Promotor chora por Perillo, mas deixa governo
Ao se despedir da Secretaria do Meio Ambiente, Umberto Machado chorou derramando-se em elogios ao governador de Goiás, de quem os promotores querem distância; sua saída foi decidida pelo MP, comandado por Benedito Torres; informação foi dada em primeira-mão pelo 247
Vassil Oliveira _Goiás 247 – Nesta segunda, 5, muitos promotores comemoravam em silêncio e um, apenas, chorava no meio de uma frase carregada de emoção e elogios durante solenidade oficial que marcou a criação, por decreto, do Parque Estadual do Meia Ponte.
Os que comemoravam, estavam aliviados por ver o Ministério Público de Goiás um pouco mais longe da cozinha do governador Marconi Perillo (PSDB), que agoniza no centro do escândalo envolvendo a Operação Monte Carlo, deflagrada pela Polícia Federal e que, entre outros, prendeu o contraventor Carlinhos Cachoeira.
O único que chorou foi Umberto Machado, que teve de deixar nesta segunda-feira, 5, a Secretaria de Meio Ambiente do Estado por decisão do Conselho Superior do Ministério Público (CSMP), que no dia anterior decidira por seis votos a zero que Umberto deveria retornar à ativa no MP. A informação foi dada em primeira mão pelo Goiás 247 (leia aqui).
O choro de Umberto, logo contido (e que pode ser conferido em reportagem da TV Anhanguera, aqui), ocorreu no meio de uma frase em que ele se derramava em elogios ao governador. “Vim para compor o seu governo por acreditar na sua firmeza de propósito, na sua honestidade... (aqui, o momento do choro)... no seu caráter. E, talvez, em função das questões que todos têm conhecimento também, há uma atmosfera que não corresponde à realidade, e o tempo dirá que o senhor está com a verdade”, afirmou o promotor.
Com o pequeno discurso, Umberto dá o seu veredito sobre as denúncias que pesam sobre Marconi Perillo, que justamente nesta terça viu sua situação ficar mais enrolada com o depoimento do empresário Walter Paulo, dono da Faculdade Padrão e teoricamente o comprador da casa do tucano onde Cachoeira foi preso. Walter apresentou uma terceira versão para a história, que difere da apresentada pelo próprio governador.
Umberto fez mais do que isso. Despediu-se desferindo nos adversários de sua permanência no governo um outro golpe. Ele deu oportunidade a Marconi Perillo de mostrar a natureza de sua nomeação. “Uma pessoa com a sua qualificação e com a sua respeitabilidade, uma pessoa com a sua formação, e principalmente representando a instituição que o senhor representa, sair de um governo tecendo essas considerações é motivo de muito orgulho para quem governa e para quem participa da equipe.”
“Principalmente”, Marconi tinha um promotor que agora o avaliza em sua “firmeza de propósito”, “honestidade” e “no seu caráter”.
Posição bem diversa da representada pelo procurador de Justiça Waldir Lara Cardoso, que pediu ao CSMP que reconsiderasse outra decisão, que permitiu Umberto assumiu por 66 dias o cargo. Na sua argumentação para a volta do colega, ele afirmou não haver “bom senso” na decisão anterior do Ministério Público de dar licença a um de seus integrantes “para ocupar um cargo em um governo que esteja vivendo um momento crítico, marcado por escândalos de abrangência nacional”.
A saída de Umberto era defendida com afinco pelos promotores, seus colegas. Foi, portanto, uma decisão política no sentido da autopreservação. O Ministério Público é alvo de questionamento, entre outros motivos, porque o nome do procurador-geral, Benedito Torres, irmão do senador Demóstenes Torres, aparece em gravações da PF.
Pelo menos um desgaste, este o alívio ao final do dia, está superado.
