Queda de Palocci roda o mundo

Roberta Namour, correspondente Brasil 247 em Paris _ A queda do Antonio Palocci do Ministério da Casa Civil repercutiu nos quatro cantos do mundo. Em suas versões online, os principais jornais internacionais noticiaram a demissão do ministro e a nomeação da senadora Gleisi Hoffmann para o cargo - encerrando o que foi considerado por muitos a primeira grande crise do governo de Dilma Rousseff.

Com o título « Dilma Rousseff perde seu principal ministro, acusado de enriquecimento ilícito », o jornal francês « Le Monde » diz que a presidente brasileira teve seu primeiro revés político, com cinco meses de mandato. « Chamado a se explicar, o sr. Palocci rompeu na sexta-feira um longo silêncio para afirmar que suas atividades eram de origem estritamente pessoal e negou qualquer tráfico de influencia. Mas, ao se recusar a revelar o nome de seus clientes, ele não foi convincente », diz o Le Monde.

Já nos Estados Unidos, o « The New York Times », além de noticiar o caso, faz uma lista de outros escândalos que derrubaram ministros da Casa Civil no Brasil - José Dirceu, Erenice Guerra e Palocci. A atual presidente, como lembra o jornal, foi a única a comandar a pasta no governo Lula e não deixar o cargo.

O espanhol « El País » afirma que Antonio Palocci foi o responsável pelo projeto econômico neoliberal de Lula e que sua partida cria um terremoto político. « De acordo com analistas, a saída de Palocci era inevitável, apesar de isso resultar na maior crise política da sucessora de Luiz Inácio Lula da Silva desde que ela chegou ao poder em janeiro », escreveu El País.

Se a imagem pessoal de Dilma no escândalo foi preservada pelas publicações anteriores, no blog Beyond Brics, do Financial Times, ela é fortemente criticada. Segundo o texto, a saída de Antonio Palocci do cargo deixou a presidente parecendo um « pato manco ». « O principal alvo parece ser ela mesmo, que vinha perdendo capital político por ignorar as demandas do Congresso de maneira considerada arrogante.»