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    'Oposição precisa de projeto, além de atacar PT'

    Jornalista Mauro Santayanna, um dos mais experientes do País, elenca razões para a necessidade da oposição em ter um "projeto alternativo para o país que vá além da permanente criminalização do Partido dos Trabalhadores", em benefício de sua própria sobrevivência; ele lembra que é o PMDB, e não a oposição, quem governaria o Brasil caso a presidente Dilma deixasse seu cargo; diz que na "remotíssima" chance do impeachment, ele só atingiria a presidente, e não o PT; "sempre sobra um estilhaço para quem joga pedra nos outros e tem telhado de vidro", acrescenta; e a bateria de ataques, pelo exagero, pode levar a população a pensar em conspiração e acabar levando o Planalto a se recuperar, argumenta

    Jornalista Mauro Santayanna, um dos mais experientes do País, elenca razões para a necessidade da oposição em ter um "projeto alternativo para o país que vá além da permanente criminalização do Partido dos Trabalhadores", em benefício de sua própria sobrevivência; ele lembra que é o PMDB, e não a oposição, quem governaria o Brasil caso a presidente Dilma deixasse seu cargo; diz que na "remotíssima" chance do impeachment, ele só atingiria a presidente, e não o PT; "sempre sobra um estilhaço para quem joga pedra nos outros e tem telhado de vidro", acrescenta; e a bateria de ataques, pelo exagero, pode levar a população a pensar em conspiração e acabar levando o Planalto a se recuperar, argumenta (Foto: Gisele Federicce)

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    247 – Um dos mais experientes jornalistas brasileiros, Mauro Santayanna relaciona, em um artigo sobre o atual cenário político, as razões que comprovam a necessidade da oposição em ter um "projeto alternativo para o país que vá além da permanente criminalização do Partido dos Trabalhadores", em benefício de sua própria sobrevivência.

    Ele ressalta que não seria a oposição quem governaria o País caso a presidente Dilma Rousseff deixasse seu cargo, mas sim o PMDB. Santayanna afirma ainda que uma "remotíssima" chance de aprovação de impeachment prejudicaria especificamente a presidente, e não seu partido, o PT.

    Entre os motivos para que a oposição pense em um projeto além dos ataques ao governo, ele cita que "sempre sobra um estilhaço para quem joga pedra nos outros e tem telhado de vidro". Além de que a bateria de ataques, pelo exagero, poderia levar a população a pensar em conspiração e acabar levando o Planalto a se recuperar.

    Leia abaixo a íntegra de seu artigo:

    DE CONFISCOS E DE IMPEACHMENTS

    Anteontem, cerca de 200 pessoas se reuniram na Avenida Paulista, para pedir uma "intervenção" militar, com a derrubada do governo. No Whats Up convocam-se brasileiros para saírem às ruas pelo impeachment da Presidente da República; para que não se abasteça em postos da Petrobras - as multinacionais penhoradamente agradecem - e alerta-se a população para que retire seu dinheiro da CEF, porque o governo vai confiscar o que estiver depositado nas contas de poupança da instituição, que teve um crescimento de mais de 22% em sua carteira de crédito, 7 bilhões de reais em lucro e uma inadimplência de apenas 2.56% em 2014.

    É preciso lembrar que, caso Dilma saia, será o PMDB que continuará a governar o país. O poder não será entregue aos anti-petistas mais radicais ou aos militares como - dentro e fora da internet - defendem alguns.

    Seria o PMDB, e não a oposição, que conduziria uma eventual (cada vez mais distante) reforma política. E ele provavelmente lançaria candidato próprio daqui em 2018.

    Além disso, na remotíssima possibilidade de que fosse aprovado o impeachment da Presidente da República, ele só atingiria a a prória Presidente, e não o PT, como partido.

    Nesse caso, alguém acredita que Lula deixaria de se lançar Presidente, contando com uma militância muitíssimo mais aguerrida pela promulgação - para todos os que votaram em Dilma e no PT- do que seria encarado como um golpe branco?

    A oposição - principalmente a mais preparada - precisa, até mesmo em benefício da democracia, e da sua própria sobrevivência política, construir um projeto alternativo para o país que vá além da permanente criminalização do Partido dos Trabalhadores.

    Primeiro, porque - como se vê por escândalos de outras agremiações políticas, incluído o da Petrobras - sempre sobra um estilhaço para quem joga pedra nos outros e tem telhado de vidro.

    Em segundo lugar, porque a bateria de ataques, constantes, repetitivos, contundentes, que está ocorrendo, a cada dia, a cada hora, sem descanso, pode, pelo exagero, acabar levando a maioria da população a identificar, neles, apenas mais uma espécie de conspiração contra o governo, fazendo com que a popularidade do Palácio do Planalto termine por se recuperar, mais tarde, como ocorreu em outras ocasiões em que a destruição do PT era tida como certa, como nas manifestações de 2013, e no massacre institucional do "mensalão".

    E, finalmente, porque se enganam aqueles que acham que a direita vai reservar lugar, no seu bonde, para eles.

    A direita é, por natureza, radical, impiedosa e excludente.

    Quando ela - ou melhor, o seu extremo - se organizar institucionalmente, seu discurso será claramente fascista, inequívoco, e antidemocrático, o que poderá dificultar certas alianças.

    E ela terá seu próprio projeto, partido e candidato - convenientemente engordados pelo discurso anticomunista e "anti-bolivariano" de agora - para entrar na disputa.

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