No voto, reeleição foi aprovada pelos eleitores
Mais de 60% dos governantes foram reeleitos no País desde 1998, quando a reeleição foi instituída, para garantir mais quatro anos de governo ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso; constatação, com base em dados do TSE, é feita inclusive em relação a prefeitos e governadores, além de presidentes; debate é polêmico e ganha repercussão após a aprovação, na Câmara, de projeto que acaba com o mecanismo, hoje criticado pelo PSDB de Aécio Neves; de um lado, os críticos alegam que o governante que se candidata a um segundo mandato é favorecido por ter nas mãos o poder da máquina pública; de outro, os defensores argumentam que a não recondução ao poder interrompe projetos de longo prazo
247 – Desde 1998, quando a reeleição foi instituída no Brasil, para assegurar mais quatro anos de governo ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, mais de 60% dos governantes brasileiros foram reeleitos. O dado é uma comprovação de que o mecanismo é aprovado pelos eleitores, apesar da recente decisão na Câmara dos Deputados que determina o seu fim, hoje com o apoio do mesmo PSDB de FHC.
De acordo com levantamento feito pelo jornal O Globo com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dos mais de 7,6 mil prefeitos que concorreram a um segundo mandato, cerca de 61% foram reconduzidos ao cargo.
O percentual pode ser ainda maior se considerarmos o fato que a pesquisa não inclui casos em que o prefeito deixou o cargo no meio do segundo mandato para que o seu vice pudesse concorrer à reeleição.
Entre governadores, as taxas são mais expressivas: 69% foram reeleitos. Todos os presidentes da República que tentaram a reeleição até hoje também foram bem-sucedidos: Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma Rousseff.
O debate ganhou mais repercussão após ser aprovado pelos deputados, no último dia 28, o Artigo 3º do relatório de Rodrigo Maia (DEM-RJ) sobre a reforma política, colocado em votação pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O resultado foi acachapante: 452 votos a favor, 19 contra e 1 abstenção.
O debate é polêmico: de um lado, os críticos alegam que o governante se candidata a um segundo mandato sendo favorecido por ter nas mãos o poder da máquina pública. De outro, os defensores argumentam que a não recondução ao poder interrompe projetos de longo prazo.
Em editorial publicado ontem, o jornal O Globo classificou como "equivocada" a justificativa de que, sem a reeleição, não haverá o uso da máquina pública com fins eleitorais, ou que ele será atenuado. O jornalista Paulo Moreira Leite, diretor do 247 em Brasília, afirma que determinar o fim da reeleição é antidemocrático, pois tira do poder do povo o direito de votar no mesmo governante por mais uma vez, caso assim deseje.
"Uma decisão que retira do eleitor o direito de escolher seus governantes entre os candidatos que achar melhor se apoia numa verdade inconfessável, mas real. Estou falando do profundo desprezo pela capacidade da população de reconhecer quais são seus interesses reais e escolher quem está mais preparado para defendê-los", escreve ele, dando como exemplo a síndrome de Pelé, que durante a ditadura militar, disse que o povo não sabia votar.
Partido que instituiu a reeleição, o PSDB hoje defende seu fim. Eis o argumento do presidente nacional do partido, senador Aécio Neves (MG): "Tivemos a experiência da reeleição. Não nos arrependemos dela, mas é preciso que tenhamos a capacidade de avaliar se foi boa e se foi ruim. Acho que a presidente da República acabou por desmoralizar a reeleição".
Informações de bastidores dão conta, porém, de que a defesa tem mais a ver com o conflito interno entre Aécio e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), os dois possíveis candidatos ao Planalto em 2018. Afinal, esperar cinco anos – tempo que pode ser definido para o mandato único – é um consolo maior do que esperar oito para governar o País.
O ex-presidente FHC, no entanto, primeiro beneficiado do mecanismo no Brasil, não defende a linha do partido. Pelo contrário, o tucano criticou, ontem, o apoio da legenda ao projeto. "Eu continuo favorável a ela (à reeleição) e não creio que o tempo de experiência tenha sido suficiente para invalidá-la".
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: