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Poder

O futuro do projeto do PT em São Paulo

Diante da confusão dos tucanos, que se debatem entre quatro pré-candidatos que mais parecem estar esquentando a cadeira para José Serra, o partido apresenta um nome forte para a disputa: o ex-ministro Fernando Haddad

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Em 2004, o PT vivia um momento político bastante positivo, com a histórica eleição do ex-presidente Lula dois anos antes, além de resultados expressivos nos Estados e na configuração da Câmara e do Senado. Na cidade de São Paulo, a então prefeita, Marta Suplicy, vinha de uma gestão extremamente bem avaliada e caminhava para disputar a reeleição com grandes chances de vitória.

Na ocasião, tentou-se articular uma aliança com o PMDB, que ainda não integrava a base de apoio ao Governo Federal e ficaria com a indicação do vice, mas uma parte do PT em São Paulo vetou a ideia por divergências com o ex-governador Orestes Quércia, já falecido.

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Essa tentativa de costura pode não estar na memória, mas o resultado todos lembram: disputando contra um candidato, com apoio aberto e declarado da mídia, que já promovera uma campanha aberta contra nossa prefeita, que se beneficiava do recall de uma eleição nacional, perdemos a oportunidade de continuar um projeto que promovia mudanças profundas na maior cidade do país, além de intensificar a parceria com o Governo Federal.

Oito anos depois, o quadro eleitoral em São Paulo se apresenta novamente favorável ao PT. Diante da confusão dos tucanos, que se debatem entre quatro pré-candidatos que mais parecem estar esquentando a cadeira para José Serra, o partido apresenta um nome forte para a disputa: o ex-ministro Fernando Haddad, responsável direto pela gestão do que se pode chamar de uma “revolução silenciosa” na Educação, com projetos revolucionários —como o ProUni, a reformulação do Enem, o piso salarial nacional de professores, a construção de universidades e escolas técnicas e o Pronatec, apenas para citar alguns.

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Entretanto, outros fatores tornam o cenário eleitoral da capital paulista muito mais complexo. O atual prefeito, Gilberto Kassab, e seu recém-criado PSD ofereceram apoio à candidatura de Haddad, provocando reações de setores do PT. Apesar de a possibilidade de aliança ter sido bem recebida pelo presidente Lula, boa parte da bancada do partido na Câmara Municipal, além dos movimentos sociais e lideranças como o nosso presidente nacional, Rui Falcão, rechaçam a ideia.

Ao mesmo tempo, o PSD mantém a possibilidade de aliança com o PSDB em uma chapa encabeçada pelo vice-governador Guilherme Afif Domingos, que anunciou sua pré-candidatura nesta quarta-feira (1º de fevereiro). É justamente isso que leva alguns argumentarem que a sinalização de Kassab é apenas uma forma de aumentar seu cacife numa negociação com os tucanos.

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Há ainda a pré-candidatura do deputado federal e ex-secretário estadual de Educação Gabriel Chalita, ligado ao governador de quem já foi secretário e é amigo, que recentemente se filiou ao PMDB. A proximidade de Chalita com o governador, Geraldo Alckmin, poderia inviabilizar uma eventual aliança PMDB-PSD com o partido de Kassab indicando o vice de Chalita. O deputado do PMDB também pode vir a ser um aliado importante de Haddad em um eventual segundo turno, já que apoia o governo da presidenta, Dilma Rousseff, e seu partido está na base aliada no Congresso Nacional.

Alguns defendem que o PT priorize a aliança com legendas ideologicamente mais próximas, como PSB, PDT e PCdoB, ou que já tenham histórico de coligação com o governo —como o PR. Faz sentido, porém é preciso lembrar que essas legendas deram suporte à gestão Kassab, o que só reforça a avaliação de que os cenários políticos locais diferem do panorama nacional. Não se trata, portanto, de uma questão de múltipla escolha, em que há apenas uma resposta correta.

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É compreensível que parte do PT não veja com bons olhos uma aliança com Kassab, já que o partido fez oposição à sua gestão. No entanto, ao mesmo tempo é preciso olhar o cenário sem perder de vista que o interesse maior é vencer as eleições para retomar nossas políticas públicas municipais em São Paulo.

Os governos Lula e Dilma mostraram que receber o apoio de lideranças políticas que antes eram adversárias e hoje sustentam nosso projeto de Brasil não significa a abertura de concessões sobre nossos princípios e objetivos. São, antes, apoios necessários para que esses objetivos sejam alcançados.

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A formação de alianças não é um processo simples. Nesse sentido, o melhor a fazer é tratar a questão como ela é: uma possibilidade de apoio sinalizada por uma liderança política de peso que, com esse movimento, reconhece a qualidade de nosso programa. E só. Rechaçá-la de imediato é ignorar que o PSD já apoia o governo Dilma. Pode significar também a entrada numa disputa eleitoral sempre árdua, mas com menor arco de alianças.

Não podemos correr o risco de perder as eleições antes mesmo de iniciar a campanha. O momento, portanto, demanda cautela, diálogo e respeito às opiniões divergentes. Porque se há uma peça fundamental no tabuleiro político-eleitoral é manter o partido unido. E está em jogo o futuro do projeto do PT em São Paulo.

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José Dirceu, 65, é advogado, ex-ministro da Casa Civil e membro do Diretório Nacional do PT

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