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Partido da Imprensa assume que é Golpista, mas não diz por que

Por que só quando começaram a atirar esterco contra as fachadas de suas sedes o grupo empresarial dos Marinho resolve fazer esse mea-culpa?

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Desde que o deputado federal pelo PT de Pernambuco Fernando Ferro cunhou a sigla PIG (Partido da Imprensa Golpista) e o jornalista Paulo Henrique Amorim a popularizou – atraindo, assim, o ódio de barões da mídia que, por isso, até hoje tentam destruí-lo -, os veículos que deram causa a esse epíteto aposto ao seu caráter político-partidário, rejeitam-no.

A oposição que Globo, Folha de São Paulo, Estadão e Editora Abril (as cabeças da hidra midiática) sempre fizeram à sigla PIG, porém, nunca se soube se deriva de rejeição à premissa sobre seu caráter partidário ou sobre seu caráter golpista, mas agora se sabe: o PIG não quer ser chamado de PIG por achar – ou por querer vender – que se regenerou e não é mais golpista.

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É isso o que se depreende do rumoroso editorial do jornal O Globo que confessa que, sim, “A verdade é dura, a Rede Globo apoiou a ditadura”.

O editorial, aliás, principia tocando na causa do recente surto de honestidade do império empresarial da família Marinho ao reconhecer que errou ao apoiar o golpe militar de 1964 e, ao longo das duas décadas seguintes, a ditadura que aquele golpe gerou. Já no primeiro parágrafo (abaixo), mostra que os protestos de que a Globo tem sido alvo guardam relação com esse surto.

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Desde as manifestações de junho, um coro voltou às ruas: ‘A verdade é dura, a Globo apoiou a ditadura’. De fato, trata-se de uma verdade, e, também de fato, de uma verdade dura (…)”

A renitência dos protestos diante das sedes da Globo em todo o país pelo visto começa a preocupar o império empresarial, que vem escamoteando vários desses protestos ao seu público. Mas quando os manifestantes começaram a atirar de volta contra os Marinho o excremento que eles atiram contra o telespectador, o ouvinte e o leitor, parece que eles se preocuparam.

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E como o cachimbo faz a boca torta, o mea-culpa da Globo não deixa de começar tentando fazer o leitor de idiota ao negar o que o editorialista mostrou que sabia quando escreveu o texto, que todo mundo perceberia que foram os protestos contra a emissora e seus tentáculos que geraram esse seu “arrependimento” tardio. O trecho abaixo, pois, é revelador.

“(…) Não lamentamos que essa publicação [do mea-culpa] não tenha vindo antes da onda de manifestações, como teria sido possível. Porque as ruas nos deram ainda mais certeza de que a avaliação que se fazia internamente era correta e que o reconhecimento do erro, necessário (…)”

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Uau!, quanta honestidade… Mas não passa de conversa mole. Quanto tempo faz que a Globo se deu conta de que errou ao apoiar a ditadura? Dois meses? Dois anos? Vinte anos? Por que só quando começaram a atirar esterco contra as fachadas de suas sedes o grupo empresarial dos Marinho resolve fazer esse mea-culpa?

A despeito da pretensa humildade da Globo – que, repito, foi forjada pelos que a fustigam nas ruas e na internet, por exemplo contando as suas peripécias tributárias –, o editorial em tela está repleto de distorções eufemísticas e imprecisões históricas.

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Os defeitos do editorial podem ser encontrados já na chamada para o texto na internet: “Apoio editorial ao golpe de 64 foi um erro”. De fato, foi um erro. Não foi, porém, um erro qualquer, pois seus efeitos perduraram por mais de duas décadas e custaram uma quantidade catastrófica de vidas. Só que o Partido da Imprensa Golpista, que a Globo meio que preside, não deu “só” apoio “editorial” ao golpe.

Para entender, reproduzo, abaixo, trecho do editorial que delata alguns dos principais grandes veículos de comunicação da época que, segundo O Globo, “erraram” como esse jornal ao apoiar o estupro da democracia brasileira.

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“(…)O GLOBO, de fato, à época, concordou com a intervenção dos militares, ao lado de outros grandes jornais, como ‘O Estado de S.Paulo’, ‘Folha de S. Paulo’, ‘Jornal do Brasil’ e o ‘Correio da Manhã’, para citar apenas alguns (…)”.

Primeiro que o termo “Intervenção” já não é nem eufemismo, mas estupro dos fatos: não houve “intervenção” alguma, houve golpe de Estado. Segundo, que a delação dos outros veículos golpistas nos faz lembrar que o apoio, além de editorial, foi logístico. A citada Folha de São Paulo, por exemplo, chegou a emprestar carros de entregas de jornais para a ditadura transportar presos políticos de uma masmorra a outra.

Além disso, no caso da Globo em particular há que lembrar que ela apoiou a ditadura até a sua undécima hora.

Entre 1983 e 1984, quando milhões foram às ruas pedindo “Diretas Já”, a Globo continuava cometendo seu “erro editorial” ao simplesmente se negar a noticiar o movimento pela volta da democracia. Por exemplo, noticiou uma manifestação em São Paulo pedindo eleições diretas como sendo “comemoração pelo aniversário da cidade”.

Isso não é apoio editorial, certo? A Globo fez parte da ditadura e essa é deixa para chegar a outro ponto principal do mea-culpa global: por que Roberto Marinho apoiou por duas décadas um regime criminoso, assassino e ladrão?

O editorial caradura diz que “O GLOBO não tem dúvidas de que o apoio a 1964 pareceu aos que dirigiam o jornal e viveram aquele momento a atitude certa, visando ao bem do país”, mas é balela. Roberto Marinho apoiou o golpe e o regime que dele derivou porque os golpistas lhe encheram os bolsos de dinheiro público, assim como os dos veículos comparsas que o jornal carioca delatou no texto.

E não foi dinheiro que o falecido fundador da Globo ganhou simplesmente prestando serviços lícitos e com nota fiscal, mas dinheiro entregue por vias transversas, por debaixo dos panos, sem registro, sem justificativa outra que não a de erigir um império comunicacional que vendesse aos brasileiros o que interessava aos ditadores.

Não poderia terminar este texto, porém, sem tocar em um dos trechos mais bizarros do editorial “arrependido”. A certa altura, o editorialista tenta apresentar Roberto Marinho como protetor de “jornalistas de esquerda” que trabalhavam para si, mas, no âmbito desse intento, faz uma confissão de arrepiar os cabelos.

Diz o editorial:

“(…) Instado algumas vezes a dar a lista dos “comunistas” que trabalhavam no jornal, [Roberto Marinho]sempre se negou, de maneira desafiadora. Ficou famosa a sua frase ao general Juracy Magalhães, ministro da Justiça do presidente Castello Branco: “Cuide de seus comunistas, que eu cuido dos meus’ (…)”.

É de cair o queixo. É confissão de que Roberto Marinho sabia dos horrores que a ditadura praticava e, do alto do poder que auferiu ao apoiá-la, lavou as mãos da sorte dos comunistas “dela” e defendeu os “seus”, como se um reacionário, picareta, genocida, falsário como aquele fosse dono de homens e mulheres heroicos que não venderam suas almas como ele.

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