"O partido conquistou a possibilidade de ter essa ambição"
Em entrevista ao PE 247, senador Armando Monteiro (PTB-PE) fala sobre crise ministerial, alianas polticas e se coloca disposio do partido para disputar o Governo de Pernambuco em 2014
Gilberto Prazeres_PE247 – O senador Armando Monteiro Neto (PTB-PE) não esconde de ninguém que aspira concorrer ao Governo do Estado, em 2014. O petebista, que preside regionalmente o seu partido, se vê como um quadro que está colocado em Pernambuco, pelo acúmulo de conquistas pessoais e partidárias que ficaram evidenciadas nas últimas eleições. “O partido conquistou a possibilidade de ter essa ambição”, sintetiza o parlamentar. Porém, ele faz questão de ressaltar que uma candidatura ao comando do Executivo pernambucano precisa levar em consideração condições objetivas capazes de pavimentar esse caminho. “Eu não posso negar que aspiro, que desejo, mas você só pode ter uma candidatura quando construir condições objetivas”, pontua.
Nesta entrevista ao PE247, Armando Monteiro mostra que continua afeito ao estilo aliado crítico, defendendo que a tão aguardada reforma ministerial da presidente Dilma Rousseff (PT), que deverá ser realizada em janeiro, tem que romper com a ideia de “feudos partidários”. “Essa circunstância do chamado presidencialismo de coalizão tem sido muito negativa para o País”, ressalta o petebista, que ainda afirmou que a presidente perdeu a oportunidade de demitir o ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), durante o episódio em que o petebista disse que só sairia do ministério “abatido à bala”. “Desde aquele momento, eu acho que ela deveria ter afastado ele. Porque, quando a autoridade presidencial é desafiada, você não pode permitir”, asseverou.
Confira os tópicos da entrevista concedida pelo senador Armando Monteiro ao PE247:
Carlos Lupi
"Sem querer fazer um juízo definitivo sobre as denúncias em si, sobre a culpa ou não do ministro, é preciso ter elementos probatórios para isso, elementos que eu não disponho, mas eu acho que a presidente perdeu a oportunidade de demiti-lo desde quando ele desafiou a autoridade presidencial. Desde aquele momento, eu acho que ela deveria ter afastado ele. Porque, quando a autoridade presidencial é desafiada, você não pode permitir.
Mas o fato é o seguinte: sendo brincadeira ou não, foi algo mal colocado. E que se traduziu numa ideia de se desafiar a autoridade, dizendo eu não saio daqui, ninguém me tira... Acho que a presidente perdeu a oportunidade de ter feito essa demissão, esse afastamento lá trás. Acho que isso produziu, depois, um desgaste desnecessário, até para a própria presidente. Acho que esse processo se estendeu muito".
Reforma ministerial
"Eu não entro nessa discussão de ver a reforma da ótica dos partidos. Eu não sei se é porque o meu partido não está no governo, ou seja, não tem ministério, que eu não consigo ver por essa ótica. Acho que a presidente precisa fazer uma reforma por uma melhor composição ministerial. Buscar uma melhor equipe. O Brasil precisa de uma boa composição ministerial. Juntar técnicos, pessoas capacitadas que tenham o melhor perfil para as funções. Se for possível fazer isso, atendendo de certa medida a base congressual, ótimo. Mas se não, acho que a presidente precisa pactuar, com os partidos, programas. Não cargos!
Essa circunstância do chamado presidencialismo de coalizão tem sido muito negativa para o País. Essa ideia de feudos partidários, de áreas que são de exclusiva influência de alguns partidos, é muito ruim. Acho que a presidente Dilma está num bom momento, tem um bom capital político, tem uma boa avaliação do seu governo. Estamos entrando num período de dificuldades (econômicas) e precisamos formar a melhor equipe de governo.
Também defendo uma ampla reforma administrativa. Grande enxugamento, reestruturação de ministérios. Isso é desejável. Não podemos ficar com 40 ministérios e essa confusão de barganha. Já existe uma câmara, que foi criada pela presidente, de gestão que está apresentando uma proposta de reestruturação e de reforma da estrutura do governo. Eu sempre defendi uma drástica redução desses cargos DAS - Direção, Chefia e Assessoramento Superiores.
PTB no Governo
"O partido apoiou a candidatura de Serra. Alguns, como eu, tiveram uma postura de independência e apoiamos a presidente Dilma, mas oficialmente o PTB apoiou Serra. O partido ficou sem condições de fazer parte do governo. Agora, num novo governo da presidente Dilma, se ela quiser conta com esse partido que tem integrado a base do governo, tanto na Câmara quanto no Senado, é uma decisão que ela pode tomar. Mas o partido não está reivindicando isso".
