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Poder

O fim das oposições

Assim como em 'A Metamorfose', em que Gregor Samsa acorda e percebe que se transformou numa barata, eleitores podem se deparar assustados com uma dura realidade: não há mais oposição

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Em, A Metamorfose, de Franz Kakfa, Gregor Samsa acorda e percebe que se transformou numa barata. Os eleitores, ao saírem de casa apressados para votar, podem se deparar assustados com uma dura realidade: não há mais oposição.

É como na "pax romana". Nossas elites dirigentes têm direito a tudo, enquanto a pobre população se conforma com uma vidinha pacata, excluída das discussões e das decisões políticas. Mas que segue cantarolando e assoviando feliz pelas ruas. Aguardando por um espírito iluminado que não falte com a verdade e possa denunciar as falcatruas, as traições de confiança e as corrupções típicas do poder. Um líder que possa nos guiar em direção a uma nova era de transformações e de bem estar social. Um clone que, assim como no filme Avatar, é controlado pela nossa consciência, lutando para resolver todos nossos problemas, agindo de acordo com os nossos planos e idéias. Um bravo guerreiro, pronto a desafiar o sistema poderoso que pode destruir o meio ambiente em que vivemos, acabando com nossa paz e tranquilidade. Mas, na vida real, isso não existe.

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Nesses últimos anos, por conta de uma absoluta falta de reação aos desmandos administrativos, nos encontramos numa situação em que não é mais possível extrair qualquer conclusão positiva do que está ocorrendo. As suspeitas ensejadas se fortalecem por si mesmas, graças à nossa total imobilidade e a omissão dos que poderiam ter algum poder para coibir as práticas desonrantes dos poderes constituídos. Não há razão alguma para que os excluídos se calem e deixem os vendilhões se instalarem no templo. Até Cristo lutou contra tais desmandos, ao expulsá-los a chicotadas! Nós não podemos nos deixar vencer pelo cansaço, nem pela descrença na justiça.

Se houvesse alguém fazendo uma oposição responsável, haveria hoje uma luta democrática em pleno andamento e não uma imprensa que é apenas denuncista e cujo único objetivo é vender mais jornais e revistas. Pois, é fácil incitar as pessoas a se irritarem com as injustiças, promovendo uma catarse coletiva com propostas de mudanças, através de escolhas simplistas, que nos apresentam como únicas alternativas, estar sob a anestesia da desesperança, ou ser aliciado pelo sistema. Nós só dependemos de nossas próprias atitudes e da participação cívica, para que essa situação tenha seus dias contados. Mas é preciso exigir dos candidatos nas próximas eleições, que eles nos apresentem propostas de governo e de investimento do nosso dinheiro, com muita ênfase no combate à corrupção e na redução de gastos desnecessários com o funcionalismo público. Ou eles nos governam com eficiência, trazendo bom retorno aos investimentos feitos com recursos públicos, ou vamoscassá-los já. Antes mesmo que tais candidatos nos façam perder ainda mais tempo, com essas tolas e estéreis discussões sobre projetos de mudanças impossíveis e promessas inúteis.

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Este é o fim das oposições. Nós podemos estar assistindo ao nascimento de uma nova geração de eleitores preparados por informações livres. Essas informações, que circulam atualmente através da internet em alta velocidade, são de livre acesso a todos os eleitores de boa vontade. Não estamos mais hoje à espera de líderes messiânicos, nem de milagres econômicos. Mas apenas de uma pessoa semelhante a nós mesmos, vivendo as mesmas agruras e preocupações do nosso dia a dia. Uma pessoa que se pareça com um daqueles nossos vizinhos, com quem nós gostamos de conversar sobre os nossos problemas, a saúde e educação dos nossos filhos, a segurança do nosso bairro e de nossa cidade. Uma pessoa que, ao acordar, olhe-se no espelho com dignidade. E não como uma barata. Que se identifique com pessoas da vida real e, que também é visto por elas, como um respeitável membro da grande rede de sobrevivência moral.

José Carlos Alcântara é colaborador do Jornal Primeira Hora, do Rio de Janeiro, e consultor de empresas

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