Operação da PF sobre emendas intensifica tensão entre Parlamento, Planalto e STF
Busca contra responsável por emendas reacende embate entre Congresso, Supremo e Planalto, com líderes discutindo medidas para frear investigações
247 - A operação da Polícia Federal que teve como alvo a funcionária da Câmara responsável pela distribuição das emendas parlamentares, Mariangela Fialek, conhecida como Tuca, desencadeou uma articulação entre deputados e senadores por uma reação ao Supremo Tribunal Federal (STF) e também ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nos bastidores do Congresso, uma ala de parlamentares avalia que o Planalto poderia estar por trás da ação determinada pelo ministro Flávio Dino.
As informações foram publicadas pela colunista Malu Gaspar, do O Globo. Segundo a reportagem, líderes de todos os partidos foram convocados a retornar a Brasília para uma reunião de emergência na Câmara, na noite de sexta-feira (12), com o objetivo de discutir uma resposta institucional à operação, em meio a uma sequência de atritos recentes entre o Legislativo e o Supremo.
No pedido encaminhado pela Polícia Federal ao ministro Flávio Dino, os investigadores citam relatos de pressão política, envio de planilhas sem identificação de autoria e centralização das decisões sobre a destinação de recursos bilionários das emendas parlamentares, que teriam servido para favorecer interesses do então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), durante o período de consolidação do orçamento secreto.
Embora Arthur Lira não seja alvo direto da operação, ele aparece citado em depoimentos como o principal interessado nas movimentações atribuídas à ex-assessora. Em conversas reservadas, lideranças do Congresso afirmam que uma investigação mais profunda inevitavelmente avançaria sobre ministérios responsáveis pela execução dos pagamentos, já que cabe aos deputados indicar as emendas, mas aos ministérios do governo Lula autorizar e efetivar os repasses.
A interlocutores, Lira sustentou que as planilhas organizadas por Tuca indicariam quem, no governo, autorizou cada envio de recursos, o que, segundo ele, poderia atingir integrantes do primeiro escalão, como a ministra Gleisi Hoffmann, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, entre outros auxiliares do presidente.
Diante do avanço das apurações, deputados passaram a discutir medidas para conter o STF, incluindo o apoio a propostas no Senado que limitam decisões monocráticas da Corte, enquanto o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), tenta conter os ânimos apesar de enfrentar uma crise de liderança e ter pouco espaço político para arrefecer o conflito entre os poderes.