João Paulo
"Foram muitas as especulações feitas com declarações que são do deputado Silvio Costa, que são de Silvio Costa. Eu encontro com o deputado João Paulo frequentemente, em Brasília. Nesse dia, os jornalistas (Ricardo) Noblat, o Tales (Faria) estavam lá. Mas eu janto toda semana com João Paulo. Todo mundo sabe que nós temos uma relação muito boa. Agora, eu não acho ideal que eu fique dizendo quem deve ser o candidato do PT (à Prefeitura do Recife no próximo ano). Essa questão é do PT. Não é minha. Imagine se tivesse um debate agora estranho ao PTB, de fora, de quem deveria ser o candidato do PTB. Não acho próprio. Acho que essa questão é o PT quem vai ter que encaminhar e resolver. Agora, nós (PTB) estamos desembaraçados. Temos um grau de liberdade muito grande para escolher o nosso caminho, porque nós saímos do governo do prefeito João da Costa (PT). Faz mais de um ano que nós saímos. Então, nós estamos sem nenhum tipo de compromisso. Se o PT vier a definir-se à respeito de um candidato, o PT vai poder analisar com tranquilidade qual é a melhor opção. E nós temos a prerrogativa de escolher um caminho próprio".
Candidatura majoritária no Recife
"Antônio Luiz Neto é o presidente da executiva do Recife, é um campeão de votos no Recife. Você sabe que a eleição de vereador é a mais difícil que existe. Esse nosso companheiro é campeão de votos há várias eleições, sempre o vereador mais votado no Recife. Além de tudo, tem uma inserção, uma presença com essa coisa do Santa Cruz – é presidente do clube. E ainda tem a qualificação dele, tem uma boa formação. Foi secretário da Prefeitura do Recife, tem uma larga experiência. Foi secretário de Habitação. Então, é um dos nomes que o partido tem. Ele será considerado do mesmo modo que o deputado Silvio Costa Filho, que também tem credenciais, que tem condições de se colocar".
Gestão João da Costa
"Acho que a gestão tem problemas na questão de resultados em algumas áreas, que qualquer avaliação me isenta . Destituída de qualquer caráter mais apaixonado, qualquer avaliação é de que tem áreas que não apresentam bom desempenho. E, quando nós deixamos o governo, dissemos que ele deveria promover uma reforma administrativa ampla. Exatamente para buscar esse melhor desempenho. Temos o compromisso de que a gestão apresente os melhores resultados à cidade. Não temos a visão do quanto pior melhor. O que eu quero, o que sempre desejei é que o Recife, que precisa de uma gestão eficiente, proativa, dinâmica, possa ter essa resposta da administração. E, na minha avaliação, essa resposta tem sido insuficiente".
Conversa com o prefeito
"Não quero fazer esse tipo de avaliação. Eu converso com todo mundo. A civilidade é fundamental. Não conversei com o prefeito João da Costa ainda porque não houve oportunidade, uma iniciativa. Mas isso não significa que eu não possa fazê-la. Eu converso com Pedro Eugênio (presidente regional do PT), converso com o senador Humberto Costa quase todo dia, com João Paulo... Eu tenho boa relação com as lideranças do partido. Vamos conversar com o deputado Fernando Ferro sobre o Cabo de Santo Agostinho. Não há dificuldade de conversar".
Embate entre PMDB e PT
Eu ouvi sobre uma declaração de que se tirarem o Romero Jucá (PMDB-RR), o PMDB deixava a base. São tensões que estão existindo dentro da base, que estão ocorrendo e há essas contradições, essas dificuldades. Eu não acho que a permanência do PMDB está condicionada a esse tipo de coisa, como a liderança. Mas escuto, de alguns peemedebistas, que eles estão numa circunstância diferente. Como eles estão na Vice-Presidência da República, é uma situação de que eles co-governam. Não é um partido que tem uma participação inferior. Eles são co-governantes. Esse é o discurso que eles faziam até há pouco tempo".
Candidatura ao Governo do Estado
"Eu me considero, pelo que eu acumulei, um quadro que está colocado em Pernambuco. Agora, entre isso e uma candidatura mesmo, há uma diferença imensa. Eu não posso negar que aspiro, que desejo, mas você só pode ter uma candidatura quando construir condições objetivas. Nós estamos longe disso. Eu só consigo, por enquanto, olhar 2012. Ou seja, a nossa frente tem dificuldades, tem tensões, então, como vamos ultrapassar essa etapa de 2012. O PTB se preparou, vai ter um grande número de candidatos a prefeito. Eu considero que nós tivemos um bom resultado na eleição de 2010. Você deve lembrar que nós ganhamos, inclusive, a eleição do Recife. Eu fui o senador mais votado no Recife e em 11 municípios da área metropolitana. Dos 14, eu fui o mais votado em 11. Ou seja, aquela visão de que a gente tinha somente inserção no Interior, de repente tivemos um resultado na área metropolitana muito expressivo. Tive 564 mil votos no Recife. Mais, muito mais (que o prefeito João da Costa em 2008). Foram 200 mil votos em Jaboatão. Acho que acumulamos força. Mas, uma candidatura... Primeiro que não existirá uma candidatura do PTB, exclusiva dele. Tem que ter um arco mais amplo, com força. É preciso ampliar isso. Então, resumo: não posso deixar de lhe dizer que o partido tem legitimamente aspirações em relação ao processo futuro. O partido conquistou a possibilidade de ter essa ambição. Agora, uma candidatura ainda tem muito chão para que você possa consolidar. Portanto, estamos apenas olhando, por enquanto, para 2012 e o nosso compromisso com a Frente Popular".
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