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      Palocci, Pimentel e quem mais chegar

      Quem tem boas relações com os governantes é muito valorizado pelo mercado. Para o bem ou para o mal

      Hélio Doyle avatar
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      A situação da presidente Dilma é incômoda mesmo. Seis ministros de seu governo já foram afastados por denúncias e suspeitas de corrupção e mal caiu o último, Carlos Lupi, dois outros estão na fila: Fernando Pimentel, do PT, e Mário Negromonte, do PP. Assim fica difícil governar. Com esses dois, mesmo que sobrevivam no governo, seis partidos da base de apoio ao governo já foram atingidos: PT, PMDB, PR, PCdoB, PDT e PP.

      É óbvio que o problema transcende pessoas e partidos e não é meramente conjuntural. Os ministros que já foram afastados do governo e os que agora estão em foco não fizeram nada muito diferente do que faz, há anos, a maioria dos políticos brasileiros: aproveitar suas funções públicas para arrecadar dinheiro para partidos e campanhas eleitorais e (ou) ganhar dinheiro em benefício próprio. A bem da verdade, não são apenas políticos que fazem isso, mas também juízes, funcionários públicos, militares.

      As fórmulas para viabilizar essa arrecadação são muitas e conhecidas. Onde há dinheiro público, há alguém pensando em como desviá-lo para o próprio bolso ou para financiar eleições. Deputados e senadores, por exemplo, vendem votos, pareceres e suas assinaturas em requerimentos. Recebem de outros políticos – ministros, governadores, prefeitos – que tiram esse dinheiro, naturalmente, dos cofres públicos que administram. E de empresários que conseguem os fundos necessários superfaturando seus contratos com os governos.

      Entre as inúmeras maneiras de roubar o Erário há algumas bem diretas, como licitações dirigidas, e algumas mais sutis, em que o dinheiro público dá algumas voltas antes de chegar aos destinatários. E uma dessas maneiras sutis é a provavelmente utilizada pelo ex-ministro Antônio Palocci e pelo ainda ministro Fernando Pimentel. Formalmente, é consultoria. Informalmente, é tráfico de influência.

      O método é simples, e utilizado também por funcionários públicos que se aproveitam do conhecimento que adquirem no exercício de suas funções e do relacionamento que estabelecem no poder para prestar serviços a empresários desejosos de obter contratos com governos. Pode ser uma atividade lícita, e muitas vezes o é. Mas pode também ser ilícita, ou pelo menos suspeita.

      Já foram descobertos auditores da Receita Federal que periodicamente se afastavam do serviço público, gozando de licenças, para assessorar empresas privadas a burlar o fisco. Ou servidores que, ao mesmo tempo em que exerciam funções públicas, trabalhavam para empresários. Isso não é legítimo. Mas nada impede que um ex-funcionário, cumprida a quarentena, trabalhe para o setor privado. Aí é legítimo.

      Muitos ex-presidentes do Banco Central trabalham na iniciativa privada. Que instituição financeira não quer ter em seus quadros alguém que conheça profundamente o sistema? Ex-ministros também são muito valorizados no mercado. Não só detêm conhecimento e informações como, geralmente, são muito bem relacionados na máquina pública. Pessoas próximas ao poder, ou que apresentam perspectivas de estar no poder, geralmente recebem excelentes propostas de empresários.

      A situação se complica quando esses consultores obtêm seus contratos, geralmente muito acima dos valores de mercado, apenas para traficar sua influência em favor dos empresários e contra os interesses públicos. Por isso não é consultoria, é tráfico de influência.

      Esse é o caso de Palocci e, ao que tudo indica, o de Pimentel. Um ex-prefeito que faz o sucessor é muito bem valorizado no mercado, pois tem influência na prefeitura. Um amigo muito próximo da chefe da Casa Civil que vai ser candidata a presidente, que participa de sua campanha e provavelmente será seu ministro, vale muito, muito mais, pois tem influência no governo federal. Não precisa fazer nada, só pedir que façam pelos seus “clientes”.

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