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O Dia D da Delta

É hoje? CGU do ministro Jorge Hage a um passo de declarar a Delta Engenharia empresa inidônea; oxigênio das verbas públicas em seus cofres será cortado; Fernando Cavendish executa estratégia de se salvar como pessoa física; retirada dele em 2011 chegou a R$ 65 mi; obras vão sendo abandonadas no País; sobra algum filé para a J&F de Joesley Batista?

O Dia D da Delta (Foto: Folhapress_Divulgação)

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247– A Delta Engenharia se desmilingüe em praça pública – e esta quarta-feira 16 pode ser o Dia D da empreiteira, que a qualquer momento deve ser declarada como inidônea pela Controladoria Geral da União. O ministro Jorge Hage, titular do orgão, já deu mostras de que, sem dúvida, irá desferir a canetada fatal, que, tecnicamente, tornará a Delta impedida de participar de obras e consórcios que tenham financiamento feito por agentes públicos, como o BNDES e a Caixa Econômica Federal, por exemplo. Na prática, a inidoneidade vai significar a interrupção de um fluxo de recursos estimado em R$ 3 bilhões, soma dos contratos assinados com a empreiteira em torno de obras do PAC – Plano de Aceleração do Crescimento. Espontaneamente, ou pela ação de seus contratantes nos Estados, a Delta já está desmontando a própria casa. Não há risco, porém, de o presidente afastado da companhia, Fernando Cavendish, sofrer um forte abalo em sua pessoa física, mesmo após a implosão de sua pessoa jurídica. Apenas no ano passado, ele elevou a remuneração aos acionistas da empresas para R$ 65 milhões, derrubando o lucro geral, mas ficando com a maior fatia da manobra contábil. Agora, pilota dos bastidores a estratégia de abandonar canteiros de obra, como forma de cortar os gastos da empresa, ainda que sob alto custo social, com demissões de trabalhadores, e desorganização generalizada do PAC, pelo reestabelecimento de parcerias e cronogramas. A presidente Dilma Rousseff está especialmente preocupada como esse aspecto do repentino desaparecimento da Delta.

Depois de, em março, dar um calote de R$ 6 milhões e abandonar abruptamente o consórcio de construção do estádio do Maracanã, no Rio, a Delta de Cavendish prosseguiu em sua estratégia de auto desmonte. Deixou, no mês seguinte, o consórcio Transcarioca, obrigando a uma reorganização de planos para a construção de uma via entre o aeroporto do Galeão e a Barra da Tijuca. Na terça-feira 15, aconteceu em Fortaleza procedimento semelhante. A empresa desfez o contrato que a ligava a obras de mobilidade urbana na cidade para a Copa de 2014. No mesmo dia, a Petrobras excluiu a Delta das obra do Comperj, o Complexo Petroquímico do Rio.

O empresário Fernando Cavendish, neste processo, conseguiu, para supresa de alguns, escapar para uma posição até aqui confortável. Ainda nem se cogitou a sua convocação à CPI do Cachoeira, onde seria confrontado sobre concorrências vencidas com a ajuda do esquema criminoso coordenado por Carlinhos Cachoeira. Por outro lado, ao se afastar da presidência da empresa, Cavendish deixou as decisões mais duras para seu sucessor, e garantiu para si o argumento, a ser apresentado futuramente aos tribunais, que faliu por asfixia e má gerenciamento, feitos pelo governo e a equipe que ficou seu lugar. Esperto.

Sem ter colocado um real sequer para se tornar titular da empresa, por meio de sua holding J&F, o empresário Joesley Batista acredita estar a cavaleira nesse imbroglio todo. Após a Delta ser declarada inidônea, o que poderá ocorrer, repita-se, ainda hoje, ele vai poder verificar o que, efetivamente, sobrou dos contratos da empreiteira com o governo. Não será a Delta de R$ 3 bilhões com o PAC, mas ainda poderá ser uma companhia com parceiros sólidos nos consórcios dos quais participa, com boa fluidez de pagamentos e obras em estágios avançados de desenvolvimento. Vista desse ângulo, nem o capitão que abandona o barco Cavendish nem o novo timoneiro Batista saem perdendo. E o complexo acerto de contas sobre o que haverá para receber e o que ficou travado a partir da declaração da empresa como inidônea, irá parar nos tribunais, onde só a União terá a perder.

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