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Lupi mancha a história do PDT e de Brizola

No passado, quando um pedetista, como Leonel Brizola, falava em "resistir a bala", o que estava emdiscusso era adefesa da ordemdemocrtica, como na Campanha da Legalidade; hoje,com Carlos Lupi, o jogo bem mais rasteiro

Lupi mancha a história do PDT e de Brizola (Foto: ARQUIVO/AGÊNCIA ESTADO)
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Leonardo Attuch_247 – Bons tempos aqueles em que a face pública do PDT era a de Leonel Brizola. Naqueles idos, quando um pedetista falava em “resistir a bala”, o que estava em jogo era a manutenção da ordem democrática, como na Campanha da Legalidade, liderada por Brizola em 1961, a partir do Palácio Piratini, para garantir a posse de João Goulart após a renúncia de Jânio Quadros. E quando se discutia corrupção, especulava-se sobre o número de cabeças de gado que Brizola mantinha em sua estância uruguaia. Em 2001, uma reportagem de uma revista semanal o acusou de multiplicar o número de suas reses de 200 para 700 em trinta anos – e aqueles eram os “escândalos” do PDT, o que até gerou a piada interna, no partido, de que Brizola era mau fazendeiro. “Dizíamos que ele só criava vacas virgens”, lembra o advogado José Roberto Batochio, ex-presidente do PDT em São Paulo e também pecuarista.

Hoje, a face pública do PDT é a do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que, na época de Brizola, fazia parte do grupo dos “taifeiros” – como são chamados os militares de baixa patente, a quem são delegadas tarefas menores. “Resistir a bala” não significa mais defender a democracia, mas sim garantir benesses e privilégios oficiais. E quando se fala em corrupção, não se trata mais de vacas uruguaias, mas sim de ONGs fantasmas. Exemplo: uma reportagem do jornal Estado de S. Paulo desta quarta-feira revela que o Ministério do Trabalho repassou R$ 3,75 milhões para uma Organização Não Governamental que só existe no papel. Trata-se da Associação dos Artesãos e Produtores Rudimentares do Rio de Janeiro. Mas essa, segundo Lupi, deve ser uma bala pequena. E ele só cai, como avisou, com tiro de canhão, porque é “grandão”. Autoconfiante, Lupi diz duvidar que Dilma tenha coragem para demiti-lo. Mas a presidente, que já foi filiada ao PDT, certamente se filou ao partido por se identificar com Brizola – e não com Lupi. Aliás, o atual ministro do Trabalho ingressou no partido depois da volta do político gaúcho do exílio. Brizola foi morar no Hotel Everest, no Rio, e Lupi era o jornaleiro que lhe entregava todos os dias um exemplar da Zero Hora.

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Disputa interna

Com a morte de Leonel Brizola, em 2004, o PDT se tornou um partido menos ideológico e mais pragmático. E assim saíram da direção nacional nomes como os advogados Nilo Batista, José Roberto Batochio e Miro Teixeira, que deram lugar ao grupo dos “taifeiros”, ao qual se somaram neopragmáticos, como o sindicalista de resultados Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força.

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Hoje, o PDT vive um momento de renovação. Embora tenha perdido quadros nacionalistas e se desmilinguido no Rio de Janeiro, onde era uma das principais forças políticas, o partido tem conseguido atrair novos quadros, como o ex-tucano Gustavo Fruet, no Paraná, que tem grandes chances de se eleger prefeito de Curitiba, em 2012. Além disso, o partido deve reeleger José Fortunatti, em Porto Alegre. Mas ele só conseguirá se fortalecer nacionalmente se for mais Brizola e menos Lupi.

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