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Politicamente paranóicos

É comum humoristas como Danilo Gentilli e Rafinha Bastos responsabilizarem o “politicamente correto” pelas críticas às suas piadas. Não passou pela cabeça de ninguém que as piadas tenham sido, simples e unicamente, sem graça?

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O maior prejuízo que o politicamente correto trouxe para a sociedade não foi, com o perdão da redundância, o politicamente correto. O maior prejuízo que o politicamente correto nos trouxe foi, sem dúvidas, a paranóia do politicamente correto. Explico. Assim como o judeu neurastênico e paranóico interpretado e criado por Woody Allen em Annie Hall, os humoristas de hoje em dia vivem sob o escudo paranóico onde, do lado de fora, se lê “politicamente correto”.

Se um humorista tropeça, deve ser porque a pedra “é da patrulha do politicamente correto”. Se um humorista broxa, ao invés de tentar de novo, ele alega que “também, com esse monte de gente politicamente correta por aí”. A paranóia não tem limites. Na última semana um espectador agrediu o humorista Bem Ludmer em um show. O espectador se sentiu ofendido com uma piada e partiu para a agressão. Antes que venham me linchar, eu NÃO ESTOU defendendo a agressão. Passada a explicação, pergunto: vocês leram as manchetes sobre este caso? Dez entre dez delas choramingavam sobre as pessoas politicamente corretas, “a patrulha do politicamente correto” etc. Não passou pela cabeça de ninguém que o sujeito seja só um mal educado violento que não gostou de uma piada feita com ele? Claro que não, é mais fácil botar tudo na conta da paranóia.

E isso cria uma polarização, no mínimo, temerosa. É comum humoristas como Danilo Gentilli e Rafinha Bastos responsabilizarem o “politicamente correto” pelas críticas às suas piadas. Sem querer parecer professoral, mas não passou pela cabeça de ninguém que as piadas tenham sido, simples e unicamente, sem graça? Não? Ninguém? Claro que não. É mais fácil formar um “sindicatinho” paranóico e botar a culpa de todas as agruras do mundo em um vilão só. Não se tem mais o direito de não achar uma piada sem graça. Corre-se o risco de ser pregado em um poste pela Inquisição do Politicamente Correto, com direito a chibatadas, cusparadas e pedradas.

Como foi mais fácil para os americanos culparem os índios, os comunistas, os ETs, os nazistas ou os árabes, é muito mais fácil para alguns humoristas botarem a culpa de toda e qualquer crítica na “patrulha do politicamente correto”. Se uma piada é “politicamente incorreta”, não importa se ela é engraçada. Se você não gostar, é porque você é um conservador de uma figa. Se um humorista der em cima da sua mulher, não faça nada. Deixe de ser politicamente correto e engula o sapo! Se um humorista bater no seu carro, deixe-o ir embora em paz. Por fim, se você for mulher e um humorista quiser te comer, dê pra ele. Se não der ele vai pro Twitter e todos os jornais dizem que você não dá para humoristas porque é politicamente correta. Onde já se viu!

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