a ponto de levar à retirada da pré-candidatura do senador Lindbergh. A contrário, o movimento serviu para apontar que não apenas a direção nacional do partido está unida em torno do senador, fato consumado em declaração sem rodeios do presidente nacional Rui Falcão -- "é pra valer" --, como o próprio ex-presidente Lula não moveu uma palha para atender seus aliados.

      Lula desembarcou no Rio, ainda quando os termos da carta reverberavam, e nem sequer tocou no assunto, deixando claro que não iria interferir. Com o PT unido ao seu lado, Lindbergh já coloca na rua as suas Caravanas da Cidadania, iniciando um percurso por todo o Estado praticando o corpo a corpo com o eleitorado no qual até os adversários o consideram um craque. O terreno está livre para ele.

      O ex-governador Anthony Garotinho, que associou-se diretamente a dezenas de vitórias nas eleições municipais do ano passado, a começar pela folgada reeleição de sua mulher Rosinha, em Campos, vai alcançando seu destaque na esfera parlamentar. Ele foi visto, durante a batalha congressual que culminou na pulverização dos royalties do pré-sal para todos os Estados brasileiros, azucrinando os ouvidos do presidente do Senado, Renan Calheiros, de resto do mesmo PMDB de Pezão e Cabral. No dia seguinte ao embate, Garotinho juntou documentos que, segundo ele, comprovam ter havido fraude na votação que derrotou os interesses do Rio. Com essa postura aguerrida, o ex-governador junta forças para, no momento que achar adequado, colocar seu bloco na rua em direção a 2014. Ele não perdeu nada nesse processo.

      Com Pezão pode-se dizer que o contrário aconteceu. Apesar da fotografia de mão sobrepostas com a presidente Dilma, tirada no Palácio do Planalto após a reeleição de Eduardo Paes no Rio, Pezão e o governador Cabral não mostraram, até agora, força suficiente para arrancar da União qualquer tipo de compensação para o buraco financeiro que a ausência dos royalties abre. A maior esperança está numa ação de inconstitucionalidade impetrada no Supremo Tribunal Federal.

      A vitória desta ação tem muito a ver com o futuro da candidatura de Pezão ao principal cargo do Palácio Guanabara. Se ela não vier, e em razão da postura de não interferência da presidente Dilma, toda a aliança do PMDB fluminense com o governo federal e o PT terá de ser revista. Os anos de fartura de recursos desfrutados por Pezão e Cabral poderão, ante o fracasso do recurso no Supremo, cessar de uma hora para outra, afetando diretamente a imagem dele, Pezão, de bom administrador. A obra mais vistosa, a reforma do Maracanã, já está com orçamento estourado e tem prazos prejudicados em razão dos efeitos das chuvas. Há, sim, o risco de o estádio não ficar pronto a tempo da Copa das Confederações. O vexame mundial não  cairá na conta nem de Lindbergh nem de Garotinho, mas na de Pezão.

      A continuar nessa nova toada, o PMDB terá de refazer toda a sua matemática eleitoral e passar a considerar, seriamente, a candidatura do prefeito Eduardo Paes ao governo, sob risco de entrar numa eleição que considerava ganha sem saber como irá sair dela.

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