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Não, “privataria” não é o novo dossiê Cayman

Por mais que desqualifiquem o livro de Amaury Ribeiro, FHC, Serra e os principais lderes do PSDB perderam a batalha da privatizao. O motivo um s: Ricardo Srgio de Oliveira virou sinnimo de corrupo no Brasil; artigo de Leonardo Attuch

Não, “privataria” não é o novo dossiê Cayman (Foto: Divulgação)

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Leonardo Attuch _247 – “Lixo, lixo”, disse José Serra. “Literatura menor”, emendou Aécio Neves. “Infâmia”, completou Fernando Henrique Cardoso.

Com a declaração de FHC, os três principais líderes do PSDB finalmente emitiram sua opinião sobre “Privataria tucana”, livro lançado na última semana pelo jornalista Amaury Ribeiro Júnior, que tem realimentado a guerra política entre PT e PSDB – dois partidos que, na vida real, têm muito mais semelhanças do que diferenças.

Polêmico por natureza, o trabalho de Amaury dividiu a crítica em dois grupos: a turma do “não li e não gostei”, tucana, e a dos que “não leram e gostaram”, petistas.

Pouca gente realmente se deu ao trabalho de atravessar as duzentas e poucas páginas do livro. Eu fui um deles. E ainda que haja eventuais erros de apuração e de análise, o livro não pode ser comparado ao “dossiê Cayman” e à “lista de Furnas”, como querem os tucanos. Aliás, abre parêntese, não deve ter sido coincidência o fato de Veja ter dedicado sua capa desta semana à suposta montagem da lista de Furnas – era uma vacina.

O que diferencia “privataria” dessas “infâmias”, como diria FHC, tem nome e sobrenome. Trata-se de Ricardo Sérgio de Oliveira, um personagem que se transformou em sinônimo de corrupção no Brasil – e à prova de falsificações. Flagrado nos grampos do BNDES, Ricardo Sérgio se vangloriava por trabalhar “no limite da irresponsabilidade”.

FHC sabe que Ricardo Sérgio é indefensável. Tanto que o demitiu tão logo os grampos do BNDES vazaram.

José Serra também sabe que Ricardo Sérgio é indefensável. Tanto que jamais deu ou dará qualquer declaração a favor do personagem.

E quem foi Ricardo Sérgio? Simplesmente, o principal arrecadador de campanha do PSDB na era FHC. E que caiu de paraquedas no Banco do Brasil, na diretoria internacional, com poderes absolutos sobre o cofre dos fundos de pensão, na época da privatização.

Um personagem que não estava ali por acaso. Estava ali para fazer o que fez. E como fez...

No livro, Amaury traz fatos novos, mas também requenta muito do que já havia sido publicado na imprensa – inclusive por mim (leia, no fim deste artigo, a reportagem “Um roteiro de propina”, publicada na Istoé Dinheiro, sobre o esquema montado na venda da Telemar).

Entre as novidades de Amaury, estão os documentos que mostram como a Petros, fundo de pensão da Petrobras, adquiriu edifícios adquiridos por Ricardo Sérgio e seu “laranja” Ronaldo de Souza, logo após a privatização. Ou ainda as transações financeiras entre Ricardo Sérgio e Gregório Marin Preciado, “primo” de José Serra. Ou, quem sabe, as transferências entre Ricardo Sérgio e Carlos Jereissati, um dos donos da telefonia no Brasil.

Se os tucanos estão tão indignados com o livro, deveriam processar o autor, tratado por eles como “falsário”, e periciar os documentos apresentados.

Mas eles não vão se mexer.

Se o fizerem, descobrirão que Ricardo Sérgio é exatamente aquilo que todos sempre souberam que é.

E se os petistas estão tão eufóricos com o livro, deveriam também sugerir ao autor uma suíte chamada “Privataria petista”.

Vão acabar descobrindo que há muitos Ricardos Sérgios também do seu lado.

(Clique aqui para ler a reportagem "Um roteiro de propina", publicada em 2002)

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