O delegado do Congresso
No primeiro mandato como deputado, o tucano Fernando Francischini mantm postura de policial; j deu voz de priso, investigou polticos e processou a presidente Dilma Rousseff
Brasília 247 – O deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) – apesar de ter se licenciado do cargo de delegado da Polícia Federal para assumir o mandato no Congresso Nacional – continua agindo com espírito policial em sua nova função. Em seu ano de estreia, o parlamentar já deu voz de prisão em seu gabinete, processou a presidente da República Dilma Rousseff e, na última semana, reuniu documentos de denúncia contra o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT).
O tucano que participou da operação que prendeu o megatraficante colombiano Juan Carlo Ramirez Abadia – e inclusive escreveu um livro contando essa história – é quem faz barulho, atualmente, no cenário nacional. Francischini foi o deputado federal mais votado do sul do país pelo PSDB. O parlamentar que já foi oficial do Exército brasileiro, da Polícia Militar do Paraná e também é advogado foi, pessoalmente, ao Superior Tribunal de Justiça pedir a prisão do chefe do executivo no DF, na última semana. Agnelo Queiroz rebateu. O considerou alguém que “quer aparecer”. “Se tem alguém quer desaparecer é a população do DF, diante de um governador desses”, disse Francischini.
O deputado trabalhou durante 12 anos na Polícia Federal, período em que comandou uma série de operações entre elas alguma que resultaram na prisão de políticos e policiais, como Hildebrando Paschoal, o contrabandista Law Kin Chong e o traficante Fernandinho Beira-Mar.
Hoje, o deputado tenta emplacar na Câmara uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte. Faltam 40 assinaturas, ele já tem 171. Denúncias de suposto desvio de verbas da atividade derrubaram recentemente o ministro da pasta, Orlando Silva. “Estou cumprindo minha função de fiscal como deputado, as pessoas que votaram em mim escolheram um delegado da Polícia Federal para estar no Congresso”, pondera Francischini.
Ainda na última semana, o parlamentar surpreendeu o tucanato ao assinar a CPI da Privataria, proposta por Prógenes Queiroz (PCdoB-SP) a fim de investigar supostos esquemas de desvio de dinheiro durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O burburinho é fruto da publicação do livro "A privataria tucana", que acusa o ex-governador de São Paulo, José Serra, de integrar um suposto esquema de lavagem de dinheiro. "Eu sou delegado, assim como o Protógenes, e me sinto mais como um delegado dentro da Câmara do que um político”, disse. “Me sinto na obrigação de assinar qualquer CPI. Acho que tudo deve ser investigado e, se as denúncias forem verdadeiras, os culpados devem ser punidos. Se provarem tudo o que estão falando, vou ser o primeiro a pedir punição. Ao mesmo tempo, se elas forem falsas, os responsáveis pelo livro terão que pagar", complementou o deputado do PSDB.
Francischini também foi eleito vice-presidente da Comissão de Segurança Pública; Presidente da Subcomissão permanente para a investigação de denúncias e acompanhamento de operações policiais de combate ao crime organizado, tráfico de drogas e armas, pirataria, contrabando, corrupção e crimes conexos; Membro do Conselho de Ética; Membro da Comissão de Fiscalização e Controle e Suplente da Comissão de Constituição e Justiça.
Episódios
Em agosto, o deputado tucano prendeu em flagrante, na Câmara, um falso pastor, Walter da Silva Filho, por corrupção ativa e uso de documentos falsos. O religioso propunha dinheiro em troca do convencimento de lideranças evangélicas a se filiarem a um inexistente Conselho Federal de Teólogos. O deputado lhe deu voz de prisão.
Já em dezembro, o tucano protocolou uma ação popular na 5ª Vara Cível da 4ª Região da Justiça Federal, do Paraná, contra a presidente Dilma Roussef, o então ministro do Trabalho Carlos Lupi e a União. Na ocasião, o deputado argumentava que Dilma se omitia do dever de exonerar Lupi. Dizia que o então ministro, por sua vez, havia cometido atos de improbidade administrativa. Francischini afirmou que sua iniciativa se justifica “na aversão que a população brasileira tem manifestado contra a corrupção e a impunidade”.
As recentes atitudes do deputado contra o governador do DF geraram movimentação de parlamentares da Câmara Legislativa do DF antes do encerramento dos trabalhos da Casa, na última quinta-feira (15). O deputado Chico Vigilante, líder do bloco PT/PRB, pediu uma questão de ordem para ler uma matéria publicada pelo jornal do Espírito Santo, “Século Diário”, no dia 22 de outubro de 2009 que trata de denúncia contra Francischini. De acordo com a acusação, o hoje deputado federal, no período em que ocupou o posto de subsecretário de Segurança Pública na primeira gestão Paulo Hartung – ex-governador do Espírito Santo pelo PSDB – teria se “notabilizado como operador do Guardião, equipamento de escuta telefônica cujo uso de maneira ilegal provocou um escândalo de repercussão nacional, atingindo gravemente a liberdade de expressão”, disse Chico Vigilante.
O pronunciamento do deputado distrital encontrou apoio de parte da Câmara Legislativa. O deputado Raad Massouh (PPL) destacou que não faz sentido a intromissão de um parlamentar de outro Estado em questões políticas do DF. “É errado. Um deputado do Paraná não pode dominar a pauta política local”, afirmou.
A reação veio da oposição no DF, sobretudo da deputada Celina Leão (PSD), que saiu em defesa do deputado federal tucano. Celina faz o mesmo papel de Francischini contra Agnelo Queiroz, só que na esfera local. “Minha esposa e filho são brasilienses. O Brasil precisa saber que Brasília não é corrupta e sim os políticos”, disse Francischini em seu Twitter.
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